27/11/2025
✒️ Em 1921, o jornal britânico "The Time" foi protagonista de um dos episódios mais paradoxais do jornalismo moderno. Após ter dado crédito, em 1920, à autenticidade dos Protocolos dos Sábios de Sião, um documento que alegava detalhar uma conspiração judaica para dominar o mundo, o próprio periódico foi forçado a expor a farsa. Através de uma série de artigos escritos por seu correspondente Philip Graves, o Times revelou que os Protocolos eram um plágio grosseiro de um panfleto satírico francês do século XIX, "Diálogo no Inferno entre Maquiavel e Montesquieu", que nada tinha a ver com judeus, mas criticava Napoleão III.
A investigação de Graves, baseada em uma pista fornecida por um emigrado russo, demonstrou que os "Protocolo" foram uma fabricação da polícia secreta do Czar (Okhrana) no contexto da Rússia pré-revolucionária. O objetivo era desacreditar reformistas e liberais, associando-os à suposta conspiração (A alegação de que a Maçonaria estava envolvida nesta suposta conspiração é uma camada adicional de falsidade, inserida para ampliar o escopo o ódio e aproveitar sentimentos antimaçônicos já existentes). O texto foi montado através de um plágio descarado, copiando trechos extensos do trabalho de Maurice Joly e distorcendo seu significado para alimentar o ódio antissemita, que servia como ferramenta política para setores reacionários.
Apesar da exposição pública da fraude, a correção chegou tarde demais. Os Protocolos já haviam se espalhado globalmente, alimentados pelo medo da Revolução Russa e por figuras influentes, como o magnata Henry Ford. A revelação do Times não conseguiu conter a disseminação do mito, que perdura até hoje. O episódio revela como narrativas falsas, quando ecoam preconceitos profundos, podem se tornar imunes aos fatos, e serve como um alerta permanente sobre o papel da imprensa, que, mesmo ao retificar um erro, pode ver sua credibilidade instrumentalizada para legitimar o veneno que tentou combater.
📐 CURIOSIDADES DA MAÇONARIA