O Unicórnio no campo

O Unicórnio no campo Ana, 46
aldeia de Azinhaga
jornalista

a primeira vezTal como todas as crianças, ia à missa como quem vai a uma obrigação.Sentava-me direita, fitava a parede d...
16/12/2025

a primeira vez

Tal como todas as crianças, ia à missa como quem vai a uma obrigação.
Sentava-me direita, fitava a parede da frente, desconectada de qualquer entusiasmo litúrgico, e sem uma gota de vocação para servir o prior.
Nem o prior nem ninguém, servir não é comigo.
Ficava quieta entre a terceira fila e a porta de saída, o ponto exato onde a minha presença não incomodava e a ausência não era notada pela irmã Maria de Carvalho.
Um dia, alguém decidiu que era hora de “participar mais”. A irmã Odete, disse que era necessário.
Lá fui, empurrada, subir ao altar para ser, naquele dia, com o meu amigo Vasco, acólita. Na mesa, rendas, castiçais em bronze, e no meio, o cálice dourado.
Disseram-me o que fazer, ou quase.
Segura isto, aproxima aquilo, e eu assentia, com a confiança de quem não percebe metade do que está a acontecer, perdida num ritual onde nada fazia sentido à minha coordenação motora.
Chegado o momento do vinho, simples gesto, pegar, verter o vinho no cálice do senhor prior, recuar.
A gravidade, essa força impiedosa, conspirou contra mim.
Entornei o vinho. Não uma gota, tudo.
Um rio que manchou a toalha. Parecia o cenário de um homicídio.
O prior, homem treinado para que as tragédias não interrompam a missa, olhou para o desastre com resignação.
Fitou-me, abanou a cabeça com aquela mistura de pena e impaciência, pegou no cálice, fingiu beber, e seguiu em frente e eu, aprendi ali, entre o vinho derramado e o olhar dele, que há coisas que nem Deus Nosso Senhor salva.
O Vasco e eu partilhámos um riso contido. A homília inteira foi atravessada pelas nossas cabeças baixas e ombros que mal conseguiam conter o tremor silencioso das gargalhadas reprimidas.
Nunca mais me chamaram para ajudar o senhor prior.
E eu, levei o acontecido como um sinal divino e obedeci.

In "Às dez atrás da igreja"
Ana Mota
reservados

Obrigada pelas vossas mensagens, telefonemas e comentários de parabéns. Fiquei cheia de amor, a viver numa bolha de afet...
15/12/2025

Obrigada pelas vossas mensagens, telefonemas e comentários de parabéns. Fiquei cheia de amor, a viver numa bolha de afeto e gratidão.
Mentira.
Fiquei só algumas horas numa bolha de ginja, coscorões, queijo e salame, rodeada de meia dúzia de pessoas que, surpreendentemente, ainda conseguem aturar a minha ‘ssoa’.
Quanto a vós, os restantes, virtuais, telefónicos e afins, sois os maiores, os mais queridos e claramente pessoas de excelente gosto.

São hoje 47 anos desta 'ssoa serena, querida, amorosa, de ar cândido, plácido e humilde, que possui um ar contemplativo ...
13/12/2025

São hoje 47 anos desta 'ssoa serena, querida, amorosa, de ar cândido, plácido e humilde, que possui um ar contemplativo e perdido no horizonte, que constrói um castelo com as pedras que encontra no caminho e que é grata à vida.
Mentira.
47 anos a descer o vórtice do caos a cavalo num unicórnio negro.
Parabéns a mim.

12/12/2025

O que a Ana de Janeiro tem a dizer à Ana de Dezembro.

11/12/2025

Sempre que acontece alguma coisa ao senhor Jesus engordo três quilos.
O Jesus nasce, rabanadas e coscorões.
O Jesus morre, bacalhau.
O Jesus ressuscita, amêndoas da Jubileu.

Não ofereçam este Natal pijamas, panos com bicos, meias ou mais uma chávena de café para entulhar o armário.Ofereçam can...
11/12/2025

Não ofereçam este Natal pijamas, panos com bicos, meias ou mais uma chávena de café para entulhar o armário.
Ofereçam canecas com os signos das ’ssoas.
As ’ssoas acham piada. Aos pijamas… não acham piada nenhuma.
As canecas levam o signo e o nome.
É o presente perfeito.
Não só porque é útil, mas porque sou eu que faço e ainda vão perfumadas, que é para f**arem logo meio apaixonados.
Estas frases também estão disponíveis nas agendas 2026 e nos tote bags.
Ana M. Studio
Para encomendas, aqui f**a o meu número.
(E, por favor, nada de conversas manhosas. É Natal, sim?)
918591314

A Afrodite a levar com o elfo.
11/12/2025

A Afrodite a levar com o elfo.

Dia de greve, toca a ajudar a mãe nas limpezas.
11/12/2025

Dia de greve, toca a ajudar a mãe nas limpezas.

10/12/2025

Deixei de fumar e comecei a comer mais.
É assim que se engorda.

Belíssima, única, inteligente, corrosiva. Teve tudo até ao dia em que deixou de ter. E dizem que morreu por suicídio. Ta...
09/12/2025

Belíssima, única, inteligente, corrosiva. Teve tudo até ao dia em que deixou de ter. E dizem que morreu por suicídio.
Talvez não estejam muito familiarizados com esta causa de morte, porque quase não se fala dela.
Empurra-se para debaixo do tapete.
Acredito que foi suicídio pelo que se comentou quando partiu e pelo que vários meios disseram: que estava em depressão profunda, que tinha perdido tudo, casa, família, profissão, carreira, notoriedade e, com isso, a vontade de cá f**ar. Encontraram-na sozinha, com aquilo que realmente a matou, uma depressão pesada.
Agora lembram-se dela nas redes pelas conquistas académicas, como se isso chegasse. Recordo que morreu por suicídio, mas sei que em três dias já ninguém vai falar nisso. A palavra ainda causa comichão.
É mais cómodo dar palco a outras “grandes causas” do momento, enquanto se ignora o facto de que, no SNS, alguém que peça ajuda em psiquiatria (a menos que esteja em crise grave) espera meses por uma consulta.
Até lá, vai-se sobrevivendo como pode, arrastando-se pela vida enquanto tudo lhe escorre pelos poros.
E nós? Muitos preferem continuar a fingir que saúde mental é assunto menor, coçando o rabo pelas paredes, como se não nos pudesse tocar.
Muita pena desta morte.

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