28/05/2025
Ocorreu, isto é, velejou velejando , refletindo e pensando, mareando, caçando folgando, e sobretudo celebrando a carpintaria naval, a força do futuro desta arte milenar, este 21º ANIVERCENÁRIO. Estiveram com a CENARIO muitos amigos, gente de diversos quadrantes, o Pedro Bicudo, brilhante orador que conquistou a audiência com a mestria da comunicação, com a empatia fulgurante que a todos sensibilizou. E os Açores continuam esse encanto de ilhas, com seu património marítimo por vezes arrumado ali para os lados das Américas, mas que muito significa e enriquece o património marítimo português. E não são só baleeiras, ou regatas reinventadas pela ausência da caça aos cetáceos, são os encontros, cruzamentos e fecundas trocas de civilizações que por ali ocorrem nestas encantadas ilhas, local de passagem e repouso de muitas e diversas frotas ao longo dos tempos das navegacões atlânticas. Esta a realidade que o Pedro nos legou, e fiquem com a certeza, quem não o ouviu no passado sábado, dia 24 de maio, o dia da boa memória... assim ficará para a história da cenário este dia em que o tempo parou, os ventos amainaram, o sol brilhou, e a música do Acácio compareceu, recordando os dramas de África mas também a alegria da partida e da chegada, no poema de Fausto Bordalo Dias. Conhecemos também o valor de João Barbas ao leme, mareando o "Vouga" , atento ás velas e ao vento indicando a afinação certa, o folgar e caçar com precisão astronómica... de tal modo que, partindo no final da frota chegamos( por acaso?), em primeiros ao cais do Puxadouro, com velas de algodão da velaria de Guilherme de Azevedo, velas de algodão de1955!
Contudo, a sensibilidade e a presença do Carlos, físico e colega de Fernando Carvalho Rodrigues, embaixadores da Náutica e do património marítimo, personagens quer conheci em 2005 a bordo do "Riquitum" galeão de Setúbal, em momento de perfeita e notável descoberta... completou a presença da APPM- Associação portuguesa do Património Marítimo. Para terminar devo dizer que não ficamos apenas pelas palavras, necessárias á consolidação e sedimentação dos sonhos, verbo e instrumento de projeção e ação presente e futura, sim vamos construir mais barcos, e reconstruir e preservar os que nos legaram, essa "herança marítima que devermos passar ás proximas gerações" , como referiu o Pedro Bicudo. As formações em carpintaria naval vão ocorrer, Alexandre Rosas da Câmara municipal de Ovar assim o garantiu e devo dizer que estão a caminho as máquinas e equipamentos necessários para trabalhar madeira... Assim possamos garantir a presença de muitos e interessados formandos, e preservar e reabilitar os mestres para a função de transmitir o saber e o conhecimento, livre de fronteiras e barreiras ou linhas imaginárias delimitando o desenvolvimento.