
12/09/2025
Descansa.
Sim: tu.
O obcecado com produtividade, com listas de tarefas, com “só mais um esforço”.
Metade de alcançar o que queres é preparação; a outra metade é descanso.
Ensinaram-te que descansar é preguiça.
Que parar é fracassar.
Que respirar é um luxo.
Vivemos numa era onde o burnout é medalha e a exaustão é currículo.
No interior do rolo compressor do fazer, do mostrar, do cumprir.
Por todo o lado, há gente a morrer por dentro enquanto sorri para selfies com filtros motivacionais.
Descansa.
Sai do túnel.
Desliga o ecrã.
Lembra-te do que eras antes de seres função, produção, obrigação.
Vai ver o mar.
Ou o tecto.
Ou nada.
Dorme.
Dormir não é tempo perdido; é o corpo a consertar o que o dia partiu.
Só quem dorme bem acorda inteiro.
Distrai-te.
Não é para fugir; é para voltares inteiro.
A resposta não vem do esforço cego; vem da pausa lúcida.
Do nada que parece inútil.
Do silêncio que te devolve a ti mesmo.
Às vezes, quem muda tudo tem de fazer nada.
Descansa.
Não és uma máquina.
Ainda bem.
_
O HOSPITAL DE ALFACES
O meu novo livro.
Já disponível em todos os hipermercados e livrarias.