17/10/2025
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António Borges Coelho, historiador, antigo preso político, resistente antifascista, faleceu hoje aos 97 anos.
Nasceu em Murça em 1928, no final de 40 ingressa na FDUL, mas abandonará os estudos para se dedicar à luta antifascista. Em 1949 integra o MUD Juvenil e, depois, o P*P. A 3 de janeiro de 1956, já como funcionário do P*P na clandestinidade, é preso pela PIDE, recolhendo à cadeia do Aljube. Segue para Caxias e para a delegação da PIDE no Porto. Julgado em 1957, condenado a 2 anos e 9 meses de prisão, segue para a prisão de Peniche e sujeito a medidas de segurança. Ainda em Peniche, casa com Isaura Silva e em 1962 é-lhe concedida liberdade condicional por um período de 5 anos. Em 1967 conclui a licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas na Universidade de Lisboa. Em 1968 torna-se jornalista, n’ A Capital. Trabalhou também no Diário de Lisboa, Diário Popular, Vértice ou Seara Nova. Catedrático jubilado da FLUL publicou obras como “As Raízes da expansão portuguesa”, “A Revolução de 1383”, “Questionar a História”, “A Inquisição em Évora” e vários volumes da História de Portugal.
Fundador do Movimento Cívico Não Apaguem a Memória, foi até 2021 presidente do Conselho Consultivo do Museu do Aljube. Em 1999, foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Santiago da Espada, em 2018 com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade e em 2019 com a Medalha de Mérito Cultural.
Aquando da inauguração deste museu, sabiamente relembrou que “o processo histórico não segue em linha reta num movimento ascensional até ao paraíso. Balança num ondular mas nunca no mesmo plano. E se as condições objetivas empurram as vontades para movimentos contraditórios, a memória é indispensável para não cairmos nos mesmos precipícios e para usarmos, tanto quanto nos for possível, a experiência do que correu melhor.”
O Museu do Aljube presta homenagem a António Borges Coelho, e à sua família e amigos envia as mais sentidas condolências.
📸DR