A Culpa é das Estrelas

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Uma hora semanal de música cuidada com as palavras de Gente com veia de Escritor

Quarta-feira e Domingo (reposição), às 22H00 (GMT)
RÁDIO TERRA NOVA

Domingo e Quarta-feira (reposição), às 21H00 (GMT)
RÁDIO VFM

26/10/2025

“Senão ninguém” *
Autor: Rui Vasqueiro

O que serei eu, senão ninguém...
Um entre os demais que o são
não sei se acaso eles o saberão
assim como eu não o sei também.

E mesmo sabendo que não o sei
saberei então se me faço entender
pois se alguma vez cheguei a ser
ou vez nenhuma, a ser o cheguei?

Já que ser alguém, em mim não tem
razão substantiva para assim o ser
como o tem, sem ter, o ser ninguém

porque ser ninguém é todo o saber
em não ser, por ter o que não tem
de alguém, que não tem como o ter...

* A CULPA É DAS ESTRELAS Emissão #259 – 22OUT25

26/10/2025

S/T *
Autor: Rui Vasqueiro

O postremo do soneto a soletrar...
As palavras já temem o seu porvir...
A tirania do ponto está para chegar
e mais o silêncio adutor a perseguir

um pertinaz poema que está a cogitar
saber como malquisto destino indeferir
enquanto estão palavras por respirar
e o ponto, do ponto final não intervir.

Ponto e virgula diz o poema ao final
que o fim, ponto não será afinal….
porquanto não lhe deve obediência.

O meu poema não tem no final ponto
nem às prestações, ou pago a pronto...
o meu poema é um até já nas reticências...

* A CULPA É DAS ESTRELAS Emissão #259 – 22OUT25

26/10/2025

“Raia insinuosa” *
Autor: Rui Vasqueiro

Na raia insinuosa do nosso olhar
o desfilar inerte do sublime vestido
da dureza das pedras como tecido
de cambraia dobrado no calcanhar

que desdobra lento no caminhar
ao passo peregrino está remetido
lavrando um tempo desconhecido
decorrente da sua distância secular

que para além Tejo então se vestiu
entre veredas, socalcos e montes
desse manto empedernido se cobriu

e como uma alameda defronte
se estendeu nos passos que sentiu
no seu corpo despido no horizonte

* A CULPA É DAS ESTRELAS Emissão #259 – 22OUT25

26/10/2025

“Onze maior” *
Autor: Rui Vasqueiro

Das tuas veias, ainda respiro a tua dor
desse sangue que naufragou meu peito
do onze onde tombou teu corpo sem leito
e só o chão álgido o recebeu com fragor.

Nesse soalho, foi esse ventre derramado
e com ele uma frágil promessa de Maio
quando a vida te olhou que não de soslaio
já o tempo de vida por ti tinha passado

mas sem o teu tempo, tempo não haveria
nem presença, que com a ausência se pareça
nem infinitude no tempo, que te mereça

e do onze de onde um dia partiste um dia
partiria teu Março, num Setembro postiço
e logo a vida perdeu em nós todo o seu viço

* A CULPA É DAS ESTRELAS Emissão #259 – 22OUT25

26/10/2025

“Refugiado” *
Autor: Rui Vasqueiro

Não sou nada, conquanto vivido
Transito esquecido pelos olhares
num esconso lugar dos lugares
do tempo no silêncio adormecido.

Sei da terra onde fui esculpido
mesmo sabendo dos apesares
atravesso o coração dos mares
morrendo para me ver renascido.

Só meu corpo lazarento me habita.
Enquanto penso no penoso caminho
escrito nas cinzas dum povo proscrito

pois viro as costas à morte e à desdita
de alma resgatada no verso me alinho
num horizonte de vida no cais escrito...

* A CULPA É DAS ESTRELAS Emissão #259 – 22OUT25

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26/10/2025

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A CULPA É DAS ESTRELASEmissão  #259 - 22OUT25Locução & Produção: Jorge CravoContacto: culpadasestrelas.radio@gmail.comAu...
26/10/2025

A CULPA É DAS ESTRELAS
Emissão #259 - 22OUT25
Locução & Produção: Jorge Cravo
Contacto: [email protected]
Autor Convidado: Rui Vasqueiro

A CULPA É DAS ESTRELAS Emissão #259 - 22OUT25 Locução & Produção: Jorge Cravo Contacto: [email protected] Autor Convidado: Rui Vasqueiro www.terranova.pt cast.redewt.net:2199/start/vfm open.spotify.com/playlist/05mUnngOE4wwHbWdneuubH?si=cwgEGknORlGJ7CCEg92pYg

14/10/2025

“Acontece-me muitas vezes morrer, estando vivo” *
Autor: Joaquim Paulo Nogueira

Não digo desaparecer. Ou evaporar-me,
forma suprema de desvanecimento que só aos deuses imaginários,
ou que imagino,
é concedida.
Digo morrer.
E nem é fazer de morto,
embora o faça também muitas vezes quando os vivos dão mais trabalho e preciso de
inexistir.
Daquela existência que só o silêncio restitui.
Morrer à séria. É mesmo uma ação física,
morro,
deixo de respirar, sinto as células a fecharem-se, a desligarem-se uma a uma.
Como se me preparasse para a derradeira fisicalidade que há naquilo a que chamamos
morte,
e que não sabemos,
nem nunca saberemos o que é. Morro,
deixo o mundo e ainda cá estou, faz-me muito bem morrer.
Morro muito rapidamente e durante pouco tempo,
o médico legista nem tem tempo de sair de casa para registar a ocorrência.
Depois renasço.
O melhor do morrer é o renascer.
Como se fossem pétalas da flor em que te tornaste,
sentires as moléculas a abrirem-se de espanto,
tudo outra vez, e outra vez, e sempre, sempre,
outra vez,
olhar a vida como se tudo tivesse vindo de novo ao mundo,
as primeiras impressões, os primeiros olhares, os primeiros
enternecimentos.
Fazer tudo de novo e de outro modo,
de um outro modo que descobrimos depois,
ser a mesma maneira com que sempre tudo fizemos.
É uma coisa cíclica, morrer. Um hábito antigo que se aprimorou,
o tempo nos dá ciência, e até,
quem sabe,
alguma virtude.

* A CULPA É DAS ESTRELAS Emissão #258 – 08OUT25

14/10/2025

“E agora?” *
Autor: Joaquim Paulo Nogueira

E agora?
E agora que recuperei a vontade de lutar mas perdi completamente a ideia de contra quem
erguer a minha espada,
o que farei deste nervo de guerreiro?
Abro um silêncio ao meio.
Desembainho a lâmina certeira e afiada,
vazo-o em duas metades,
como se fosse uma melancia vermelha.
O meu sangue no sangue do mundo.
O suco escorre-me pela face,
perfura-me o peito,
entra no sistema circulatório,
vai sem demora direito ao coração,
enquanto as sementes pretas caiem no regaço da terra.
Amanhã irei de novo procurar um pescoço, um coração,
onde cumprir a vingança que o mundo tece contra si próprio.
Por agora fico-me apenas a devorar a melancia vermelha,
primeiro uma metade,
depois a outra,
no meio ainda sorrio, pergunto-me,
porque as cortas às metades se as comes às duas?,
o suco parece-me tanto o teu sangue
na minha boca
menstruada,
como se fosses tu, como nunca foste,
nem serás,
a solidão é o menor dos males de que
padecerei, padeço,
o suco da melancia,
é vermelho,
vermelha é a terra,
os dias, a vida,
zangada ou não.

* A CULPA É DAS ESTRELAS Emissão #258 – 08OUT25

A CULPA É DAS ESTRELASEmissão  #258 - 08OUT25Locução & Produção: Jorge CravoContacto: culpadasestrelas.radio@gmail.comAu...
14/10/2025

A CULPA É DAS ESTRELAS
Emissão #258 - 08OUT25
Locução & Produção: Jorge Cravo
Contacto: [email protected]
Autor Convidado: Joaquim Paulo Nogueira

A CULPA É DAS ESTRELAS Emissão #258 - 08OUT25 Locução & Produção: Jorge Cravo Contacto: [email protected] Autor Convidado: Joaquim Paulo Nogueira www.terranova.pt cast.redewt.net:2199/start/vfm open.spotify.com/playlist/05mUnngOE4wwHbWdneuubH?si=cwgEGknORlGJ7CCEg92pYg

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