12/11/2025
Nos últimos tempos, parece que virou febre mostrar a rotina da empresa na qual se trabalha ou compartilhar as conquistas profissionais do dia a dia, fazendo vídeos para o Instagram e outras redes sociais. Contudo essa exposição, na forma até de opiniões sobre determinado assunto polêmico ou não, pode ter implicações legais até extremas, algo que afeta não só os trabalhadores, mas também os empregadores, pois muitos não sabem o que é realmente permitido mostrar ou falar e quais as consequências de ações como essas.
Diário moderno
Para Carla Martins, especialista em gestão de pessoas e vice-presidente do Serac, referência nacional nas áreas contábil, fiscal, consultiva e em tecnologia, há diversas razões para a popularidade do compartilhamento da rotina profissional. “Culturalmente, o Instagram virou uma vitrine tanto para clientes quanto para você mostrar um pouco da sua vida, semelhante a um diário moderno. Se você ganhou um prêmio da empresa, por exemplo, e postar no LinkedIn, isso pode gerar alguma visibilidade ou uma nova oportunidade”, avalia.
Networking virtual
Carla afirma que ações consistentes e intencionais nas redes sociais como postar, curtir, comentar e compartilhar também aumentam a visibilidade do colaborador. “Isso pode gerar mais reconhecimento dos líderes. É uma forma eficaz de ‘networking virtual’ que pode aproximar o colaborador da liderança e abrir portas. Isso já aconteceu aqui no Serac e quem não era notado foi percebido, recebendo outras oportunidades. As redes sociais também servem como uma ferramenta de recrutamento e seleção, atraindo futuros colaboradores que se identificam com a cultura da empresa. Os clientes também veem isso com bons olhos”, analisa.
Regras da empresa
Por outro lado, como as empresas costumam monitorar as postagens de seus colaboradores, o profissional deve ficar atento ao que posta: “O colaborador deve estar ciente das regras da empresa sobre o acesso e o uso das redes sociais. Não deve postar dados sensíveis de clientes, mesmo sem querer, expondo em vídeos telas com informações confidenciais da empresa ou que mostrem conteúdo sigiloso. Outro aspecto é o limite de tempo dedicado à postagem em si. Longos períodos de uso pessoal de redes sociais no horário de trabalho podem ser problemáticos”, adverte.
Postagens políticas
A especialista afirma que a postagem política entra no mesmo raciocínio da intenção que a pessoa tem ao fazer o exemplo anterior de postagem. “Como as redes sociais são uma parte pública, então todo mundo pode ver qual vai ser o impacto positivo ou negativo de postar a sua opinião, tanto sobre política, quanto religião, futebol ou falar mal de alguém. Isso pode ser bom ou não para a imagem do colaborador”, aponta.
Conscientização contínua
Por isso, o papel das empresas é fundamental também na minimização de riscos: “É preciso que elas tenham uma comunicação clara. O óbvio precisa ser dito e, preferencialmente, escrito. Elas precisam ter um manual de convivência ou regulamento interno que os colaboradores assinem. O treinamento também é necessário, as empresas precisam orientar verbalmente sobre os limites e a cultura interna. E deve haver a conscientização contínua com comunicações em grupo, pela intranet e em momentos dedicados a isso”, orienta.
Bom senso e ética
As implicações para o descumprimento das regras podem variar: “Vão desde advertências até a demissão por justa causa em casos mais graves de exposição de dados sensíveis ou difamação. Podem ocorrer processos trabalhistas ou até cíveis. Por isso, reflita antes de fazer qualquer postagem. Se é positiva para o colaborador ou para a empresa e feita com constância e intencionalidade, ela pode gerar reconhecimento e oportunidades de carreira. Por isso, o bom senso e a ética são fundamentais”, conclui.