03/06/2025
As novas tabelas de retenção de IRS para 2025 estão a gerar debate — e com razão. Numa análise lúcida publicada na revista Pontos de Vista, Nelson Neves, docente do ensino superior e especialista em finanças empresariais, levanta questões essenciais sobre a implementação destas medidas e o seu real impacto na vida dos contribuintes e nas empresas.
Apesar da intenção de tornar a retenção mensal mais próxima do imposto anual efetivamente devido, a execução ficou aquém. Faltou sensibilidade e, sobretudo, planeamento político. Muitos contribuintes foram surpreendidos com simulações que apontam para menores reembolsos ou até pagamentos adicionais. Isto não seria um problema, se tivesse existido uma comunicação clara e pedagógica por parte das autoridades.
Nelson Neves sublinha que, embora o ajuste possa trazer ganhos de rendimento disponível para alguns, os impactos não são uniformes e colocam pressão acrescida sobre o tecido empresarial — em especial as PME, que enfrentam aumentos de custos salariais sem garantia de retorno no consumo interno.
É nas entrelinhas desta análise que surge um alerta importante: sem transparência e sem uma estratégia integrada entre Estado, empresas e trabalhadores, reformas fiscais arriscam-se a criar mais ruído do que benefícios.
Mais do que medidas, é preciso contexto, clareza e preparação. E esse é o ponto central que a visão de Nelson Neves tão bem nos recorda.