07/06/2025
A cobra entrou no covil das raposas e estava prestes a devorar os filhotes. As raposas se dispersaram correndo, mas uma delas lutou como pôde e defendeu os filhotes sozinha. Mas levou uma mordida venenosa.
Caiu febril, sentindo a dor do veneno rasgar seu corpo por dentro.
As outras raposas não quiseram acolhê-la. Ficaram de longe dizendo:
— Vai embora, nossa irmã!
— Não queremos pegar essa doença que tu tem!
A raposa não chorou. Apenas se afastou, sozinha.
Andando lentamente, arrastando a pata ferida, sem destino, se aventurando em terras estranhas.
A ferida na perna sangrava, mas a ferida que mais doía era a do coração — a dor de ser rejeitada e abandonada pela própria família no momento em que mais precisou.
Mal ela deu as costas, e as raposas irmãs já cochichavam:
— Vai! Nossa irmã vai morrer longe de nós!
Mas ela se manteve viva. Foi parar numa caverna distante.
Por causa do ferimento, perdeu uma das patas — a que foi mordida pela cobra.
E agora não conseguia mais procurar comida sozinha.
Enfrentou dias difíceis na caverna, lutando pela sobrevivência.
Um corvo, que voava até lá às vezes, voltou ao covil das raposas e avisou:
— A irmã de vocês ainda vive. Mas está fraca. Não pode caçar. Perdeu uma das patas.
As raposas ficaram em silêncio. Nenhuma se comprometeu.
Cada uma cuidou de seus próprios interesses, sem dar ouvidos à mensagem do corvo.
— Estou ocupada demais...
— Tenho família pra cuidar...
— Não posso ir até tão longe…
E o corvo voltou para a caverna sem levar ajuda.
Os dias passaram. E a culpa foi crescendo… em silêncio.
Até que um dia, o corvo trouxe a notícia que ninguém queria ouvir:
— A irmã de vocês morreu na caverna… sozinha.
— É duro… não tem quem a enterre. E eu não consigo sozinho.
Dessa vez, ninguém disse nada.
Quem estava comendo deixou o prato de lado.
Quem estava cozinhando largou as panelas.
Houve um grande chororô no covil das raposas…
Um lamento tão grande que, dos céus, os anjos ouviram.
Mas… já era tarde.
Todas partir