05/08/2025
"Vou ao Nascer"
Quando de madrugada, espreito as horas,
vou ver como estão as marés nesse dia,
a que horas nasce o sol,
isso quer dizer que vou “ao nascer” … quer dizer que já pouco irei dormir, porque não quero adormecer, espreitarei as baterias, os cartões, onde estará o tripé? Levo botas galochas ou não? Melhor levar, melhor ter que faltar… mas isto aplica-se a tudo! E que bom! Vou “ao nascer”!
Escolhido o sítio, tomada a direção, controlo o tempo… chegarei com tempo, ou em cima da hora? Quando a maré está cheia, é muito provável visitar a Nossa Ria, onde os Modelos descansam:
As Bateiras
Desengane-se quem pense que haverá umas mais bonitas que outras… porque na verdade, as mais vaidosas, não têm mais que uma tinta mais jovem de tons mais vivos! São as visualmente atraentes…. As fontes de vaidade… pavoneiam-se agitadas nas marolas do vento, a exibir o brilho da tinta molhada, algo esbranquiçada pelo salitre quando seca… aquando da calmaria, que é frequente na virança da maré com o nascer, são as estátuas perfeitas, o símbolo de uma vida inteira nesta nossa região!
As outras, já castigadas, marcam a presença em cada vinco da madeira, naquela textura de ADN inconfundível que tão bem se identifica ao toque… Nos dedos, a textura de cada historia de vida, cada corda roçada, cada rede rasgada ou até mesmo vazia…
…em vez da fresca tinta brilhante, que alisa cada relevância, cada particularidade
dos nós veios e desenhos, que são a sua identidade!
No fundo a Nossa!
Quando vou ao nascer, no fundo procuro a serenidade, que faz sentir tanta paz, que queria parar o relógio do tempo nesse preciso momento!
O nascer termina quando o sol aparece, o sonho não desvanece, mas começa a agitação, o vento sopra levando o pescador para o barco, a água desce p´ro mar, e até eu vou pra casa com vontade de ficar! …
Fotografia na Torreira, Portugal