17/07/2025
Talvez um dia eu me esqueça.
Dos nomes.
Dos lugares.
Dos porquês.
Talvez minhas mãos não saibam mais onde pousar,
e meus olhos vagueiem por rostos familiares
sem encontrar abrigo no reconhecimento.
Talvez eu não saiba mais quem sou.
Mas ainda assim, terá valido a pena ser.
Porque a história que vivemos não depende só da memória.
Ela mora nos outros.
Mora em quem ouviu meu riso e se sentiu mais leve.
Em quem chorou comigo e se sentiu menos só.
Em quem eu toquei com presença, com cuidado, com verdade.
Se um dia a lembrança me abandonar,
espero que o amor que dei ainda permaneça.
Porque ele não se apaga.
E quando já não puder contar a minha própria história,
que ela continue sendo contada
por quem fui abrigo,
por quem fui passagem,
por quem me amou —
mesmo quando eu já não soubesse mais o que era amor.
É por isso que vale a pena viver com inteireza.
Porque mesmo quando tudo se desfaz,
a parte de nós que se fez amor
permanece.
E essa parte…
essa parte ninguém esquece.
Quando não pudermos mais lembrar