Vidas Alternativas Portugal - Brasil

Vidas Alternativas Portugal - Brasil Desde 2013,
OBJECTO SOCIAL: Lutar por uma sociedade cosmopolita e diversif**ada, em igualdade de opo

A NOSSA HISTÓRIA

O projecto de rádio " VIDAS ALTERNATIVAS " começou há 22 anos na Rádio VOXX, com transmissão em directo. Éramos quatro inicialmente, agora somos dois, eu António Serzedelo e o Miguel Rodeia. O programa tem como lema: "UM PROGRAMA MUITO POUCO CATÓLICO, PARA TODOS OS PROTESTANTES SOCIAIS". Como dizíamos coisas fortes, por vezes incómodas a muita gente, um destacado membro do partid

o CDS comprou a rádio, fechando-a numa semana com o intuito de nos calar. O programa foi então para a Rádio Seixal que nos acolheu durante um ano, tendo passado a ser transmitido através sítio na internet:
WWW.VIDASALTERNATIVAS.ORG
Sítio este, que já sofreu três ciber-ataques três vezes por hackers fascistas e duas vezes por portugueses. António Serzedelo
+info in : https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Serzedelo

Um tempo histórico turbilhonante numa investigação não menos fulgurante Mário Beja Santos Maria Inácia Rezola é uma hist...
04/12/2025

Um tempo histórico turbilhonante numa investigação não menos fulgurante

Mário Beja Santos

Maria Inácia Rezola é uma historiadora com créditos firmados da história contemporânea portuguesa, foi Comissária Executiva das Comemorações dos 50 anos do 25 de abril. Esta obra, Revolução, A Construção da Democracia Portuguesa, Publicações Dom Quixote, novembro 2025, tem como ponto de partida um outro não menos excelente trabalho, datado de 2007, 25 de Abril – Mitos de uma Revolução.
Na introdução, e não por acaso, alude aos eventos do 25 de novembro, uma memória em disputa, marca uma fratura dos partidos políticos da esquerda à direita, cada um lê de acordo com as suas conveniências, como ela detalhará adiante houve mais do que um 25 de novembro, no evento estiveram envolvidos apoiantes do “Grupo dos 9”, com interlocução perto do PS, a esquerda revolucionária, com atividade otelista (COPCON), dos SUV, da FUR, com presença esporádica do P*P, que terá saído das manobras do golpe a tempo e horas; poderá falar-se também dos spinolistas e da direita, em convergência com os grupos bombistas, associados ou não ao ELP e MDLP. Esta intervenção, conjugada ou desarticulada, entre spinolistas e bombistas, não aparece ainda devidamente estudada.
A autora procura oferecer uma síntese atualidade da Revolução dos Cravos. “Recorre não apenas à produção já consolidada da historiografia, mas também a investigações e publicações que, nos últimos anos, enriqueceram o conhecimento sobre os contextos, os protagonistas e as dinâmicas do processo revolucionário e a história do nascimento da democracia portuguesa. Procura cruzar diferentes perspetivas – a história política e institucional, a história militar e a história social -, sublinhando o entrelaçamento entre decisões tomadas no interior das elites e a mobilização dos setores populares e movimentos sociais.” Uma investigação repartida em três módulos: a conspiração dos capitães e a passagem dos quartéis à revolução; a imersão na energia popular de um país frenético, convulsionado; a itinerância da revolução à constitucionalização da ordem democrática. Observam-se os conflitos políticos, sociais e ideológicos que marcaram o percurso entre abril de 1974 e julho de 1976.
Ponto um, tudo começa com um caetanismo caído num impasse, a ilusão liberal desvanecera-se, caminhava-se para a exaustão dos meios e dos recursos nas frentes da guerra colonial, a juventude universitária agitava-se, faziam-se greves, havia novas organizações da extrema-esquerda, uma ala do catolicismo contestava a guerra colonial, desde maio de 1973 que o PAIGC anulara a supremacia aérea portuguesa e dava provas inequívocas de ser um movimento libertador quem tomava a iniciativa ofensiva; e as coisas estavam a correr muito mal em Moçambique, a FRELIMO atuava perto da Beira, a crise petrolífera de 1973 fazia explodir os preços; as reivindicações corporativas dos oficiais do quadro permanente abriram um ciclo de reuniões e em breve os militares puseram o foco no derrube do regime. Tudo somado e multiplicado, pôs-se em marcha a Operação “Viragem Histórica”.
Ponto segundo, a historiadora desenha ao detalhe o processo conspirativo, a importância do livro de Spínola na evolução dos acontecimentos, o estabelecimento de um programa por parte dos capitães, iremos ver os momentos-chave do dia 25 de abril, do golpe desponta um conjunto de órgãos de soberania, cedo começa o conflito entre Spínola e as fações do MFA, forma-se Governo, cai Governo, Spínola perde autoridade, a questão colonial está permanentemente no ar, Spínola joga na mobilização popular e perde, demite-se; há disputas no MFA, germina o processo revolucionário, segue-se o 11 de março, a revolução vira notoriamente à esquerda, é nesta atmosfera que se realizam as eleições de 25 de abril de 1975, a autora apresenta-nos as forças partidárias, o carácter das negociações prévias com o MFA, a rotura acelera-se depois dos resultados eleitorais, os conflitos entre militares ganham aceleração, o poder popular manifesta-se em ocupações, comissões dos moradores, radicalização e greves, reforma agrária, a esquerda revolucionária instala-se nos quartéis – não há equívocos quanto à dimensão da crise do Estado, é um país onde a guerra civil está à espreita.
A autora recorda-nos que em agosto de 1975 a revolução parecia ter atingido o seu clímax, sucedia-se a crise política, a fragmentação do MFA a tensão social era iniludível. Em setembro, uma assembleia do MFA em Tancos, contesta abertamente Vasco Gonçalves, impõe-se o “Grupo dos 9” que tem à cabeça um ideólogo, Melo Antunes. Do verão escaldante passamos a um outono escaldante. E dá-se o 25 de novembro, é aqui que a autora questiona quantos golpes de 25 de novembro existiram; e em remate da derrota da extrema-esquerda militar reconhece-se o papel determinante do general Costa Gomes, da sua atuação firme e categórica, do posicionamento do “Grupo dos 9” após o desabamento de qualquer golpe revolucionário, travou-se a sanha revanchista da extrema-direita militar e política. Spínola pôs termo à sua rede bombista e conspirativa.
Ponto terceiro, chegou a hora da institucionalização da ordem democrática. A revisão do pacto MFA- Partidos e qual o papel das forças armadas na vida política tornou-se na questão dominante, o pacto foi revisto, a historiadora dá-nos conta das negociações e da multiplicidade de tomadas de decisão até se chegar a um Conselho de Revolução que obteve consenso partidário, chegou-se ao II Pacto MFA- Partidos, enquanto tudo isso se passava surgiu a tensão À volta do reconhecimento da República Popular de Angola. A Constituição é aprovada em 2 de abril de 1976, seguir-se-ão as primeiras eleições legislativas. Aqui se conta como se forjaram as primeiras eleições legislativas, seguem-se as eleições presidenciais. Estava encerrada a fase revolucionária, abria-se a porta à institucionalização da democracia portuguesa.
Em jeito de conclusão, a autora recapitula os principais acontecimentos entre o 25 de abril e o 25 de novembro e dirá que o grande mérito do 25 de novembro foi o de ter criado as condições para assegurar um desfecho democrático da Revolução, a Constituição foi alvo de um compromisso delicado, mas que, na prática, consagrava a supremacia do poder civil sobre o militar. “O balanço da revolução não se esgota no período 1974-1976: prolonga-se nos usos políticos e culturais que moldaram a memória pública. O Portugal democrático construiu-se sobre a tensão entre estes dois marcos, 25 de abril e 25 de novembro, não como datas opostas, mas como momentos complementares. Permanece a herança maior: a conquista irreversível da liberdade e a institucionalização de uma democracia pluralista.”
Ensaio de historiografia mais do que recomendado, dá-nos a compreensão de como se consolidou meio século de paz na vida portuguesa, como nunca tinha acontecido.

Se o público não pode vir ao museu, o museu entra em casa do público Mário Beja Santos O ensaio de Emília Ferreira, hist...
04/12/2025

Se o público não pode vir ao museu, o museu entra em casa do público

Mário Beja Santos

O ensaio de Emília Ferreira, historiadora de arte entre dezembro de 2017 e fevereiro de 2025, dirigiu o Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC), é uma história de assertividade em tempos de Covid-19 e confinamento, o país em casa, mas este museu manteve-se online, disponibilizando conteúdos numa nova e bem-sucedida estratégia de coligação. Assim nasceu Quando o museu fechou, Fundação Francisco Manuel dos Santos, maio 2025.
Não entendo muito bem porque nos mantemos silenciosos sem contar as nossas histórias em tempos tão calamitosos como os que vivemos em 2020 e 2021. Houve instituições que ofereceram uma inusitada companhia a quem estava confinado. Guardo o remorso de ainda não ter enviado uma carta de gratidão para o Metropolitan Opera House, de Nova Iorque, todas as noites tínhamos direito a um espetáculo gratuito do soberbo arquivo desta lendária sala de espetáculos nos Estados Unidos, récitas de sonho, uma deslumbrante companhia para quem não devia sair de casa; e outras famosas casas de ópera também abriram os seus tesouros ao público, não faltou solidariedade, é bom não esquecer como se reinventaram laços nesse tenebroso período.
O que nos conta Emília Ferreira? Passado o choque inicial, uma equipa pôs-se em movimento, organizaram-se conteúdos, deram-se aulas de desenho através do Youtube, deram-se informações sobre obras e artistas da coleção do MNAC, entre outras iniciativas. “Passar do real para o digital não foi um caminho fácil ou óbvio.” E quando se lançaram iniciativas ninguém sabia o tempo do confinamento nem muito menos que iríamos atravessar dois confinamentos. Naquele ano de 2020, inspirados numa das exposições, intitulada Sarah Affonso: Os Dias das Pequenas Coisas criou-se um diário online com o nome de Diário das Pequenas Coisas; apareceu também o Diário de Dilemas Quotidianos. E assim arrancaram formas de convívio num total de 137 dias. A autora dá-nos uma narrativa entusiasta do que se pôs em marcha, o que pedia o serviço educativo, como se utilizou a página do Facebook, como se foi adaptando a linguagem, a opção de conteúdos. É nos apresentado o MNAC, nascido em 1911, ficou instalado numa parte do antigo Convento de São Francisco da Cidade, e começou-se a falar das obras da coleção, das histórias que acompanham as obras, criou-se mesmo um glossário que era semanalmente publicado, em que se esclarecia o que em arte quer dizer quando falamos de abstração, assemblagem, instalação, performance, ready-made ou suporte, fizeram-se pequenos filmes, preparou-se a interação, mostrou-se o interior e o funcionamento do MNAC.
A missão parecia dada por acabada com o fim do primeiro confinamento, o de 2020, depois anunciou-se o segundo confinamento, em janeiro do ano seguinte, o número de seguidores online não parava de crescer, houve que desdobrar as atividades, os projetos. Lançou-se o desafio de um programa para a academia, via Youtube, um ciclo de conferências, rubricas com entrevistas de ativistas, os seus depoimentos, contou-se a história do bairro, o Chiado cultural e elegante, o Facebook ia possibilitando a publicação e a antecipada comunicação dos conteúdos. Foram enviados convites para as revistas, houve grande adesão, de 1 de fevereiro até ao outono de 2021 publicaram-se 180 depoimentos de artistas contemporâneos. Se havia o Fungagá da Bicharada, programa para crianças desenvolvido por Júlio Isidro, em sua homenagem criou-se o Fungagá das Artes, concebido como uma programação específ**a pensada para crianças e jovens, ofereciam-se vários jogos e cursos de desenho. O curso foi coordenado por Nelson Ferreira, resultou em cheio, o auditório crescia, contou-se a história de uma das mais famosas pinturas portuguesas, o Grupo do Leão, pintado por Columbano Bordalo Pinheiro. “Um dos propósitos de trabalhar o Grupo do Leão fora o de abordar o tema da relação. Os amigos à mesa, trocando ideias e gizando planos. Sendo essa uma das coisas simples que nos estava então vedada, o assunto tornava-se aliciante por si mesmo. Dar informações sobre o artista e quem o acompanhava nessa pintura apresentou o autor e os seus amigos, que frequentavam a cervejaria Leão d’Ouro, para a qual a pintura foi originalmente criada. À mesa do Leão d’Ouro, Columbano representara o seu clube de amigos pintores. Eram todos mais ou menos da mesma idade. Mas e os nossos seguidores? Quem representariam? Lembrámos que, dada a liberdade do desenho, podiam convidar para essa mesa toda a gente, independentemente da idade, género, nacionalidade, profissão, cor de pele, religião, etc. Depois pedimos que enviassem os desenhos para o MNAC, porque queríamos preparar-lhes uma surpresa que já teria lugar no museu.”
Um dia, findo o segundo confinamento, na reabertura do museu criou-se uma exposição com os trabalhos inspirados no Grupo do Leão. Muitos dos miúdos que apresentaram os seus desenhos queriam conhecer o Nelson, adoraram falar com ele, afinal no online pode haver um milagre de relação humana.
Há muitas razões para ler esta obra de empenho e dádiva profissional, e tomar nota das conclusões da autora. Digitalizar não basta, diz ela. É preciso fazer muito mais no sentido do estudo, da divulgação das coleções, da educação e fruição pública. O Serviço Educativo de um museu é o eixo da comunicação científ**a da instituição para o exterior. Incompreensivelmente, em Portugal continua a sofrer de desinvestimento. O mesmo se aplica à comunicação, sendo necessária e urgente a formação de equipas com competências técnicas específ**as. No MNAC, o que ficou daquele tempo? Nas redes sociais, uma linguagem direta e próxima. Isso não voltou atrás. E f**amos felizes quando alguém nos escreve para dizer que gosta de nos seguir no Facebook. Que mais nos ficou? O desejo de maior proficiência e abrangência.
Os números falam por si, passou-se de 5 mil para 130 mil seguidores, chegou-se a pessoas em todo o mundo que se puseram a desenhar. Porquê contar esta história? Com a poeira assente, feitos os balanços com a cabeça fria, o que aqui se conta é que a presença online de um museu, mesmo decorrente de uma situação verdadeiramente excecional, pode contribuir para reinventar metodologias, linguagens e recursos, alargar públicos, aproximar os artistas do público, tornar a visita aos museus, às suas coleções e exposições, um acontecimento para as nossas vidas, sabendo de antemão que quer pelo online quer pela digressão pelo museu f**amos melhores, mais livres.

Um conhecido jornalista burguês elogia o comunismo, é sincero, mas não convenceMário Beja Santos  Portugal dá um Preside...
04/12/2025

Um conhecido jornalista burguês elogia o comunismo, é sincero, mas não convence

Mário Beja Santos

Portugal dá um Presidente ao Conselho Europeu, tem permanentemente medalhados olímpicos, pensadores de relevo como António Damásio, mas é de uma pobreza franciscana quanto a pensamento político, não há na praça um teórico de que se possa fazer menção, sem desprimor para figuras como Francisco Louçã ou o saudoso Eduardo Lourenço. Como propostas de renovação de teoria política, estamos entre a nulidade e os comentadeiros.
É meritório, digo mesmo corajoso, um jornalista com avultado currículo, escrever um livro para elogiar as suas convicções, ainda por cima dizendo-se comunista de pedra e cal. Regresso ao primeiro parágrafo. O país progrediu muito com a democracia, mas é assustadoramente pobre não só em filosofia política, como na apresentação dos quadros ideológicos, por via partidária, estejam eles ou não relacionados com o trotskismo, o maoismo, as diferentes estirpes da esquerda revolucionária, o marxismo-leninismo tal como se praticou de 1917 a 1989 e os seus adjacentes atuais, a social-democracia (vestindo a roupagem do socialismo democrático ou do histórico trabalhismo norueguês ou sueco), as doutrinas conservadoras que têm o desplante de se apresentarem como sociais-democratas, o conservadorismo-liberal, o liberalismo de recente extração e a doutrinação populista que copia fielmente o que se exprime em vários continentes, com as consagradas cambiantes de racismo, xenofobia, discurso do ódio, algazarra comunicacional para camuflar os seus verdadeiros intentos.
Porque sou Comunista, por Pedro Tadeu, Confissões de um jornalista burguês, Zigurate, 2025, traz curiosamente uma badana que é um chamariz sobre possíveis respostas que o autor, profundo crente do comunismo, pretende abordar: a humanidade precisa de religião? O culto da personalidade é um perigo? Nunca houve fascismo em Portugal? O wokismo é um absurdo? Um jornalista pode ser comunista? Os crimes do comunismo existiram? O 25 de novembro deve ser celebrado? O mundo é péssimo, mas não há alternativa? Ora com estes aliciantes não há leitor que não resista em embrenhar-se num manifesto ideológico que já cativou meio mundo e que hoje é manifestamente residual, passe o paraninfo que ele nos vai reservar nesta obra.
O que Pedro Tadeu nos pretende dar não é a validação das teorias do marxismo-leninismo para o século XXI, diz mesmo que podia correr o risco de produzir uma vulgata de má qualidade. Coligiu uma série de textos que já tinha escrito, dispersos em artigos de opinião e publicados em jornais, bem como em palestras e intervenções públicas e propõe-se dar 26 respostas que vão desde a religião, passando pela Festa do Avante!, pelo antifascismo e pela recusa do despotismo norte-americano, exprimindo calorosamente a defesa acérrima ao Serviço Nacional de Saúde; e mais, os comunistas têm uma alternativa, iremos saber qual.
Diz-se embaraçado pelo assunto da religião, não tem fé e não pode entender quaisquer manifestações de fé, f**a caladinho. Revela que perdeu o pai aos 9 anos, nesse dia deixou de acreditar em Deus. Espero que alguém que já tenha lido o seu livro lhe tenha explicado o que é a fé, a esperança e a caridade, invocada perante as câmaras da televisão, pelos palestinianos massacrados em Gaza, os sudaneses assassinados, os cristãos aviltados e queimados no Iraque ou no Paquistão. Afinal não f**a caladinho, dirá que a religião deve estar cada vez mais limitada às questões do transcendente e ser substituída pelo dever coletivo de regular corretamente a nossa vida, isto a despeito de elogiar o Papa Francisco e a suas encíclicas que não estão nada limitadas às questões do transcendente.
Irá falar-nos das liberdades burguesas e dirá que a palavra liberdade, para os comunistas tem um sentido verdadeiramente libertador e não apenas o de uma falácia legitimadora do pensamento dominante das elites políticas e económicas. Ponto curioso, ao longo de todo o seu elogio revela um grande alheamento às transformações provocadas por aquela sociedade de consumo oriunda do pós-guerra em que houve Guerra Fria, os soviéticos a exaltar a satisfação das necessidades básicas e coletivas e o mundo ocidental, com o farol nos EUA, a exaltar a livre iniciativa, o crescimento e o bem-estar adveniente das panóplias do consumo. Goste-se ou não, mesmo nos regimes oligárquicos ou teocráticos os princípios da livre iniciativa, da criatividade e da liberdade de opinião, podem ser reprimidos, mas acabam sempre por se impor, veja-se as obras clandestinas do cinema ou da literatura.
Voltamos à sociedade de consumo e aos sucessivos saltos tecnológicos. Em 1973, Daniel Bell publicou uma obra altamente polémica, O advento da sociedade pós-industrial, teorizava o fim do predomínio agrário e industrial e a ascensão imparável do terciário, com todas as suas consequências, uma delas a alteração das classes trabalhadoras e das suas necessidades. Como se viu, Daniel Bell foi mais do que um profeta na sua antevisão, é nesse mundo em que vivemos. Pedro Tadeu desvela-se a mostrar como funciona o P*P, como este é discriminado, e não só nos meios de comunicação social, falará do machismo, do feminismo, do wokismo, comentará as razões pelas quais os comunistas são contra as guerras, embora adiante que para um comunista a história humana é fundamentalmente resultado do confronto permanente das contradições e das lutas de classes sociais, observando que isso do consenso é credo dos donos do sistema, os consensos são congeminados pelas elites e nas costas dos trabalhadores.
Para além de manifestar o seu orgulho de comunista, de vez em quando aborda a superioridade dos comunistas, mesmo com pezinhos de lã: “Os horizontes de um intelectual comunista, independentemente dos seus interesses pessoais, das suas capacidades, do seu talento, da sua erudição, das suas relações, são necessariamente largos e, atrevo-me a dizê-lo, quase sempre mais largos do que os dos intelectuais não-comunistas.”
Iremos saber o que Pedro Tadeu tem a dizer sobre a luta de classes, a organização de greves, a exuberância sem rival da Festa do Avante!, a relutância que têm ao culto da personalidade, porque admiram a Revolução de Outubro, porque são antifascistas, celebram o 25 de abril e não celebram o 25 de novembro… até que finalmente os comunistas, que anseiam transformar o mundo, têm uma alternativa, e di-lo sem rebuço: “Criar uma sociedade onde os meios de produção não são, à partida, privados, mas um bem comum da população, e onde o poder que os governara é dominado ou controlado pela classe trabalhadora.” Porque será que esta alternativa não é referendada pela generalidade do eleitorado? Bem, o Pedro Tadeu não escreveu este livro para teorizar e esboçar a alternativa, é humilde e não se quer meter em cavalarias altas. Dá para perguntar o que nos pretende confessar este jornalista dito burguês.

Um sobrinho de Mario Soares vota e aposta no PSD.é  mandatario de Mendes e publicita a sua atitude.O voto é livre! . Ten...
05/11/2025

Um sobrinho de Mario Soares vota e aposta no PSD.é mandatario de Mendes e publicita a sua atitude.

O voto é livre! .

Tenho pena " mudam se os tempps ,mudam se as vontades"como diz o poeta e compreendo o.A nivel de familia Soares nao imagino como será isso aceite ....
Nao estamos numa Monarquia, nem numa familia real,embora essa decisão possa custar engolir sobretudo aos familiares próximos...!

Eduardo Barroso, médico, sobrinho de Mário Soares e mandatário de Mendes por Lisboa, diz que vai procurar convencer muitos "fiéis eleitores do PS" de que não estarão a "trair" a sua ideologia por votarem no candidato que o PSD apoia: "É um democrata e cumpridor da Constituição, isso basta"....

04/11/2025

A saude em colapso, crise na habitacao, na saude,inflacao alta, salarios baixos,cada vez e' mais dificil a vida do Povo e a preocupacao do
Governo,e' sobretudo os imigrantes e a meia duzia de burcas de algumas mulheres orientais que nao fazem mal a ninguem.

Entre as doenças da criança, falemos da amigdaliteMário Beja SantosÉ vasto o universo de doenças no mundo juvenil, basta...
07/09/2025

Entre as doenças da criança, falemos da amigdalite

Mário Beja Santos
É vasto o universo de doenças no mundo juvenil, basta pensar na prevenção das queimaduras solares, na fragilidade à flor da pele, na necessidade de só usar antibióticos sob subscrição médica, como ajudar a criança com dermatite atópica, a doença celíaca, a
problemática da vacinação, o bebé com cólicas, a febre, as intolerâncias alimentares, a amigdalite, vamos hoje ver os aspetos mais signif**ativos.
A amigdalite é um dos problemas mais comuns na infância. Esta inflamação das amígdalas pode ser de origem viral ou bacteriana (estima-se que apenas 15 a 30% dos casos correspondam a amigdalites de origem bacteriana), a amigdalite em si não é contagiosa; no entanto, as infeções que lhe dão origem são, ou seja, podem ser transmitidas de pessoas a pessoa, através do contacto com as secreções respiratórias da pessoa infetada.
Pode ocorrer em qualquer idade, é, todavia, mais comum entre as crianças, devido à imaturidade do seu sistema imunitário, aliada ao facto de a maioria delas frequentar creches e infantários, locais que facilitam o contágio. No caso da amigdalite de origem bacteriana,
quando não tratada, podem surgir complicações, como a febre reumática.
Manifesta-se pelo inchaço das amígdalas, pela dor intensa, pela dificuldade em deglutir, pode aparecer febre e também inchaço dos gânglios linfáticos localizados no pescoço e ainda
verif**ar-se a presença de pus sobre as amígdalas. Como se referiu, os vírus são os principais responsáveis, caso do vírus da gripe. A amigdalite de origem bacteriana decorre a partir de infeções por estreptococos, poderá exigir-se tratamento à base de antibióticos. Se a criança apresentar, para além da dor de garganta, rinite, tosse, entre outros sintomas, é bem provável que se trate de uma amigdalite viral. Se um farmacêutico identif**ar um quadro típico de uma amigdalite bacteriana, encaminhará o doente imediatamente para o médico.
Há sempre qualquer coisa para prevenir a amigdalite: lavar as mãos com regularidade, evitar o contacto e a partilha de utensílios com alguém que esteja contaminado, dar preferência a lenços de papel descartáveis para assoar o nariz, quando há tosse e espirros. O
tratamento da amigdalite viral consiste no alívio dos sintomas através de medidas não-farmacológicas e farmacológicas. Nas primeiras: ingestão de líquidos como água, sumos sem açúcar e sopa, evitar ambientes com fumo, humidif**ar o ar; nas segundas: o recurso a analgésicos (como paracetamol) e os anti-inflamatórios (como o ibuprofeno) que proporcionam o alívio da dor de garganta e combatem a febre. Não é demais insistir na consulta médica,
compete a este profissional de saúde prescrever o tratamento com antibióticos no caso de uma amigdalite bacteriana. Diagnosticado este tipo de amigdalite, a criança não deve frequentar a escola até 24h depois do início da terapêutica adequada.

A remoção cirúrgica das amígdalas só é recomendada em situações extremas como as amigdalites crónicas, as amigdalites bacterianas que não respondem aos antibióticos e quando o inchaço das amígdalas é de tal ordem que torna difícil a deglutição e a respiração.

O aliciante apelo à proatividade para que haja um envelhecimento bem-sucedidoMário Beja Santos Em boa hora a Fundação Fr...
26/08/2025

O aliciante apelo à proatividade para que haja um envelhecimento bem-sucedido

Mário Beja Santos

Em boa hora a Fundação Francisco Manuel dos Santos viabilizou um novo projeto na área da saúde, um conjunto de livros sobre a égide da saúde psicológica e de bem-estar. Talvez pelo facto de eu ser octogenário lancei a mão a um título que imediatamente me convidou à leitura: Felicidade e Flexibilidade no Envelhecimento, por Margarida Gaspar de Matos, um destes livrinhos de preço mais do que abordável, recentemente publicado. Sinto-me enriquecido pela leitura e não posso esconder a admiração pela narrativa de alguém que sabe comunicar com incisão e grande poder divulgativo.

Vivendo nós numa sociedade mais preocupada em curar do que prevenir, ganha realce um ensaio focado no declínio cognitivo e das abordagens que proporcionem à preparação sénior um apelo mais do que amigável. A autora propõe-se refletir sobre o envelhecimento, as doenças a ele ligadas bem como os planos em relação à reforma. “Quanto mais cedo começarmos a tomar bem conta de nós, da nossa saúde e bem-estar (e uns bons anos através da simpatia e disponibilidade dos nossos primeiros cuidadores), melhores e maiores probabilidades teremos de usufruir de um envelhecimento bem-sucedido, porque o envelhecimento não é doença, doença é outra coisa, embora em geral a probabilidade da sua ocorrência aumente com a idade.”

É sedutora a viagem que a autora nos propõe: os tempos da nossa vida (o passado, presente e futuro), esse passado acomoda-se na nossa memória, em si não muda, o futuro é imprevisível, há que admitir que é saudável e fecundo falar do passado, como falar do futuro. Mas não podemos passar a nossa vida divididos entre o passado e o futuro, é no aqui e agora, na fruição do nosso presente que devemos ganhar a capacidade de revitalização, para manter a nossa saúde psicológica no processo do envelhecimento.

Margarida Matos irá dissecar a importância das terapias cognitivo-comportamentais que podem dar uma oportunidade de termos uma vida com mais sentido, em que consigamos ter as nossas prioridades bem identif**adas e com flexibilidade psicológica. Destaca um conjunto de processos que ajudam a promover a curiosidade, abertura e flexibilidade psicológica: a identif**ar o que é importante para cada um de nós, dar pequenos passos em direção ao que é importante, conhecer-se e estar perto de si mesmo, estar atento, aberto e curioso em relação a perceções e sensações externas, amável consigo mesmo, ser capaz de reconhecer pensamentos e emoções como próprios sem se deixar inundar por eles.

As crises e longos períodos de tensão, por exemplo, podem reduzir a flexibilidade psicológica, para contrariar esse processo há que manter a capacidade de ter uma paleta de respostas e de saber utilizá-las com abertura e adequação. É recorrente, na idade sénior, pender para rotinas inflexíveis, elas e modos inflexíveis de ver são prejudiciais para a nossa saúde psicológica. A autora define a flexibilidade psicológica como a nossa capacidade de manter as escolhas do que é importante, diverso em cada fase da nossa vida. Daí a necessidade de trabalharmos a nossa flexibilidade, abertura e curiosidade. Numa outra dimensão, a flexibilidade psicológica consiste na competência de prestar atenção ao momento presente, para afinarmos essa competência impõem-se estratégias de aceitação, de atenção, de compromisso e mudança de comportamentos. Observa a autora: “A flexibilidade psicológica promove a saúde mental através da diminuição do efeito dos nossos estados mentais internos negativos e promove a saúde psicológica ao permitir alcançar objetivos signif**ativos para cada um de nós”, o mesmo é dizer capacidade de adaptação, aceitação e ação de acordo com o que se valoriza.

Explorando a dimensão de doença, do declínio cognitivo e físico, a autora faz apelo a práticas inovadoras e inclusivas, recorda-nos o termo serendipidade, a capacidade particular de descobrir coisas valiosas e inesperadas à nossa volta. Por outras palavras, a motivação para a mudança aumenta com a perceção da competência pessoal, é assim que se contraria a inflexibilidade psicológica em que, sobretudo os seniores, não se quer arriscar a quebra da rotina.

Quase em jeito de roteiro, e numa narrativa proativa é nos proposta uma filosofia de desenvolvimento humano, avultam quatro domínios que promovem a saúde e o bem-estar: físico, intelectual, psicológico e emocional e social; são recursos que ocorrem na interação com o ambiente físico e social. Margarida Matos usa apropriadamente depoimentos que ilustram as complexidades do envelhecimento e do adoecer associado ao envelhecimento. E seguimos a trajetória para um envelhecimento ordenado e guiado pela felicidade, daí a atenção que a autora dá à entrada na reforma, o que está em jogo na transição, como são fulcrais as condições de saúde associadas ao envelhecimento e daí uma palavra sobre os cuidadores informais que também carecem do dispor de flexibilidade psicológica, há que implementar estratégias, os depoimentos que a autora oferece são de um enorme enriquecimento.

É também importante pôr ênfase na coesão social e suporte social e familiar como um recurso intergeracional, é nos oferecido um conjunto de ideias e chamadas de atenção, para que todos, incluindo seniores e cuidadores se sintam bem. Este roteiro para um envelhecimento bem-sucedido não esquece a importância do autocuidado, do envelhecimento mantendo os pilares da saúde, faz-se a recordatória dos consumos indesejáveis e do signif**ado da literacia em saúde na toma de certos medicamentos, na manutenção de uma alimentação saudável, na prática de exercício físico e desporto, numa boa gestão quanto ao uso de ecrãs e das redes sociais, a higiene do sono, etc. Há também que saber quando procurar ajuda profissional e onde ela se encontra.

Em jeito de recapitulação, também se aponta o dedo às políticas públicas para o acesso à saúde psicológica, evidenciando que elas “desempenham um papel fundamental na possibilidade de acesso à saúde psicológica. As políticas públicas promovem a saúde mental, a saúde psicológica e o bem-estar ajudam a criar um ambiente que favorece o desenvolvimento da flexibilidade psicológica, essencial para lidar com as mudanças e perdas associadas ao envelhecimento. É necessário garantir que os mais velhos têm acesso a serviços de saúde, programas de atividades físicas e de socialização, além de apoio psicológico e logístico na vida diária. Um aumento da literacia da população sobre os desafios do envelhecimento e sobre a importância da flexibilidade psicológica para a boa concretização desses desafios podem transformar a perceção social acerca do envelhecimento, promovendo uma abordagem mais positiva e inclusiva.”

Lê-se com imenso prazer este ensaio em que se propõe aos seniores e aos seus cuidadores que respondam às mudanças inevitáveis do envelhecimento com abertura e curiosidade. Digamos que é uma narrativa bem-sucedida para um envelhecimento bem-sucedido.

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