31/10/2025
Eu só queria dizer duas ou três coisas sobre o Bangladesh e acima de tudo sobre os Bangladeshis.
O Bangladesh nasce da independência e separação da Índia britânica em 1947. No ínicio chamava-se Paquistão Oriental (era o mesmo país que o Paquistão) mas com a actual Índia pelo meio quer do ponto de vista geográfico quer do ponto de vista geopolítico, em 1971 a Índia por quezílias com o Paquistão, dá um "empurrãozinho" para a independência desse Estado que muda de nome para Bangladesh.
Conheço partes do Paquistão (onde trabalhei) e conheço partes da Índia (onde fiz turismo). Tentar resumir o subcontinente indiano, a sua história, cultura, religiões, cheiros e sabores é impossível e ao mesmo tempo muito prazeroso. Conheci das belezas naturais e culturais mais bonitas que já vi, e acima de tudo adorei as pessoas maravilhosas, bondosas que cruzaram os meus caminhos. E sei que falo dum lugar de privilégio, apesar de viajar sempre de mochila às costas, por ter a sorte de já ter visto tanto mundo... mas só nos conhecemos a nós próprios quando saímos de nós próprios, quer como indivíduos, quer na compreensão da nossa sociedade. É na diferença que nos complementamos e que nos conectamos com o nosso (mais) verdadeiro eu, e não há maior riqueza do que a multiculturalidade em particular quando é uma viagem onde mais interessa... nas pessoas.
Valorizo 1000 xs mais as pessoas que conheci do que ter visto aquele que me parece ser o edíficio mais bonito do mundo, o Taj Mahal, e que tem uma história muito bonita, romântica, e simbólica por celebrar o amor por uma mulher, pós-morte, e assim eternizando-o e as suas memórias. Ainda assim, as pessoas e as emoções que me “ofereceram” valem por infinitos Taj Mahals.
Eu não nunca pus os pés no Bangladesh, mas já me cruzei aqui, em Portugal, e pelo mundo, com muitos Bangladeshis e todas as minhas interacções só vieram confirmar a beleza que é viajar nas pessoas daquele absolutamente incrível subcontinente indiano. E adorava ter, um dia, a sorte de conhecer as maravilhas daquele país e ainda melhor as suas pessoas.
Talvez seja importante relembrar que o Bangladesh tem sido extraordinariamente humano, ao receber os refugiados do genocídio do povo Rohynghia, cometido pelo regime cruel da Birmânia (a par de Gaza/Palestina, o 2º genocídio unanimamente reconhecido (em curso) pelas instituições e académicos especialistas no tema). É no Bangladesh, em Cox Bazar que se localiza o maior campo de refugiados do mundo, com imensas dificuldades e desafios, claro está, mas com o Bangladesh a mostrar ao mundo o que é ser, humano, como poucos países o fazem.
Relembrar que na 1a guerra mundial lutaram cerca de 1,4 milhões de indianos "por nós", indianos entenda-se paquistaneses e bangladshis incluídos. E na 2a guerra mundial os números chegaram a mais de 2,5 milhões de indianos que lutaram contra os N***s, e na sua maioria voluntários, tornando-se assim o maior exército voluntário da história. Se não fossem eles, como teria sido a história de Portugal, da Europa e do mundo? Nunca saberemos, mas temos essa enorme dívida de gratidão.
O preconceito nasce do medo e da ignorância, e combate-se com informação e amor.
Os países que melhor integram os imigrantes são os mais prósperos e mais felizes.
Era "só" isto... e de resto, mais amor, e vou viajando "pelos" Bangladeshis e enriquecendo o meu coração.
Gustavo Carona
(Foto do Museu Ahsan Manzil, na capital Dhaka, no Bangladesh)