21/12/2025
𝗢 𝗣𝗿𝗲𝘀𝗲́𝗽𝗶𝗼 𝗱𝗮 𝗕𝗲𝗺𝗽𝗼𝘀𝘁𝗮
𝘛𝘳𝘪𝘴𝘵𝘦𝘴 𝘤𝘰𝘮 𝘰 𝘢𝘯𝘵𝘪𝘨𝘰 𝘱𝘳𝘦𝘴𝘦́𝘱𝘪𝘰 𝘥𝘦 𝘱𝘢𝘱𝘦𝘭𝘢̃𝘰, 𝘶𝘮 𝘤𝘰𝘯𝘫𝘶𝘯𝘵𝘰 𝘥𝘦 𝘮𝘶𝘭𝘩𝘦𝘳𝘦𝘴 𝘥𝘢 𝘉𝘦𝘮𝘱𝘰𝘴𝘵𝘢 𝘰𝘳𝘨𝘢𝘯𝘪𝘻𝘰𝘶 𝘢 𝘤𝘰𝘯𝘴𝘵𝘳𝘶𝘤̧𝘢̃𝘰 𝘥𝘦 𝘶𝘮𝘢 𝘯𝘰𝘷𝘢 𝘳𝘦𝘱𝘳𝘦𝘴𝘦𝘯𝘵𝘢𝘤̧𝘢̃𝘰 𝘥𝘰 𝘯𝘢𝘴𝘤𝘪𝘮𝘦𝘯𝘵𝘰 𝘥𝘦 𝘑𝘦𝘴𝘶𝘴. 𝘏𝘦𝘭𝘦𝘯𝘢 𝘍𝘦𝘳𝘳𝘦𝘪𝘳𝘢 𝘧𝘰𝘪 𝘢 𝘢𝘳𝘵𝘦𝘴𝘢̃ 𝘪𝘮𝘱𝘳𝘰𝘷𝘪𝘴𝘢𝘥𝘢, 𝘦 𝘰 𝘳𝘦𝘴𝘶𝘭𝘵𝘢𝘥𝘰 𝘱𝘢𝘳𝘦𝘤𝘦 𝘵𝘦𝘳 𝘦𝘯𝘤𝘢𝘯𝘵𝘢𝘥𝘰 𝘰𝘴 𝘩𝘢𝘣𝘪𝘵𝘢𝘯𝘵𝘦𝘴 𝘥𝘢 𝘉𝘦𝘮𝘱𝘰𝘴𝘵𝘢.
O pequeno jardim da Rua da Estação, na Bemposta, junto à fonte, todos os anos serve de palco para o presépio da aldeia. As mulheres que dão vida à representação do nascimento de Jesus, estavam cansadas do cenário em papelão, mas tardava em ser encontrada uma solução.
Tudo acaba por surgir naturalmente, conta Helena Ferreira: “A D. Fernanda Bento tinha um borrego de louça com uma pata partida e pediu-me se eu lhe fazia uma peça nova e assim foi”. Helena, 47 anos, já era conhecida por várias obras que fez para o seu próprio jardim, como alguns animais ou fontes. Contentes com o resultado, rapidamente surgiu a ideia de Helena se encarregar de criar o novo presépio. As mulheres da aldeia juntaram-se e contribuíram para a aquisição dos materiais necessários: “Foram só as mulheres”, diz bem disposta.
Natural de São Facundo, mas a residir na Bemposta quase há duas décadas, Helena não recusou o desafio. Ao todo são treze peças que construiu em apenas duas semanas, à média de uma por dia: “Fiz o menino Jesus, José, Maria, o b***o, a vaca, os três reis-magos, o pastor e duas ovelhas, o anjo e uma estrela”, conta feliz. E explica, orgulhosa, que “foi tudo da minha cabeça, nunca ninguém me ensinou nada”.
O processo de construção leva a uma dedicação intensa. Apesar de ser operária fabril em duas empresas da região, não descansou enquanto não terminou o processo: “As peças têm a base em ferro e esferovite, para não f**arem demasiado pesadas”. O molde que dá forma às peças é em cimento. “Moldei tudo com as mãos, com luvas não dava jeito. Fiquei cheia de gretas mas isso é o menos”, atira despachada. A pintura foi, também, resultado da sua imaginação.
As reacções não se fizeram esperar. “À medida que ia fazendo fui colocando no meu perfil do Facebook e as pessoas elogiaram muito, isso deu-me mais motivação para continuar”, explica. De tal modo que já pensa no próximo passo: “Para o ano quero continuar e fazer mais peças, como a lavadeira, umas galinhas, os camelos dos reis-magos”. Esse processo foi obrigatoriamente interrompido este ano por via de uma cirurgia que efectuou no final de Novembro.
O presépio foi colocado no local habitual no dia 05 de Dezembro, perante o olhar curioso de vários populares. “As pessoas estavam muito felizes e eu também fico contente que as pessoas gostem. Não queria que pagassem uma coisa que não presta”. O sucesso foi tal que Helena já tem encomendas de algumas peças: “É um desafio que estou a adorar”.
O presépio é uma representação com bastante signif**ado para a artista: “Signif**a amor, luz, harmonia e paz. Esta época traz alegria às pessoas”. Também por isso acredita que a mudança foi positiva: “O presépio em papelão tinha o signif**ado na mesma, mas era um bocado triste”, desabafa. “Às vezes sento-me ali em frente, à noite, a ver as luzes com o presépio e dá-me um prazer enorme”.
𝗨𝗺𝗮 𝗔𝗹𝗱𝗲𝗶𝗮 𝗙𝗲𝗹𝗶𝘇
Almerinda Fernandes, proprietária da sapataria que mora ao lado do presépio, é quem fornece a luz: “Sempre fiz questão”, remata. A sua casa ilumina-se nesta época, por capricho do marido, Carlos, e causa um espectáculo a que ninguém f**a indiferente. O presépio veio redobrar o sentimento de orgulho na paisagem criada: “Ficou muito bonito, foi uma óptima ideia”, diz Almerinda.
Fernanda Bento, autora da ideia de renovar o cenário, explica que “a professora Marília iniciou a tradição do presépio e não queria deixar morrer isto”. Sobre o resultado final, é peremptória: “Está muito bem feito”, salientando que todo o trabalho é de alguém que “não tem nenhuma formação”. Almerinda relembra a importância de “valorizar os artistas da terra”.
As três mulheres, juntas à conversa, projectam-se imediatamente para o Natal de 2021 e começam a desfiar um rol de novas personagens para completar e dar ainda mais vida ao novo presépio. Até porque será mais fácil a partir de agora agregar um número ainda maior de populares: “As pessoas depois de verem o resultado começaram a querer contribuir para se fazerem mais peças, mas este ano já não dá”, conta Fernanda Bento.
Helena promete não f**ar por aqui: “Durante o ano vou fazendo as peças”. Ficamos à espera para ver.
* 𝙏𝙚𝙭𝙩𝙤 𝙥𝙪𝙗𝙡𝙞𝙘𝙖𝙙𝙤 𝙤𝙧𝙞𝙜𝙞𝙣𝙖𝙡𝙢𝙚𝙣𝙩𝙚 𝙣𝙖 𝙚𝙙𝙞𝙘̧𝙖̃𝙤 𝙙𝙚 𝟮𝟬 𝙙𝙚 𝘿𝙚𝙯𝙚𝙢𝙗𝙧𝙤 𝙙𝙚 𝟮𝟬𝟮𝟬