08/10/2025
O método de imaginação ativa e os rituais xamânicos
A Intenção: Cura através do diálogo com o inconsciente
• Jung: A imaginação ativa tem como objetivo restaurar o equilíbrio entre o ego consciente e o inconsciente. A pessoa permite que imagens ou vozes internas surjam (vindas de sonhos, fantasias ou símbolos) e interage com elas como se fossem presenças reais.
• Xamã: O xamã entra em estados de transe para comunicar-se com espíritos ou forças arquetípicas, tratando-as como seres de outro mundo, a fim de trazer conhecimento ou cura para si ou para a comunidade.
Ambos tratam o mundo interior invisível como algo real e significativo.
O Método: Entrar em um estado alterado ou simbólico
• Jung: Ele não utilizava dr**as nem rituais externos. Em vez disso, relaxava em um estado semi-meditativo — desperto, mas permitindo que a imaginação assumisse o controle. Isso fazia com que cenas simbólicas surgissem espontaneamente.
• Xamã: Por meio de tambores, cantos, jejuns ou danças, o xamã induz um estado alterado de consciência para viajar ao mundo espiritual.
Ambos os métodos cruzam a ponte entre a consciência e o inconsciente, embora o de Jung seja psicológico, não sobrenatural.
O Encontro: Encontrar figuras interiores
• Jung: Durante suas próprias visões (registradas em O Livro Vermelho), ele encontrou figuras personificadas como Filêmon, que se tornou um guia — muito semelhante a um espírito-guia nas tradições xamânicas.
• Xamã: No mundo espiritual, os xamãs encontram animais de poder, ancestrais ou deuses — cada um representando forças da natureza ou da psique.
Ambos envolvem encontros simbólicos com seres arquetípicos que ensinam ou curam.
A Transformação: Integração e retorno
• Jung: Após o diálogo visionário, é necessário refletir conscientemente, escrever, pintar ou analisar os símbolos para integrar seus significados.
• Xamã: Depois de retornar do transe, o xamã interpreta a visão e aplica sua sabedoria para curar a comunidade.
Ambos enfatizam trazer a sabedoria do inconsciente/mundo espiritual de volta à vida cotidiana.
Em essência, Jung psicologizou o que os xamãs espiritualizaram — ambos buscam curar a fragmentação ao unir os mundos visível e invisível.