18/09/2025
O amor existe ou não?
Olá amigo/a, tudo bem? Faz muito tempo que a gente não conversa, então, se não se importa, puxa esse ralo aí e vamos conversar, hoje o papo promete ser muito interessante, pois é sobre um sentimento que tem provocado e levantado muitas inquietações face às realidades de hoje em dia, estou a falar do "amor" e ele existe ou não? Vem comigo nesta maratona para juntos aprendermos, eu aqui é você aí também com as suas ideias.
Falar de amor é como tentar segurar água nas mãos: quanto mais queremos explicar, mais percebemos que ele escapa entre os dedos. Ainda assim, é impossível negar que a humanidade gira em torno dessa palavra. Uns acreditam que o amor é apenas uma invenção cultural, uma forma de dar sentido às nossas emoções. Outros dizem que é uma força universal, que existe para além do tempo, das culturas e até das religiões.
Na filosofia antiga, Platão dizia que o amor é uma busca daquilo que nos falta, uma tentativa de alcançar a completude. Em contraste, pensadores modernos como Erich Fromm recordam-nos que o amor não é apenas sentir, mas um ato consciente: exige disciplina, dedicação e responsabilidade. Não é apenas paixão que arde, mas também cuidado que permanece.
As religiões também procuram dar respostas. Para o cristianismo, “Deus é amor” (1 João 4:8), sugerindo que o amor não é apenas uma emoção humana, mas a própria essência divina. No budismo, fala-se em metta, uma compaixão universal que transcende o “eu” e se dirige a todos os seres vivos. No Islão, um dos nomes de Deus é Al-Wadud, “O Amoroso”, mostrando que amar está no próprio coração do divino. Mesmo nas tradições africanas, encontramos a ideia de comunidade, solidariedade e união, o "Ubuntu", que significa “eu sou porque nós somos”, lembra-nos que o amor se manifesta na ligação entre pessoas.
Então, afinal, o amor existe ou não? Se procurarmos algo físico, que se possa medir, talvez digamos que não. Mas basta olhar ao redor para percebermos a sua presença: no sacrifício silencioso de uma mãe, na mão que se estende ao necessitado, no perdão que reconstrói amizades, na esperança que insiste mesmo em tempos de dor.
O amor não é perfeito nem fácil. Ele também é contraditório: pode ferir, exigir renúncia, pedir paciência. Talvez por isso muitos duvidem da sua existência, porque esperam que ele seja sempre leve e sem falhas. Mas o amor verdadeiro não se mostra apenas nos momentos de prazer; ele revela-se, sobretudo, na capacidade de permanecer quando seria mais fácil desistir.
Na minha visão, conclui que o amor existe sim, mas não como uma coisa que se prova cientificamente. Ele existe como uma experiência viva, que se concretiza quando escolhemos cuidar, perdoar, partilhar. O amor é tanto uma emoção quanto uma decisão. E é talvez a única força que, atravessando culturas, filosofias e religiões, continua a dizer à humanidade: “vale a pena existir”.
— Mano Nelo EA, 2025
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Fontes das citações ao longo do texto:
— Platão. (2002). O Banquete. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
— Fromm, E. (2000). A arte de amar. São Paulo: Martins Fontes.
— Bíblia Sagrada. (Almeida Revista e Atualizada). 1 João 4:8; 1 Coríntios 13:4-7; Mateus 6:5-6.
— Rahula, W. (1997). O que o Buda ensinou. Lisboa: Edições 70. (sobre metta, compaixão budista).
— Nasr, S. H. (2003). O coração do Islão: valores duradouros para a humanidade. Lisboa: Publicações Europa-América.
— Mbiti, J. S. (1990). Religions and Philosophy in Africa. Oxford: Heinemann. (sobre o conceito de Ubuntu e religiosidade africana).