23/10/2025
O que acontece de mais comum em terapia de crianças e jovens:” Carla, o meu filho não se concentra, tudo o distrai, não tem foco, não me ouve, não ouve o(a) professor(a), tem dificuldades em Matemática, está a ser seguido(a) na psicóloga, tem explicações… mas nada está a resultar!”
Quando recebo este tipo de situações, a primeira coisa que faço é ouvir a mãe ou o pai, aquele que for acompanhar a criança ou adolescente, entender a visão de quem convive no dia a dia com ele(a), retiro as minhas anotações e faço algumas questões pertinentes sobre o caso.
A criança ou adolescente, caso se sinta confortável em f**ar só comigo no gabinete, vê o pai ou a mãe sair e muda logo o olhar, a postura muda e a expressão acalma …
Peço para que me descreva o que acontece nas aulas de Matemática, o que sente com o Professor, o que sente com os colegas, se sente apoio em casa, se pode expressar as suas emoções livremente… e a conclusão a que chego é que sempre que erra quando vai ao quadro, sempre que é chamado(a) a responder, sempre que apresenta um trabalho ou uma ideia é gozado(a) por toda a turma!
Quando vou mais fundo, analisando o ambiente familiar, apercebo-me que o gozo na escola também acontece em casa, nada do que faz está bem, é gozado(a) e desencorajado(a) a não fazer, porque vale mais estar quieto(a) do que fazer mal…
A ansiedade, o medo, a humilhação apoderou-se daquela criança ou adolescente que quando pensa em fazer alguma coisa já está a preparar-se para o pior, já levantou as barreiras, já vestiu o colete de balas e está à espera da humilhação, na cabeça dele(a) não sabe fazer nada, o que faz está sempre errado, ninguém gosta dele(a)…
Quando esta criança não tem um adulto onde se refugiar, não tem quem a acolha, a defenda deste tipo de situações ela cria um mecanismo de defesa, antes de cada situação surgir já pensou em tudo:como reagir, como se defender, como fugir, como evitar a dor, o que o outro vai dizer, o que o outro vai fazer, como o outro vai reagir… e quando chega o momento de estar concentrado(a) a cabeça não pára! O pequeno corpo está lá, mas a mente e alma estão em todo o lado a antecipar as situações que possam magoar.
A casa, que deveria ser a zona de conforto da criança e do adolescente, onde deveria recuperar a energia, ser acolhido na sua dor, empoderado no amor e segurança dos pais…torna-se num ambiente inseguro.
Na escola, que deveria ser um local de aprendizagem e de socialização saudável, torna-se um campo de batalha.
A criança e o jovem não se sente seguro em lado nenhum, então é impossível que o seu pequeno cérebro consiga concentrar-se em situações desafiadoras, porque quando uma criança está com medo ou em grande stress são libertados para a corrente sanguínea hormonas como o cortisol, a adrenalina e a noradrenalina que preparam o corpo para a fuga ou luta, aumentando a frequência cardíaca e a pressão arterial, o cortisol ajuda a gerir as situações de stress.
Quando estas hormonas estão em grandes quantidades no organismo pode ser prejudicial para a saúde, principalmente em crianças e jovens que ainda não têm o seu cérebro totalmente desenvolvido, e não sabem regular as suas emoções sem ajuda de um adulto!
Quando uma criança ou adolescente apresenta alguma dificuldade na escola ou em casa, o problema não está nela e sim no ambiente ao seu redor, quando identif**amos a origem do problema podemos reparar danos que podem ser irreversíveis no futuro emocional e mental daquela criança ou jovem.
Nem sempre as explicações funcionam nestes casos, porque a criança ou o jovem estão todos os dias em contacto com aquilo que os assustam e os deixam em stress constante!
Nem sempre as sessões de psicologia funcionam, se não for encontrada a origem do que provoca tudo aquilo que já partilhei anteriormente.
A resolução está em partilhar com os pais o que foi descoberto na sessão, aconselhar os mesmos a fazerem o seu trabalho de cura, porque se não protegem, não defendem e gozam com os filhos é porque passaram pelo mesmo na infância e juventude!
Um pai ou uma mãe não podem dar ao filho aquilo que não receberam dos seus pais.
Os professores que gozam com os seus alunos e permitem que os alunos sejam gozados pelos colegas, são aqueles que também foram gozados no passado e não conhecem outra realidade. Não amadureceram a sua criança ou jovem, continuam presos às dores do passado e não conseguem impor o respeito e a ordem na sala de aula.
A culpa não é dos pais, dos professores, da escola, dos alunos… a origem é mais profunda!
Ninguém tem culpa, simplesmente não têm consciência das suas feridas de infância, repetem padrões que lhes são conhecidos.
Se faz sentido para ti esta partilha, partilha com quem possa necessitar de apoio;
Se isto acontece contigo, com os teus filhos, não hesites em pedir ajuda!
Só podemos mudar quando temos consciência do que nos magoa.
Por mais Famílias, crianças, jovens e adultos felizes e conscientes ❤️
Eu sou a Carla Tavares, a tua Terapeuta Educacional