15/06/2025
Partilhamos convosco um excelente artigo do Filipe Carvalho, autor português que se vai estrear com lançamento em livro pela Contra-Corrente, ainda durante este ano.
" - O Racismo Sistémico como falsa questão: Uma perspectiva crítica -
A obsessão contemporânea com o chamado "racismo sistémico" tornou-se não apenas num reflexo automático da intelligentsia progressista, mas também num sintoma revelador de um declínio civilizacional mais profundo: o abandono da racionalidade crítica em favor de uma metafísica da culpa e de uma ontologia do ressentimento. Importado com zelo missionário do vocabulário racial americano, o conceito de racismo sistémico opera, no discurso público europeu e particularmente em Portugal, como um dispositivo ideológico, e não como uma descrição rigorosa da realidade.
No discurso racialista contemporâneo, a raça é simultaneamente negada enquanto realidade biológica, mas afirmada com intensidade quase metafísica enquanto identidade vivida. Esta contradição revela o carácter dogmático do anti-racismo militante, que deixou há muito de se limitar à denúncia de práticas discriminatórias concretas para se transformar num sistema de pensamento totalizante, onde toda a diferença estatística entre grupos étnicos é automaticamente interpretada como produto de opressão.
Como advertiu Alain de Benoist, figura maior da Nouvelle Droite francesa, "a ideologia anti-racista acaba por reproduzir o racialismo sob a forma da culpabilização sistemática dos europeus e da vitimização perpétua dos outros."
A noção de "racismo sistémico" é, na sua génese, um delirante instrumento de guerra cultural, não uma categoria descritiva. Parte do princípio (pressupostamente), de que as instituições ocidentais estão estruturalmente contaminadas pela lógica da exclusão racial. Contudo, esta narrativa ignora que, na Europa, as constituições, as leis e os princípios jurídicos consagram há décadas a igualdade formal entre os cidadãos, sem qualquer referência à raça.
Em Portugal, por exemplo, não há qualquer indício de que o sistema judicial, educativo ou político funcione segundo critérios raciais, antes pelo contrário. O Estado português nem sequer recolhe dados étnico-raciais oficiais. Falar de "racismo sistémico" é, assim, atribuir à estrutura um pecado invisível e falacioso.
A direita filosófica e identitária, desde Dominique Venner a Guillaume Faye, tem criticado com lucidez o uso do anti-racismo como arma de deslegitimação da civilização europeia. Ao colocar o europeu nativo como opressor estrutural, independentemente da sua ação individual, cria-se uma cultura de culpa e autonegação, minando assim o sentido de pertença, destruindo a coesão social e impedindo qualquer forma de orgulho cultural legítimo.
Curiosamente, os defensores da teoria do racismo sistémico ignoram um dado sociológico elementar: os verdadeiros centros de poder cultural e institucional adoptaram já essa narrativa como ortodoxia. Universidades, meios de comunicação, organismos estatais e corporações multinacionais integram o anti-racismo militante como dogma oficial.
Inegavelmente e, diante de uma inversão perversa, a narrativa da opressão é promovida pelos próprios detentores do poder, enquanto os dissidentes são tratados como marginais ou extremistas. Esta é a verdadeira estrutura de dominação ideológica contemporânea, como bem diagnosticou Jean-Yves Le Gallou, outro pensador da Nova Direita, ao falar de "ditadura do emocional e do politicamente correcto".
A direita filosófica europeia, representada por alguns autores como Alain de Benoist, Guillaume Faye ou Renaud Camus, propõe uma reconstrução cultural baseada em pertença, continuidade histórica e lucidez crítica. Contra o império do ressentimento e da abstração ideológica, é preciso restaurar o real, a experiência concreta e o enraizamento."