30/11/2025
ANAIS LEIRIENSES-19: O VERÃO QUENTE EM LEIRIA E OUTRAS MEMÓRIAS REGIONAIS
A sala Tipo Passe do m|i|mo – museu da imagem em movimento, em Leiria, foi o local eleito para o lançamento do19.º volume de “Anais Leirienses – estudos & documentos”, que ocorreu no dia 29 de Novembro de 2025, com as presenças do coordenador científico, Prof. Saul Gomes, do editor da Hora de ler, Carlos Fernandes, do Presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes, e do Presidente da Assembleia Municipal, Acácio Sousa. Com 463 páginas, este volume dá destaque a uma efeméride – os 50 anos do 25 de Novembro em Leiria – com um estudo de Acácio de Sousa, sob o título «Leiria 1975: do “verão quente” ao 25 de novembro», em que se faz um apuramento dos factos volvidos 50 anos e se apresentam algumas fotos inéditas. Estiveram também presentes alguns autores dos diversos estudos inseridos neste volume que, de viva-voz, sintetizaram o seu trabalho. Foram eles: Saul Gomes, Acácio Sousa, Mário Rui Rodrigues, Ana Tavares, Adelino Caravela, Carlos Fernandes, António Maduro, Ana Cláudia Neves e Cristina Nobre.
Para além do estudo «Do “verão quente” ao 25 de novembro», muitos outros dão corpo a este volume que abrange boa parte do Distrito de Leiria. Nele se encontram vários contributos para um conhecimento renovador do passado de municípios como os de Leiria, Alcobaça, Alvaiázere, Ansião, Castanheira de Pera, Marinha Grande, Pedrógão Grande e Porto de Mós. As extensas terras de Alcobaça ocupam o maior número de páginas da edição, o que dá testemunho da vitalidade que conhece a atual investigação historiográfica que se ocupa desse espaço. Apresenta-se documentação inédita relevante sobre lugares e gentes de Minde, hoje do concelho de Alcanena mas joia secular do antigo concelho de Porto de Mós, sobre o couto de Alcobaça na abertura de Setecentos, acerca de um ilustre intelectual de Alpedriz que viveu boa parte da sua vida em Macau e, ainda, sobre um artista de renome, Lourenço Chaves de Almeida, “ourives do ferro”, no encómio poético de Afonso Lopes Vieira. Coligem-se dados sobre populações rurais, em Serro Ventoso, e sobre a vida militar de naturais da Benedita e de comandantes, oficiais e praças do Regimento de Infantaria n.º 7 (Leiria) por ocasião do 25 de Abril de 1974.
Leiria é um distrito historicamente plural, densamente agrícola mas também centro de importantes indústrias de nível nacional, cujo conhecimento ganha novas leituras agora com as páginas dedicadas às indústrias marinhenses (cerâmica, louças, refratários e similares) e ao aparecimento e expansão da cultura da batata. Os ideários muito republicanos do ensino universal e do debate político nos concelhos de Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Ansião, assim como as políticas culturais do Estado Novo, projetadas em Alcobaça, mereceram, também, a atenção de alguns colaboradores. A evolução morfológica de Leiria, a genealogia do Barão de Alvaiázere, as expressões populares de devoções marianas e a arte ornamental em selos de chapa são alguns outros temas tratados no presente volume.
Como habitualmente, publicam-se, ainda, apontamentos relativos a efemérides, reflexões, imanes e nótulas históricas. Um extenso obituário permite biografar e homenagear a boa memória de autores e escritores leirenenses como Mapone, José Nunes André, João de Castro e Luís Vieira da Mota.