Arquivo da Secção de Jornalismo da AAC

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No seguimento do artigo publicado no último impresso d’A Cabra, seguimos a viagem pela Imprensa de Coimbra, agora pelo s...
06/12/2025

No seguimento do artigo publicado no último impresso d’A Cabra, seguimos a viagem pela Imprensa de Coimbra, agora pelo século XX.
No virar do século, Coimbra continua a ser um verdadeiro ecossistema em papel: jornais políticos, médicos, literários, académicos, folhas de caixeiros, ferroviários e professores. À Porta da Républica, a cidade parece um parlamento tipográfico: democratas, republicanos, anarquistas, católicos e monárquicos disputam por um espaço em colunas.
Nas décadas seguintes, o ritmo abranda, mas o mapa alarga-se. Entram em cena boletins de museus e institutos científicos, revistas críticas e de literatura, jornais pedagógicos e títulos anarquistas. Nas faculdades, as polémicas universitárias fazem nascer folhas estudantis que fazem correr muita tinta. Pelo meio, o modernismo também marca presença ajudando a pensar a cidade no entre-guerras.
A partir dos anos 30, a imprensa cola-se ainda mais à Universidade. Disseminam-se as revistas científ**as de anatomia, farmacologia, climatologia ou hospitais, ao lado de jornais de bairro, publicações humorísticas, desportivas e de guerra. Em 1942 surge a Vértice, que se afirmará como um dos principais órgãos do neo-realismo português, juntando escritores e críticos ligados à resistência cultural ao Estado Novo.
Do Pós-guerra aos anos 60, Coimbra enche-se, literalmente, de papel. Surgem revistas de faculdades e laboratórios, boletins de paróquias, jornais de clubes desportivos e corais, publicações para emigrantes. A Imprensa da Queima das Fitas, ganha aqui um lugar especial: o jornal O Grelo, as revistas de finalistas, o pequeno jornal O Barbas, a Revista da Queima das Fitas, o número único Coimbra e a sua Padroeira e o jornal O Assalto ( do conselho de Repúblicas) transformam o jornal num verdadeiro ritual de passagem estudantil.
Entre o final dos anos 60 e 1985, a cidade entra na era da imprensa de intervenção e de proximidade. Reaparece O Badalo, ligado ao Conselho de Repúblicas e à efervescência estudantil dos anos 70. Nas prateleiras e nos quiosques acumulam-se revistas literárias, jornais de repúblicas, folhas sindicalistas, publicações de escuteiros, grupos de teatro universitário e cineclubes. Ao mesmo tempo, títulos como a Revista Crítica de Ciências Sociais e uma constelação de boletins de freguesia, hospitais e clubes culturais desenham uma Coimbra fragmentada, mas assumidamente plural.
É neste cenário saturado de vozes impressas que, a 27 de Fevereiro de 1985, se pendura nos quiosques mais um título: a Tribuna de Coimbra. Não nasce como primogénito, mas como o elo mais recente de uma cadeia iniciada em 1808. No século XX, a cidade aprende, de vez, a discutir-se em público através dos seus periódicos. A Tribuna mantém essa conversa acesa.

Completam-se agora 16 anos de existência do Conselho Geral! Iniciadas as suas eleições bianuais a 24 de novembro de 2008...
30/11/2025

Completam-se agora 16 anos de existência do Conselho Geral! Iniciadas as suas eleições bianuais a 24 de novembro de 2008, em 2026 será a 9.ª vez que 5 estudantes serão eleitos para a “Távola Redonda” de governo máximo da Universidade, ao lado de 18 docentes, 10 personalidades externas e 2 funcionários.
Após datas como a de 20 de outubro de 2004 — em que os Estudantes de Coimbra viam-se obrigados a lutar pela audibilidade do seu dizer quanto a questões da sua própria realidade e eram violentamente reprimidos pela Polícia, chamada a intervir nos assuntos da UC pela 1.ª vez, nessa data, desde o 25 de abril — os Estudantes apossaram-se oficialmente, em 2009, de voz e de mão na fixação das propinas, na requalif**ação, fusão e extinção de faculdades, bem como — entre outras matérias de gravidade superior — na eleição do Reitor, que, embora tenha assento no Conselho, não tem direito de voto e pode ser substituído, suspenso ou destituído das funções por decisão do mesmo.
No afinco de uma gestão democrática da Universidade, na defesa de que “Os estudantes devem marcar posição como elemento fundamental para a construção de uma melhor” e na certeza da indissociabilidade do futuro da UC com o da comunidade para a qual ela foi e é feita, a 188.ª edição do jornal d’A CABRA noticia não 1, não 2, não 3, mas 5 listas candidatas na disputa pela estreia dos assentos naquele que passou a ser o órgão executivo da Universidade e cuja introdução de dez membros externos e a redução de representação dos estudantes “foram os aspetos mais contestados desde o primeiro momento”.
Ao fim do primeiro mandato, a Lista C, encabeçada por Luís Rodrigues, considera o balanço final “muito positivo”, testemunhando uma seleção “a dedo” dos forasteiros e uma grande vontade destes em ajudar na gestão da UC. Já o número diminuto de membros estudantis demonstrou não ser necessariamente uma barreira: “fomos claramente ouvidos e as nossas decisões foram tomadas em conta para as várias decisões”, sendo que “Se levarmos ideias bem objetivas e pertinentes conseguimos fazer muita coisa”.
Há, no entanto, “muita pedra” por partir, o que se evidencia pelo aumento do número de listas candidatas seguintes, com vontade de fazer o muito que ainda não foi feito.
Artigos originalmente escritos por João Pereira, Pedro Crisóstomo, Sónia Fernandes, Cláudia Teixeira, Diana Craveiro e João Ribeiro.

No passado dia 19 de novembro, o Arquivo da Secção de Jornalismo da Associação Académica de Coimbra promoveu a mesa-redo...
25/11/2025

No passado dia 19 de novembro, o Arquivo da Secção de Jornalismo da Associação Académica de Coimbra promoveu a mesa-redonda intitulada «A genealogia da informação: tipologias, acessibilidade, preservação e tratamento de dados». Esta mesa-redonda moderada pelo Gonçalo Batista, coordenador do Arquivo da SJ/AAC, contou com a presença das oradoras: Leonardo Aboim Pires (Portugal_Rural), Ana Lúcia Terra e Isabel Rostami. Através de várias perspetivas profissionais, teóricas e pessoais, f**amos a conhecer as problemáticas da informação/desinformação. Tal como as suas qualidades didáticas em contexto comunitário e de diálogo interinstitucional numa perpetiva de trans-historicidade.
Deixamos, assim, algumas fotografias da autoria de Rita Sousa tiradas durante o debate.
A todos os que estiveram presentes no AD1 do Departamento de Física, obrigado!

Na sua recandidatura, muitos perguntam se mudou desde 2008. A verdade é que não. Na altura já dizia que “não há aqui nen...
22/11/2025

Na sua recandidatura, muitos perguntam se mudou desde 2008. A verdade é que não. Na altura já dizia que “não há aqui nenhuma irreverência, aquilo a que se chama irreverência é falta de jeito para fazer letras”, e hoje continua igual: não é provocador, simplesmente nunca aprendeu a fazer “bonitas canções de amor”. Como “não tem jeito nenhum para isso”, mantém a velha estratégia — “faço umas letras com caralhadas, que rimam umas com as outras”. Em campanha, a lógica mantém-se: onde falta jeito, entra o improviso.
Sobre o processo criativo, sempre afirmou que este “devia ter a sua dignidade, infelizmente no meu caso não tem qualquer dignidade”. Agora, quando lhe pedem propostas políticas, aplica exatamente o mesmo método: umas surgem “de repente”, outras são “trabalhadas durante muito tempo”.
Se ser músico português já era complicado, ser candidato a Presidente da República é ainda pior. Manuel João Vieira insiste, porém, que se o país consegue ouvir podcasts de autoajuda, também consegue ouvir um candidato que fala como gente normal. A política dele permanece igual à de 2008: “com o candidato Vieira no poder a situação seria completamente diferente, porque iria oprimir os opressores e libertar os oprimidos”. Hoje, chama-lhe apenas a versão 2.0 do mesmo plano. Segundo o Jornal Expresso, chega até a explicar a recandidatura com uma revelação divina: “Nossa Senhora de Fátima apareceu-me em sonhos a dizer: ‘vá lá, Vieira, não sejas preguiçoso, candidata-te outra vez.’ Por ela faço tudo.”
Sobre o país, a opinião também não mudou. Em 2008 alertava que “a cultura portuguesa vai acabar, em favor de uma cultura mais portuguesa” e que existe uma tendência nacional para ser “bimbo, gostar de coisas hediondas e tentar imitar o lá de fora”. Hoje só acrescenta que o TikTok agravou a tragédia e que a ASAE, “por exemplo”, continua a meter o bedelho onde não é chamada.
E quando lhe perguntam que legado quer deixar, repete a mesma resposta: gostava de ser lembrado como alguém que procurou “a paz na humanidade, a igualdade entre os homens e as mulheres”. Mas remata logo a seguir que: “por acaso está-se um bocado a cagar.”

Artigo originalmente escrito por Helder Almeida e João Miranda

Na sexta edição d’A Tribuna de Coimbra, publicada a 24 de abril de 1985, Paulo Archer lançou uma carta aberta a Fernando...
15/11/2025

Na sexta edição d’A Tribuna de Coimbra, publicada a 24 de abril de 1985, Paulo Archer lançou uma carta aberta a Fernando António Nogueira Pessoa. «O português é capaz de tudo, logo que não lhe exijam que o seja. Somos um grande povo de heróis adiados», inicia a carta, com um fragmento não datado, da autoria do destinatário. Pessoa havia falecido há 50 anos e, nas comemorações do «cinquentenário que iniciou a S/ eternidade», Paulo Archer realizou um exercício de reflexão acerca do estado político e artístico do país. Segundo o autor, viviam-se tempos «históricos», em que tudo era «histórico», desde a demissão do «mais banal e bronco dos ministros, à a-demissão na europa dos queijos e das manteigas, de uma qualquer probabilidade dum qualquer obscurso militar se candidatar a Sidónio [...] aos afagos presidenciais que se desenham nas curvas sebáceas de alguns dos nossos melhores espíritos estrangeirados», remetendo às presidenciais que iriam dar palco em 1986, e mencionando Mário Soares e Maria de Lourdes Pintasilgo (no texto original referidos como «um Soarrês e de uma Pintassilk»). O Estado Novo, segundo o autor, «morreu decrépito, deixando o país em guerra e emigrado, as prisões cheias como favos de abelhas, os campos desertos»; e o período pós-25 de abril como um «simulacro de república», onde os contrabandistas controlavam o poder e onde o poderoso agrupamento comunista, «réplica imperfeita dos bigodes do Stalin», controlava «paternal e patronalmente o movimento operário».
Numa crítica à eternidade e ao país, Archer critica também a «pior da paupérrima escrita» do final do século XX, afirmando que «qualquer cidadão deste país aspira, no mínimo, a ter (sem trabalho ou génio) a fama» de Fernando Pessoa. Para as celebrações do aniversário da morte do poeta, Archer realça o «festival de mediocridade, da alarvidade e de costumeira bajulação» e indica que «o Fernando pode crer que é o poeta mais citado e menos lido em Portugal», porque «uma “esquerda” [...] traga páginas e páginas, sem o compreender profundamente, e uma “direita” prefere a linguagem repressiva e castrante, à estética do texto, à beleza das ideias». Como consequência, a poesia de Pessoa serviria apenas para «lápides nos jardins públicos, para citações nos jantares do Poder».
Neste contexto de reorganização estatal que se assemelha, segundo Archer, a «uma enorme e lenta ar**ha que passeia nas nossas cabeças», a cultura é comprada e encomendada por medida, ilibando a consciência e assassinando a liberdade. A televisão é, por isso, apontada como «monstro criador de imbecilidade».
Numa conclusão mais positiva acerca do desenvolvimento da poesia em Portugal, Archer termina com alusão ao Quinto Império e questiona «qual é o heterónimo que este país tem de cumprir?», e despede-se distribuindo cumprimentos a Bocage e Antero.

No dia 19 de novembro de 2025, quarta-feira, às 18h, no Auditório 1 do Departamento de Física da Universidade de Coimbra...
13/11/2025

No dia 19 de novembro de 2025, quarta-feira, às 18h, no Auditório 1 do Departamento de Física da Universidade de Coimbra (UC), terá lugar uma mesa-redonda intitulada "A genealogia da informação: tipologias, acessibilidade tratamento e preservação de dados", que convida à reflexão do tema, através de um conjunto de perspectivas profissionais, teóricas e pessoais diferentes.

Estarão connosco:

* Leonardo Aboim Pires, investigador do ISEG/UL e autor do arquivo digital Portugal_Rural, cujas áreas de interesse relacionam-se com a agricultura, a sociedade rural, o ambiente e alimentação;
* Ana Lúcia Terra, Professora Auxiliar na Faculdade de Letras da UC e coordenadora da Licenciatura em Ciência da Informação;
* Isabel Rostami, Técnica Superior no Arquivo da Universidade de Coimbra, responsabilizando-se sobre a gestão e normalização documental, descrição arquivística e curadoria e comunicação digital;

Ficamos à tua espera!

O Arquivo da Secção de Jornalismo recuperou um dos momentos mais caricatos da História da nossa academia. Recuamos, dest...
09/11/2025

O Arquivo da Secção de Jornalismo recuperou um dos momentos mais caricatos da História da nossa academia. Recuamos, desta forma, para o ano de 2006, em que, pela primeira vez, sete listas apresentavam a sua candidatura à Presidência da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC).
O primeiro candidato que apresentamos é Álvaro Baldaia, natural da Póvoa de Varzim, com 21 anos, estudante de Economia. Em entrevista, assumia que «Esta candidatura começou com uma aposta nas cantinas. Perdi e candidatei-me à DG.». No entanto, o representante da Lista K - Arroz Kom bróculos, revelava estar desiludido com as escassas manifestações realizadas no mandato de Fernando Gonçalves, defendendo que «deveria haver mais, principalmente às quintas-feiras». Além disso, para combater o desemprego, deseja estipular acordos com restaurantes de fast-food para que «no final do curso o estudante tenha logo emprego». Ademais, reconhecendo ser «uma lista séria, com propósitos inovadores», pretendia efetuar uma mudança na AAC, investindo mais na diversão noturna, através da redução do preço da cerveja e das discotecas. Implementava, então, um «dia académico por semana, em que não haja aulas, para as pessoas poderem descansar».

(Continua nos comentários)

Relembramos a edição de 1991 do jornal universitário A CABRA que revela algumas das tensões e discussões eternas na acad...
02/11/2025

Relembramos a edição de 1991 do jornal universitário A CABRA que revela algumas das tensões e discussões eternas na academia coimbrã - a praxe, a Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC) com a política estudantil e o eterno “quem copia quem”.
O “terror académico” começa logo com rituais, não de “bruxaria”, mas praxísticos, que marcam a entrada dos caloiros na vida académica. Assim como as bruxas, bestas (caloiros) são caçadas, mas em vez de fogueiras, o que lhes espera são alguns minutos em prancha.
Depois, descobrem que a vida académica não se resume a copos e noitadas. Na época a DG/AAC era recheada de intrigas políticas e debates calorosos.
Para piorar, surge também a velha questão da autenticidade das tradições - por um lado, Coimbra acusa outras academias de copiar a Queima das Fitas, mas deixa de parte a possível inspiração da Festa das Latas nas Recepções ao Caloiro de outras cidades. Deixa, assim, a pairar o fantasma da comparação: Quem tem a melhor tradição? Quem copia quem?
Para além de rituais, política estudantil e comparações, assusta ainda a “invasão da festa universitária pelos politécnicos”, vista quase como uma afronta à tradição coimbrã por alguns olhos da época.
Assim, entre “rituais praxísticos”, políticas estudantis, comparações e acusações de cópias, percebemos que a tradição da academia coimbrã permanece. Talvez não seja toda ela original, mas é profundamente nossa.

Artigo originalmente escrito por António Nunes.

O segundo episódio “Os Bares” da rubrica “Tasco’s & Copos” recorda alguns dos espaços onde os estudantes da Academia de ...
26/10/2025

O segundo episódio “Os Bares” da rubrica “Tasco’s & Copos” recorda alguns dos espaços onde os estudantes da Academia de Coimbra costumavam passar as suas noites no ano de 1996. O artigo começa pelo “Diligência Bar”, situado na Rua Nova, na Baixa. Este espaço combina o ambiente tradicional de uma casa de fados com o espírito descontraído de um bar universitário. Era muito popular entre os estudantes, tendo música ao vivo – sobretudo fados, canções de Coimbra e música popular portuguesa. Este bar ainda está em funcionamento, habitualmente de quinta-feira até sábado. De seguida, avançamos para o “Café-Galeria Almedina”, que f**ava junto ao Arco Almedina. Este funcionava como café durante o dia e bar à noite, onde os estudantes eram a principal clientela. O espaço alternava entre noites com música ao vivo e outras com música da TVCabo, e organizava convívios académicos animados por DJ. O artigo apresenta o “Boémia Bar”, que se encontrava na Rua do Cabido, na Sé Velha. Durante o dia funcionava como sandwich-bar e reabria à noite como bar onde se ouvia jazz, temas dos anos sessenta e fados ocasionais. Este bar posteriormente funcionou como taberna, contudo encerrou recentemente. Ainda nesta zona, encontrava-se o “Aqui Há Rato”, que era um dos bares mais conhecidos da noite coimbrã. Apesar de pequeno, destacava-se pelo seu ambiente animado e espírito académico. Tinha três salas e oferecia vários tipos de música, desde tecno até à música latina. Aqui realizavam-se convívios e festas, que eram muitas vezes surpresa porque não costumavam ser anunciadas. Este bar era também conhecido pelas festas temáticas e pela sua particular tradição de organizar a Passagem de Ano Chinês. Terminamos este percurso no “Piano Negro”, que ainda podemos encontrar na Rua Borges Carneiro. Conhecido pelo seu ambiente acolhedor, o bar distinguia-se por uma decoração que mudava todos os meses, porém a música de ambiente permanecia a mesma, sendo predominantemente jazz e blues.

Artigo originalmente escrito por Justino Strecht.

Em outubro de 2011, os estudantes da Universidade de Coimbra decidiram, em Assembleia Magna, fazer algo caricato: ir às ...
18/10/2025

Em outubro de 2011, os estudantes da Universidade de Coimbra decidiram, em Assembleia Magna, fazer algo caricato: ir às aulas para protestar.
Isto é: uma “greve de zelo” - uma forma de luta que consiste no cumprimento rigoroso de todas as normas, podendo resultar no atraso ou num mau funcionamento de uma determinada atividade.
Uma greve que, por ser demasiado correta, não pode ser contestada judicialmente.
Neste contexto, os estudantes procuraram pontualidade, assiduidade, entregar trabalhos e seguir regulamentos à risca. O objetivo? Mostrar que, quando tudo funciona “como deve ser”, f**a claro aquilo que não está a funcionar.
A moção aprovada, promovida pela Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC), apontava problemas que, até hoje, soam familiares: falta de professores, falhas na avaliação contínua e infraestruturas degradadas. O gesto foi simbólico e pedagógico - tratava-se de uma greve que não parava, mas que expunha.
No entanto, as opiniões sobre esta forma de luta não eram homogéneas. Uns apontavam a escassa divulgação desta ação de luta por parte da Direção-Geral, como André Martelo, do movimento A Alternativa És Tu que afirmou: “Durante a semana passada apareceram alguns flyers a divulgar a iniciativa, mas o contacto com os estudantes, a divulgação da iniciativa, através dos meios de propaganda usuais e o próprio trabalho dos núcleos, através da DG/AAC, foi claramente insuficiente”. Outros questionavam a sua eficácia, como Sílvia Franklin, da Frente de Ação Estudantil (FAE) que dizia: “qualquer estudante que vá às aulas todos os dias faz sempre greve de zelo, desde o estudante que não tem lugar para se sentar na sala de aula ao estudante que não tem avaliação contínua, ou ao estudante que vai para o laboratório e não tem material para trabalhar”.
Assim, colocava-se também a necessidade da convocação de uma grande manifestação que fizesse frente ao momento político vivido no Ensino Superior naquela altura.
Num tempo em que o caudal de luta estudantil volta a aquecer, vale a pena relembrar certas formas de luta que f**aram perdidas no tempo.

Artigo originalmente escrito por Inês Balreira.

Música, dança, amizades e gosto pela aventura. São algumas recordações queridas que a Festa das Latas deixou e continua ...
11/10/2025

Música, dança, amizades e gosto pela aventura. São algumas recordações queridas que a Festa das Latas deixou e continua a deixar a várias gerações de antigos e atuais estudantes. No entanto, como se tem verif**ado nos últimos dias, a festa também pode ser palco de atritos e de reivindicações. O arquivo da Secção de Jornalismo da Associação Académica de Coimbra (SJ/AAC) recorda a edição de 2007. Desde a falha de internet no recinto até às «denúncias de falta de respeito», são várias as acusações que membros de grupos da Associação Académica de Coimbra (AAC) fazem à organização da Festa das Latas.
Entres elas, Nuno Ribeiro, vice-presidente da Secção de Fado da AAC (SF/AAC), diz que a secção se sentiu prejudicada pela forma como foi tratada no recinto: «Meteram-nos numa tenda toda enlamada, não nos deram um espaço para ensaiar e os nossos instrumentos f**aram poisados na gravilha». O mesmo estudante queixa-se que quando pediram auxílio às entidades responsáveis ignoravam ou respondiam-lhe mal. Também o descontentamento levou a Imperial Tertúlia In Vino Veritos a elaborar uma queixa formal contra a organização. À semelhança de edições anteriores, Paulo Eira, membro da tertúlia, garante que o seu grupo foi tratado de forma insultuosa. Desta vez, a organização queria colocar o grupo a tocar às sete da manhã e de se resignar perante os «insultos vindos dos responsáveis da produção». Por seu turno, a TV/AAC faz parte das secções que se queixaram da deficiência logística. A presidente desta, Ana Mesquita, recorda que «Tínhamos apenas duas cadeiras, num contentor que partilhamos com outra secção». A estudante fala ainda de promessas de resolução dos problemas logísticos que não foram cumpridas como a disposição de Internet RDIS e mobília nova.
É num ambiente de deterioração de relações entre seccionistas e a Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC) que Nuno Ribeiro diz que não há liberdade para críticas. Refere ainda que foi informado que a DG/AAC estava a ponderar não apoiar o FESTUNA e, perante o exposto, exigiu a demissão de Paulo Fernandes, o presidente da DG/AAC. Confrontado com as acusações, o presidente diz o seguinte: “não respondo a críticas nem acusações. Quando há problemas quero falar directamente com as secções para que haja harmonia dentro da grande casa que é a AAC”. Quanto às situações no recinto, Paulo Fernandes remeteu todas as explicações para o coordenador da Festa das Latas, Ricardo Duarte, no qual não foi possível contactar até ao fecho desta edição.
Artigo originalmente escrito por Rui Antunes.

A Festa das Latas de 2002 ficou marcada pelo ambiente de celebração entre a tradição, a música e a contestação estudanti...
30/09/2025

A Festa das Latas de 2002 ficou marcada pelo ambiente de celebração entre a tradição, a música e a contestação estudantil. Sob o lema "Vem conhecer os 115 anos de Academia", o evento apresentou "um dos mais ecléticos programas de atividades dos últimos anos".
O programa abriu com o Sarau, na noite de quinta-feira, seguindo-se à meia-noite a tradicional Serenata do Caloiro na Via Latina. O ápice voltou a ser o primeiro momento simbólico da integração académica: o baptismo dos caloiros no rio Mondego, transformando a Latada numa "fusão dos mais variados sentimentos e emoções celebradas nas margens do Mondego".
No cartaz musical, marcaram presença nomes internacionais como The Cranberries, Divine Comedy e Orishas, acompanhados por bandas nacionais de peso como Da Weasel, Squeeze Theeze Pleeze, Wray Gunn e o inevitável Q**m Barreiros. Os preços dos bilhetes variaram entre os oito e os 12 euros por dia para estudantes, e entre 12 e 20 euros para não estudantes. O passe-geral tinha o custo de 28 euros.
O prospecto desportivo deu destaque à Secção de Desportos Náutico e à Secção de Xadrez, enquanto a Direção-Geral da AAC promoveu uma campanha de sensibilização contra o consumo excessivo de álcool, lembrando que este "tem vindo a prejudicar gravemente a imagem de festas como estas", nas palavras do então presidente da DG/AAC, Victor Hugo Salgado.
A contestação estudantil também se juntou à festa, com a Magna de 22 de outubro a levantar a voz contra os cortes orçamentais.
E, claro, há sempre o "dia seguinte". Com o consumo de álcool a aumentar durante a semana académica, os estudantes procuram "Voodoo e outras curas para a ressaca". Há truques para todos os gostos: desde comer banana e carne ao pequeno-almoço com leite a acompanhar, passando por esfregar limões debaixo do braço com que pegam no copo ou garrafa, ou até espetar 13 alfinetes de cabeça preta na rolha da garrafa que provocou a ressaca.
Contudo, o melhor remédio continua a ser "beber com moderação para não chegar a casa com a sensação de ter um martelo pneumático a vibrar na cabeça".

Artigo originalmente escrito por Leila Campos, Sandra Dias e João Pedro Marques.

Endereço

Secção De Jornalismo Da Associação Académica De Coimbra
Coimbra
3000

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