25/07/2025
Entendo a escola com uma praça plural, aberta ao mundo, onde as grandes questões da Humanidade, sejam elas quais forem, têm de ter espaço para serem pensadas e sintetizadas duma forma que contribua para tornar cada aluno, na sua singularidade, mais capaz de aprender e de pensar.
E que, nesse contexto, a educação para a sexualidade é incontornável na formação de um aluno. E que esse assunto não é da responsabilidade exclusiva da família. Aliás, a discussão esclarecida da educação para a sexualidade em sala de aula traz aquilo que os adolescentes aprendem com os pais, nas redes sociais e com os iguais, o desafio de chegarem a aprendizagens mais equilibradas que contribuam para o seu desenvolvimento.
Sempre me inquietou o modo como, em muitas circunstâncias, a discussão da educação para a sexualidade foi derivando para uma espécie de educação moral e religiosa, parte 2 ou de educação tecnológica, parte 2. E, sim, fui colecionando exemplos infelicíssimos na abordagem destes conteúdos, que me dizem que as orientações dadas aos professores podem não chegar. Sendo sensato que haja professores especiais que, com clareza e com equilíbrio, abordem estes assuntos. Com todo o respeito por todos eles, e seja qual for a sua formação de base, nem todos reunirão os requisitos indispensáveis para a abordagem da sexualidade junto dos adolescentes. Respeitosamente, um mesmo professor talvez não reúna competências para abordar com idêntica sabedoria ora a sexualidade como a literacia financeira, por exemplo.
E é verdade, sim, que, a coberto da educação para a sexualidade, foram trazidos aspetos escorregadios para estas discussões. Todavia, tendo os adolescentes acesso, via redes sociais, a conteúdos sobre a sexualidade que criam enormes viés ao seu desenvolvimento, a escola tem, também por causa disso, uma responsabilidade acrescida sobre a abordagem da sexualidade.
Entendo, por fim, que a educação para a sexualidade será, segundo coordenadas científicas, uma disciplina sempre em aberto. Convertê-la numa discussão ideológica pode não ser o contributo mais razoável para que a escola cumpra a sua missão. Também a propósito da sexualidade.