06/11/2025
Não sei se por sorte, atenção ou dedicação, sempre me foi fácil decorar datas. Desde aniversários familiares, feriados, dias disto e daquilo, a dias especiais que façam parte da minha história de vida, acabam todos por f**ar eternizados na minha memória – o meu pai chegou a chamar-me de «Borda d’Água» da família, por ser quem se lembra de todas estas datas.
Por mais que a internet e as redes sociais nos ajudem a memória, o que é facto é que nem sempre preciso dessas ferramentas. Lembro-me de datas de primeiros beijos, de noites felizes, de dias de perdas ou que foram menos bons, aniversários mais ou menos marcantes, de amigos que até já nem estão na minha vida, ou até mesmo dos equinócios e dos solstícios, das mudanças de signos e por aí fora.
No entanto, hoje, venho falar-vos de uma das datas mais importantes deste ano que passou. A 1 de novembro de 2024 comecei a minha experiência na emootiva e mal sabia eu ao que ia e ao bem que me tem feito.
Foi, sem qualquer dúvida, o dia em que a minha escrita mudou. Encontrei um grupo de amigas com quem converso todos os dias, onde sou acolhida e tenho colo. Mais do que eu ter isso, é a minha escrita que tem também excelente receção.
Sou desafiada todos os meses a descobrir mais sobre mim, a ir aos cantinhos do meu sótão, destapar memórias e pôr a minha alma a nu. Neste ano aprendi a perder o medo da vulnerabilidade, porque é aí que encontro a minha força. Saí da zona de conforto e, por mais que queira proteger a minha escrita emotiva, perdi o medo de a partilhar com o mundo, através desta rede digital e humana criada pela nossa mentora, e também nas minhas redes sociais. Voltei, até, a criar um blogue para todos os textos que tenho na emootiva e todos aqueles que me apetecer partilhar por lá.
Num ano, a minha escrita evoluiu, não só no sentido linguístico, mas sobretudo na força das emoções, na maturidade com que escrevo, na construção de cada parágrafo, na construção de toda uma crónica. Voltei a entusiasmar-me por criar personagens e as suas histórias – a minha Violetta e o seu Bruno. Voltei a pensar em escrever mais historietas para crianças, como fazia há uns anos. Neste ano que passou, o formato digital de escrita tornou-se um forte aliado e consegui equilibrar com o formato manuscrito. O gosto que me dá deslizar os dedos por uma «máquina de escrever» e ouvir o som das minhas unhas, ou estar no metro, numa fila, num banco de jardim, e ser-me tão fácil escrever em qualquer opção que tenha à disposição.
E aqui destaco, também, a importância que escrever e a escrita têm tido sempre na minha vida e que não preciso de motivo, só preciso de começar. Não importa o formato ou o local, só preciso de anotar as ideias para não as perder.
Como escrevi ao início, quando comecei o meu percurso não sabia bem ao que ia, até porque nos primeiros dois meses foi um pouco um vai-e-vem de colegas de escrita, mas em janeiro tudo se estabilizou e, em dez meses, já ganhei amigas para a vida e muita gratidão a todas por existirem e, nesta minha «profissão» de Tecedeira de Afectos, terem também estendido os seus laços na minha direção. Quando comecei na emootiva, não sabia que a Laura, a Sofia C., a Sónia, a Steff, a Guigas, a Sofia P., a Daniela, a «’Vó» Maria e todas as outras que entraram, saíram, mas deixaram a sua marca, seriam tão importantes não só no meu percurso de escritora, como no meu percurso enquanto mulher. Nunca por um segundo me senti julgada, infantilizada ou tratada com menos maturidade ou idade do que tenho. Apoiamo-nos mutuamente todos os dias, desabafamos o que queremos, abraçamo-nos à distância com palavras doces e sinceras e acredito que, tal como eu, todas elas se sintam igualmente confortáveis para chorarem e rirem entre as «emootivas» que somos.
Neste ano que passou, a minha escrita evoluiu e eu consegui acompanhar. Cresci muito, reli-me muito, deixei muito de mim em cada linha escrita. A emootiva, mais do que amigas, tem-me dado também terapia, tem-me dado fôlego para os dias – como uma vez escrevi. Se antes escrevia por prazer, necessidade, cura e criação de memórias, agora também escrevo pela partilha, por ler comentários ou receber mensagens como «era disto que eu precisava de ler e não sabia, obrigada», ou «quero mais da Violetta!», ou «escreves tão bem, quero ler mais!». Os elogios, certamente, fazem-me bem, mas o que mais me alimenta é saber que não estou, de todo, sozinha. Que há quem não tenha tanta facilidade em falar ou escrever o que lhes dói ou deixa felizes e que, ao lerem-me, se sentem compreendidos. E, sendo eu tão empática, claro que isso é das coisas mais importantes para mim: poder dar o meu abraço à distância, poder tecer afetos pelas redes digitais e deixar alguém que nunca vi com um sorriso no rosto – tal como eu fico ao ler os romances dos autores conceituados.
Nem sempre é fácil encontrar as palavras certas, ou preciso de ler e reler vezes sem conta os desafios e sugestões da Laura. Ainda assim, neste ano, não houve um único a que eu tivesse virado costas ou que me tivesse causado lágrimas. Pelo contrário, curei muitas lágrimas por poder falar de dores, de desapegos, de desamores e de momentos menos felizes. Assim como poder celebrar cada memória boa em ‘n’ parágrafos, prontos a serem lidos.
No fundo, eu não sabia ao que ia quando, há um ano, me inscrevi na emootiva. Sinto que me tem dado mais do que eu ao blogue, mas nem por isso há um desequilíbrio. É a «relação» mais feliz da minha vida. Encontrei amigas para a vida toda. Encontrei uma via especial e tão bonita para escrever cada vez mais e para sempre. Encontrei casa, conforto, um lar para escrever, ser lida e ler, também, com o coração.
E tudo isto contribui para que eu tenha cada vez mais vontade de reunir todas as crónicas num único livro e o edite. Que «Um Lugar para Amar», ou «As Crónicas de um Coração que Suspira», vejam a luz do dia e cheguem a muitas mais mãos.
Na emootiva sou muito feliz há um ano e espero que seja o primeiro de muitos! Obrigada a todas por este primeiro ano. Brindemos juntas!
— Inês Biu Faro
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