Isabella Pandolfelli - Psicologia Analítica

Isabella Pandolfelli - Psicologia Analítica Pós-graduanda em Psicologia Junguiana

O método de imaginação ativa e os rituais xamânicosA Intenção: Cura através do diálogo com o inconsciente• Jung: A imagi...
08/10/2025

O método de imaginação ativa e os rituais xamânicos

A Intenção: Cura através do diálogo com o inconsciente
• Jung: A imaginação ativa tem como objetivo restaurar o equilíbrio entre o ego consciente e o inconsciente. A pessoa permite que imagens ou vozes internas surjam (vindas de sonhos, fantasias ou símbolos) e interage com elas como se fossem presenças reais.
• Xamã: O xamã entra em estados de transe para comunicar-se com espíritos ou forças arquetípicas, tratando-as como seres de outro mundo, a fim de trazer conhecimento ou cura para si ou para a comunidade.
Ambos tratam o mundo interior invisível como algo real e significativo.

O Método: Entrar em um estado alterado ou simbólico
• Jung: Ele não utilizava dr**as nem rituais externos. Em vez disso, relaxava em um estado semi-meditativo — desperto, mas permitindo que a imaginação assumisse o controle. Isso fazia com que cenas simbólicas surgissem espontaneamente.
• Xamã: Por meio de tambores, cantos, jejuns ou danças, o xamã induz um estado alterado de consciência para viajar ao mundo espiritual.
Ambos os métodos cruzam a ponte entre a consciência e o inconsciente, embora o de Jung seja psicológico, não sobrenatural.

O Encontro: Encontrar figuras interiores
• Jung: Durante suas próprias visões (registradas em O Livro Vermelho), ele encontrou figuras personificadas como Filêmon, que se tornou um guia — muito semelhante a um espírito-guia nas tradições xamânicas.
• Xamã: No mundo espiritual, os xamãs encontram animais de poder, ancestrais ou deuses — cada um representando forças da natureza ou da psique.
Ambos envolvem encontros simbólicos com seres arquetípicos que ensinam ou curam.

A Transformação: Integração e retorno
• Jung: Após o diálogo visionário, é necessário refletir conscientemente, escrever, pintar ou analisar os símbolos para integrar seus significados.
• Xamã: Depois de retornar do transe, o xamã interpreta a visão e aplica sua sabedoria para curar a comunidade.
Ambos enfatizam trazer a sabedoria do inconsciente/mundo espiritual de volta à vida cotidiana.

Em essência, Jung psicologizou o que os xamãs espiritualizaram — ambos buscam curar a fragmentação ao unir os mundos visível e invisível.

O Reducionismo na Saúde Mental: Quando a Alma é IgnoradaÉ com um certo pesar — e, sim, um desapontamento profundo — que ...
24/09/2025

O Reducionismo na Saúde Mental: Quando a Alma é Ignorada

É com um certo pesar — e, sim, um desapontamento profundo — que observo o quanto ainda persiste, em muitos espaços da saúde mental, uma visão racionalista, reducionista e mecanicista da psique humana. Há profissionais que parecem operar como se o ser humano fosse apenas um sistema causal de estímulos e respostas, uma máquina biológica que pode ser explicada em manuais e tratada exclusivamente com protocolos padronizados ou substâncias químicas.
Essa postura ignora algo fundamental: o humano é também mistério, é símbolo, é história, é imaginação. Reduzir o sofrimento psíquico a desequilíbrios neuroquímicos ou a traumas localizáveis e objetivamente mensuráveis é ignorar toda uma dimensão subjetiva, simbólica e arquetípica que constitui o que somos.
Como não se frustrar diante de abordagens que descartam ou ridicularizam o valor dos sonhos, da linguagem metafórica, dos rituais de transformação e da jornada interior? Como aceitar que o símbolo seja tratado como irrelevante, quando ele é, justamente, a ponte entre o inconsciente e a consciência, entre o biográfico e o mítico?
A psicologia analítica, como desenvolvida por Jung, nos oferece uma visão infinitamente mais rica, mais profunda, mais respeitosa da complexidade do ser. Ela nos convida a escutar o que está por trás do sintoma, a dialogar com o inconsciente, a reconhecer os mitos que encenamos sem saber. É uma psicologia que reconhece o valor da alma — não como metáfora, mas como realidade viva que pulsa em cada imagem, cada sonho, cada sincronicidade.
Não se trata de negar os avanços da ciência, nem de demonizar a psiquiatria ou a psicologia baseada em evidências. Mas é preciso questionar quando essas abordagens tornam-se cegas àquilo que não podem medir. Quando o cientificismo se converte em dogma, ele se afasta da própria ciência — que deveria ser curiosa, aberta, dialógica.
É preciso escuta e humildade diante do mistério que é cada ser humano. É preciso um olhar mais inteiro, mais simbólico, mais poético — porque só esse olhar é capaz de tocar a alma, e não apenas os seus sintomas.

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