13/06/2025
O FOLCLORE NÃO FOI FEITO PARA BRILHAR SOZINHO
"Há quem vista o traje com orgulho, com alma. Há quem dance como se os passos fossem ecos dos seus avós, como se cada movimento fosse um sussurro do passado.
O folclore não é concurso de egos. Não é desfile de superioridade. Não é passarela para quem quer brilhar mais que os outros, apagando o verdadeiro sentido de tudo isto - a raiz, a memória, a humildade de um povo que, com mãos calejadas, ergueu uma identidade que sobrevive ao tempo.
Quem anda no folclore apenas para se mostrar, esquece que os nossos antepassados não dançavam para ser vistos. Dançavam para viver. Para celebrar a vida, a terra, o amor, a dor. Não usavam traje por vaidade, mas por identidade. E cada bordado, cada nó, cada peça, tem um significado que vai muito além de uma fotografia bonita, ou de um aplauso mais sonoro.
É triste ver tradições tratadas como ferramenta de promoção pessoal. Como se o valor estivesse em ser o melhor grupo, o melhor dançarino, o mais bonito no palco — quando, na verdade, o valor está em ser verdadeiro, em preservar com respeito, em transmitir com alma.
O folclore é feito de coração. Quem o vive só com o peito inchado, e não com os pés assentes na terra, está a trair o espírito que nos foi deixado. E pior: está a matar aos poucos aquilo que devia estar a proteger.
Se estás para mostrar ao mundo a riqueza de um povo, a dignidade de uma história, então dança — e dança com o coração inteiro. Não venhas para o folclore se só queres ser visto.
Se vestes o traje como máscara, e não como memória. Se danças para a câmara, e não para a alma.
Não é aqui que se vem ser o melhor - é aqui que se vem ser verdadeiro.
O folclore não foi feito para brilhar sozinho. Foi feito para unir. Para lembrar. Para manter viva a voz de quem já cá não está.
Quem dança só para ser aplaudido, esquece que os passos vêm do pó da terra. Da dor de quem lavrava, de quem sofria calado, mas mesmo assim cantava.
Sabes o que é um traje? É uma herança. Cada linha, uma história. Cada nó, uma lágrima antiga.
Não é fantasia para impressionar. É peso, de orgulho, sim, mas também de respeito.
Se estás aqui só para competir, para fazer melhor figura, para mostrar que o teu grupo é mais bonito, mais afinado, mais qualquer coisa…sai. Sai, porque estás a matar devagar aquilo que dizes amar.
O folclore não precisa de mais estrelas. Precisa de guardiões. De gente que o leve no peito,
De quem o viva por dentro, mesmo quando ninguém está a ver.
Porque o verdadeiro folclore dança-se com o coração, canta-se com a alma, e vive-se… com humildade."
Bem Hajam todos os que nos apoiam.
Autor desconhecido
(Compilado por Paulo Calixto)