30/04/2025
A Urgência da União Cigana Face ao Fascismo:
As notícias recentes pintam um quadro alarmante e profundamente preocupante para as comunidades ciganas, ecoando tempos sombrios que muitos esperavam ter ficado para trás. O relato de um menino de 11 anos atirado de uma ponte, a expulsão de famílias das suas casas e a ameaça iminente de destruição de uma aldeia cigana modelo em Itália na Villaggio delle Rose em Milão, para além da situação contínua a perseguição dos ciganos do Kosovo, continuam a viver nas ruínas das suas casas, são exemplos chocantes da escalada do anticiganismo e da violência, partidos Fascistas surgem em todo mundo, contra as comunidades ciganas, em Portugal um partido persegue o povo cigano, e muitos tentam calar quem sofre.
Estes atos não são isolados, mas sintomas de um clima crescente de hostilidade que exige uma resposta forte e unificada.
Neste contexto de ataques externos crescentes, que remetem para táticas fascistas de perseguição e desumanização, torna-se ainda mais crucial refletir sobre a nossa própria força interna enquanto Povo Cigano.
A pergunta "É a Nação Cigana capaz de lutar contra o fascismo de hoje?" não se responde apenas com a resistência contra os opressores externos, mas também com a nossa capacidade de mantermos a coesão interna.
É fundamental que, enquanto comunidade, estejamos atentos e desconfiemos daqueles que dedicam o seu tempo e energia a atacar e acusar as associações ciganas e os ativistas ciganos.
Num momento em que precisamos de todas as vozes e mãos a trabalhar pela defesa dos nossos direitos e pela segurança das nossas comunidades, estes ataques internos são contraproducentes e perigosos.
Perguntemo-nos: a quem servem estas divisões?
É muito possível que quem ataca aqueles que estão na linha da frente da defesa das comunidades esteja, consciente ou inconscientemente, a servir uma estratégia de "dividir para reinar", enfraquecendo-nos por dentro para facilitar a opressão externa.
Devemos também duvidar de quem procura incessantemente ser "a cara" de um movimento ou a única voz autorizada, em vez de trabalhar para amplificar as vozes das pessoas diretamente afetadas nas comunidades.
O verdadeiro ativismo fortalece a base, dá poder às pessoas e promove a liderança coletiva, não o culto da personalidade individual.
Da mesma forma, é preciso cautela com quem critica ativistas por receberem um salário pelo seu trabalho dedicado em prol das comunidades. A defesa dos direitos humanos, o trabalho social, a mediação, a representação política tudo isto é trabalho. É um trabalho essencial, exigente e que merece ser reconhecido e, quando possível, remunerado, permitindo que as pessoas se dediquem a tempo inteiro a estas causas vitais.
Quem critica esta profissionalização sob o pretexto de uma pureza militante, mas ignora a precariedade que isso impõe, pode ter interesses políticos ocultos.
Muitas vezes, quem assume esta postura de "polícia bom", criticando quem se organiza e profissionaliza, age na verdade como o "polícia mau", minando a capacidade de organização e resposta eficaz da comunidade.
Enfrentar o "fascismo de hoje" exige não só coragem para confrontar o ódio externo, mas também sabedoria para reconhecer e neutralizar as táticas que nos tentam dividir por dentro.
A nossa força reside na solidariedade, no apoio mútuo e na capacidade de discernir quem realmente luta pela comunidade e quem procura enfraquecê-la para benefício próprio ou de agendas externas.
É hora de parar de nos atacarmos uns aos outros e de concentrar as nossas energias na luta comum pelos nossos direitos, dignidade e futuro. A união não é apenas desejável, é uma necessidade urgente para a sobrevivência e prosperidade do Povo Cigano.