25/05/2025
Estava um dia solarrengue em Setúbal, daqueles caté parrecem feites prra caminharr devagarrinhe e trrupeçar em memórrias. Lá ia eu a atrravessarr a Prraça du Bocage, com uma tcherrt Nã Távas Capaz Nã Vinhas e uma “Vai Mai Z’Uma!” na mão, quande ouvi uma garrgalhada meie sarrcástica vinda lá de cima da estátua. Olhei bem… e jurre jurradinhe q'ele piscou-me o olhe.
“Ò amigue, isso é cerrveja que se beba?”, atirrousse lá de cima e estatelousse ali même e disse ele, já de pé, de casaca verrmelha e lençe ó pescoçe, como se tivesse acabade de sairr dum sonete malcrriade.
“É arrtesanal sóce! Feita com cenas boas… e não é pa menines”, respondi eu, abrrindo outrra garrafinha e dei-lhe pá mão.
Sentámes ali même, no banque da prraça, como dois velhes conhecides que nã se viam desde 1765. Ele prrovou, lambeu os bêçes e disse: “Esta nã é brrincadeirrinha! Até me veio logo um verrso à cabeça: ‘já só tem espuma? Então Vai Mai Z'uma!’”.
Converrsámos sobrre a cidade, os tempes, as modas e as modinhas. Eu contei-lhe do Charroco, ele contou-me das suas maluquices. Rimes até o sol começarr a fugirr porr trrás dus telhádes.
Antes de desaparrecerr como chegou, virrou-se pa mim e disse:
“Continua, meu caro… Setúbal precisa de quem a vista com humor e alma. E de mais uma Vai Mai Z’Uma, claro.”
E lá foi o Bocage, com a garrafa da mão e um soneto por acabarr. Eu fiquei, de corração cheie, a pensarr càs vezes basta estarr no sítio cerrto, com a cerrveja cerrta… pa encontrrarr a verrdadêrra inspirração setubalense!