23/03/2025
A conferência de imprensa do Partido Luz foi, sem dúvida, um verdadeiro espetáculo , com declarações repletas de contradições.
O destaque vai para “N’duba”, que afirmou que a violência sofrida pelo líder do seu partido em Lisboa teria um “efeito boomerang”, ou seja, que os responsáveis pelo ato acabariam por sofrer as consequências do mesmo. No entanto, parece que o próprio N’duba esqueceu (ou convenientemente escolheu ignorar) um passado não tão distante.
Há sete anos, o agora líder do Partido Luz (Lesmes Monteiro) integrava o grupo “Inconformados”, um movimento que ficou conhecido por sua postura agressiva e pelos sucessivos atos de desrespeito ao então Presidente da República, José Mário Vaz (Jomav). Durante o mandato de Jomav, os “Inconformados” recorreram frequentemente a estratégias de confronto, desde manifestações tumultuadas até ataques diretos à autoridade do Presidente, numa tentativa de enfraquecer o seu governo. Agora, ironicamente, aqueles que antes protagonizavam esses mesmos atos de violência aparecem como vítimas e exigem respeito para o atual Presidente Umaro.
A hipocrisia é evidente: quando estavam na oposição, recorreram à desordem e ao desrespeito para contestar o governo, mas agora, no poder, condenam e se dizem vítimas das mesmas práticas. O que antes era justificado como “luta contra a opressão” hoje é tratado como “ataque à democracia”, conforme a conveniência política do momento.
Além disso, há um agravante que torna a situação ainda mais irónica. O ex-Presidente, Umaro, está amplamente envolvido em atividades ilícitas, incluindo o tráfico de dr**as. Esse é o homem que o Partido Luz agora defende intransigentemente, exigindo respeito por sua liderança.
Se antes eram “revolucionários” contra a injustiça, hoje são os defensores de um sistema que outrora criticavam.
O episódio da violência em Lisboa é lamentável e condenável, independentemente de quem seja a vítima. No entanto, a tentativa do Partido Luz de se colocar exclusivamente no papel de vítima sem reconhecer sua própria responsabilidade histórica revela a falta de coerência e honestidade política. Afinal, se acreditam no “efeito boomerang”, talvez seja o momento de refletirem sobre as ações que praticaram no passado e perceberem que o retorno que estão enfrentando agora pode ser apenas o reflexo de atos praticados no passado.