27/06/2025
Especialistas preparam estratégia urbanística para adaptar Lisboa às alterações climáticas
Um grupo de trabalho de 12 peritos (entre eles os arquitetos Manuel Aires Mateus e Inês Lobo e o cientista Filipe Duarte Santos), coordenado pelo gabinete de arquitetura hori-zonte, prepara propostas que a capital poderá adotar futuramente para minimizar o impacto do aquecimento global e reduzir as ilhas de calor na cidade. Conclusões e medidas serão anunciadas na 9.ª edição da Archi Summit, no último dia do evento (11 de julho)
O gabinete hori-zonte, especializado em arquitetura sustentável e um dos finalistas portugueses dos Prémios “Building of the Year 2025” da plataforma internacional ArchDaily, formou um grupo de trabalho com 12 especialistas, de diferentes expertises, para avançar com um conjunto de propostas urbanísticas concretas, tendente a mitigar os efeitos do aquecimento global na vivência citadina de Lisboa, uma das geografias nacionais mais sujeitas, por exemplo, aos efeitos das ilhas de calor - zonas onde as temperaturas são mais elevadas do que nas circundantes, geralmente devido à concentração de estruturas com maior capacidade de retenção térmica.
Os contributos do conjunto de peritos serão trabalhados durante o workshop "ReThink Lisboa: Climate & Regeneration Proposal 2030", em plena Archi Summit - cuja 9.ª edição decorrerá de 9 a 11 de julho, na capital, no Hub Criativo do Beato -, findo o qual serão conhecidas as conclusões e a estratégia a seguir para uma Lisboa mais fresca e com mais qualidade de vida. A divulgação do documento final acontecerá no último dia (11, sexta-feira) do evento internacional de arquitetura, numa sessão pública, às 14h30.
Da equipa multidisciplinar que trabalhará em contexto Archi Summit fazem parte nomes como os arquitetos Manuel Aires Mateus e Inês Lobo, o cientista Filipe Duarte Santos (professor catedrático da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, presidente do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável e um dos investigadores mais conceituados em alterações climáticas e sustentabilidade), o engenheiro Vasco Appleton (A2P Engenharia), o urbanista Daniel Casas Valle (conhecido pela obra "The Future Design of Streets"), o arquiteto e investigador Adrian Krężlik (Dosta Tec, Energy and Buildings for Future Climate), a arquiteta paisagista Catarina Viana (Topiaris), a especialista em sustentabilidade Vanessa Tavares (BUILT CoLAB – Laboratório Colaborativo para o Ambiente Construído do Futuro), o arquiteto paisagista Paulo Palha (Neoturf e EFB - European Federation of Green Roof and Green Wall Associations) e a especialista em saúde pública Teresa Leão (professora auxiliar da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto), entre outros contributos, que a organização está neste momento a fechar e que serão anunciados nos próximos dias.
A moderadora e relatora da iniciativa, que conta com o patrocínio da Egger, será a arquiteta Ana Neiva (professora e investigadora da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto).
“Lisboa enfrenta vários desafios climáticos que exigem respostas urgentes e integradas. Com o workshop ‘ReThink Lisboa’ queremos criar um espaço onde arquitetos, urbanistas, cientistas e outros profissionais possam pensar conjuntamente em soluções reais para a cidade e para o bem-estar dos seus cidadãos”, sublinha Diogo Lopes Teixeira, co-fundador do gabinete hori-zonte.
Para o arquiteto, a iniciativa reflete a forma como o coletivo de que faz parte “entende a prática: colaborativa, crítica e comprometida com a transformação do território”. “Só com uma abordagem verdadeiramente multidisciplinar é possível desenhar um futuro urbano mais regenerativo e resiliente”, complementa, olhando para o diagnóstico, a reflexão, a estratégia e a proposta de ação que resultarão como um contributo técnico-científico que pode ajudar o território.
Na base do documento final, que “poderá servir como referência para a implementação de políticas e projetos sustentáveis”, estarão, precisa o partner do hori-zonte, a identificação dos principais “constrangimentos urbanos e ambientais” que Lisboa enfrenta, devido às alterações climáticas, e um conjunto de “ações práticas e estratégias viáveis para mitigar” esses desafios e promover uma cidade “mais sustentável e resiliente”.
Um mapa térmico muito desigual
Não obstante os passos que têm sido dados pelo município, alguns dos quais em jeito de antecipação, Lisboa é, de acordo com a Agência Europeia do Ambiente, a 11.ª capital europeia com menor cobertura de árvores – um fator crítico se pensarmos que a temperatura desce em média 1ºC por cada 50 metros quadrados adicionais de cobertura vegetal.
A urbe alfacinha possui, ainda, um mapa térmico muito desigual, com várias ilhas de calor urbano a manifestar-se ciclicamente, com diferenças médias entre os 2ºC e os 3ºC, mas que chegam a atingir, nalguns locais, diferenças de 11ºC relativamente aos valores de referência (a estação meteorológica do aeroporto).
Estes temas estão na ordem do dia em várias cidades europeias e mundiais, e não faltam exemplos de passos urbanísticos concretos que estão já a ser dados em algumas dessas malhas urbanas, a pensar na qualidade de vida das populações.
“Paris, por exemplo, vai substituir nos próximos anos 40% do asfalto na rede viária por revestimentos termicamente mais refletores, enquanto converterá parques de estacionamento em zonas verdes e plantará quase 200 mil árvores”, exemplifica Diogo Lopes Teixeira.
O arquiteto do hori-zonte sublinha que tais “medidas são apenas algumas, exemplificativas, de cariz arquitetural, paisagístico e urbanístico, que podem fazer parte de uma estratégia integrada, que tem de ser pensada cidade a cidade”. A qual pode comtemplar outras técnicas, como sejam maior espaçamento entre edifícios, plantação de zonas arbóreas em áreas críticas (sobretudo árvores de arruamento), uso de superfícies (coberturas, paredes e pavimentos) com maior capacidade refletora, telhados e fachadas verdes, técnicas exteriores de ventilação natural, entre muitas outras.
----
Experts prepare urban planning strategy to adapt Lisbon to climate change
A working group of 12 experts (including architects Manuel Aires Mateus and Inês Lobo and scientist Filipe Duarte Santos), coordinated by architecture studio hori-zonte, is preparing proposals that the Lisbon capital could adopt in the future to minimise the impact of global warming and reduce heat zones in the city. Conclusions and actions will be announced at the 9th edition of the Archi Summit, on the last day of the event (11 July).
The hori-zonte office, which specialises in sustainable architecture and is one of the Portuguese finalists for the ‘Building of the Year 2025’ awards on the international ArchDaily platform, has formed a working group with 12 specialists of different expertise to come up with a set of specific urban proposals aimed at mitigating the effects of global warming on city life in Lisbon, one of the national regions most exposed, for example, to the effects of heat islands - areas where temperatures are higher than in the surrounding areas, usually due to the concentration of structures with greater thermal retention capacity.
The contributions of all the experts will be discussed during the ‘ReThink Lisboa: Climate & Regeneration Proposal 2030’ workshop, in the context of the Archi Summit - the 9th edition of which will take place from 9 to 11 July in the capital, at the Beato Creative Hub - at the end of which the conclusions and the strategy to be followed for a fresher Lisbon with a better quality of life will be announced. The final document will be released on the last day (Friday 11th) of the international architecture event, in a public session at 14.30.
The multidisciplinary team that will be working on the Archi Summit includes architects Manuel Aires Mateus and Inês Lobo, scientist Filipe Duarte Santos ( Professor at the Faculty of Sciences of the University of Lisbon, president of the National Council for the Environment and Sustainable Development and one of the most renowned researchers in climate change and sustainability), engineer Vasco Appleton (A2P Engenharia), urban planner Daniel Casas Valle (known for his work ‘The Future Design of Streets’), architect and researcher Adrian Krężlik (Dosta Tec, Energy and Buildings for Future Climate), landscape architect Catarina Viana (Topiaris), sustainability expert Vanessa Tavares (BUILT CoLAB - Collaborative Laboratory for the Built Environment of the Future), landscape architect Paulo Palha (Neoturf and EFB - European Federation of Green Roof and Green Wall Associations) and public health expert Teresa Leão (assistant professor at the Faculty of Medicine of the University of Porto and the Institute of Public Health of the University of Porto), among other contributors, which the organisation is currently closing and which will be announced in the coming days.
The moderator and speaker for the initiative, which is sponsored by Egger, will be architect Ana Neiva (professor and researcher at the Faculty of Architecture of the University of Porto).
‘Lisbon faces several climate challenges that require urgent and integrated solutions. With the ‘ReThink Lisboa’ workshop we want to create a space where architects, urban planners, scientists and other professionals can think together about real solutions for the city and the well-being of its citizens,’ emphasises Diogo Lopes Teixeira, co-founder of the hori-zonte office.
For the architect, the initiative reflects the way the collective he is part of ‘understands practice: collaborative, critical and committed to transforming the territory’. ‘Only with a truly multidisciplinary approach is it possible to design a more regenerative and resilient urban future,’ he adds, looking at the diagnosis, reflection, strategy and proposal for action that will result as a technical-scientific contribution that can help the territory.
The final document, which ‘can serve as a reference for the implementation of sustainable policies and projects’, will be based on the identification of the main ‘urban and environmental constraints’ that Lisbon faces due to climate change, and a set of ‘practical actions and viable strategies to mitigate’ these challenges and promote a ‘more sustainable and resilient’ city.
Links:
https://www.hori-zonte.com/
https://www.archisummit.pt/