Os putos do jazz

Os putos do jazz 🎺PlataformaJAZZísticaTransDuriensE🥁
Promoção📢/Crítica✍/Programação📅 Silva - "Mt.

Certo dia uns putos transmontanos e alto durienses lembraram-se de disseminar a cultura Jazz em Portugal e assim nasceu esta página;
Jazz retangular, à beira mar plantado mas como os socalcos do Douro: livre, espontâneo e improvisado. Músicos já abordados/propagados/homenageados pelos Putos:

Bernardo Sassetti - Pianista (1970 - 2012)
João Barradas - Acordeonista (1992)
André Fernandes - Guitarris

ta (1982)
Carlos Bica - Contrabaixista (1958)

Críticas de álbuns, por ordem cronológica:

João Barradas - "Directions" (Inner Circle Music / Nischo - 2017)
https://www.facebook.com/osputosdojazz/posts/1285156681552483

SongBird - "SongBird Vol.II" (2017)
https://www.facebook.com/osputosdojazz/posts/1310951528972998:0

Vítor Rua & The Metaphysical Angels - "Do Androids Dream of Electric Guitars" (Clean Feed - 2017)
https://www.facebook.com/osputosdojazz/posts/1350538645014286

João Mortágua - "Axes" (Carimbo Porta Jazz - 2017)
https://www.facebook.com/osputosdojazz/posts/1375599459174871

Dan Costa - "Suite Três Rios" (Hypnote Records - 2017)
(Brasil)
https://www.facebook.com/osputosdojazz/posts/1417888458279304

André B. Meru" (Clean Feed - 2022)
https://www.facebook.com/osputosdojazz/photos/a.1281242245277260/4806168266117956/

Mário Costa - "Chromosome" (Clean Feed - 2023)
https://www.facebook.com/osputosdojazz/posts/pfbid02YLVxqCej5eJZHTtfQPt1J7vMibZqUurukH9QakHmoMciW9dKahhxrPX2aeMtBqpKl

Resenhas filosóficas/ounão/sobre concertos/festivais/eventos avulsos:

04/10/2017 - João Paulo Esteves da Silva e Ricardo Toscano (CCB, Lisboa)
https://www.facebook.com/osputosdojazz/posts/1405967782804705

22,24 e 25/11/2017 - Creative Sources Fest XI (O'culto da Ajuda, Lisboa)
https://www.facebook.com/osputosdojazz/photos/a.1277514055650079.1073741826.1277204775681007/1457002227701260/?type=1&theater

07/05/2022 - Salvador Sobral (Teatro de Vila Real)
https://www.facebook.com/osputosdojazz/photos/a.1281242245277260/4892414014160047/

04/02/2023 - 13ºFestival Porta-Jazz (Teatro Rivoli, Porto)
https://www.facebook.com/osputosdojazz/posts/pfbid0ZeNpgQMKCAqvMnWXhzNfAoSkMRrNoiLKa3EFq1SGXc3QBE7Zjh7A1UPBdpNPFcFgl

02/03/2023 - Pedro Melo Alves+Luís Vicente (Café Concerto Maus Hábitos, Teatro de Vila Real)
https://www.facebook.com/osputosdojazz/posts/pfbid02HcUbs6z3PWEhZmCwaEhmCv3nNdzjeZAVFEPxPRfNGePdJLvLFV7MGXwZGMZgwcv3l

UMA TARDE/NOITE NO 15º FESTIVAL Porta-Jazz (Contra o Relógio, a Favor do Tempo)(https://fb.me/e/3M38xjj5R)O crescimento ...
09/02/2025

UMA TARDE/NOITE NO 15º FESTIVAL Porta-Jazz
(Contra o Relógio, a Favor do Tempo)
(https://fb.me/e/3M38xjj5R)

O crescimento do jazz portuense (hoje com uma dinâmica criativa, académica e performativa nada inferior a Lisboa tendo em conta o rácio entre número de habitantes/ouvintes/músicos per capita deste universo musical) esta indissociável da criação da Associação Porta-Jazz, que aos dias de hoje é muito mais do que "um simples clube de jazz", uma editora discográfica (Carimbo Porta-Jazz) e um Festival já muito bem consolidado no panorama musical português, ou seja, é a mistura de todos estes elementos tornando-o num movimento maior e com o condão de ter juntado sinergias de jovens músicos portugueses (e tb estrangeiros, principalmente espanhóis) que realizaram a sua Licenciatura em Jazz via ESMAE - Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo e criaram este movimento sempre na base do "do it yourself" e a navegarem com poucos meios económicos mas com muita boa vontade.

Numa rica programação que ao todo englobou 5 dias mas com a programação centrada na sex31jan, sáb1fev e dom2fev no Teatro Municipal do Porto (nos dias anteriores foi uma espécie de warm up dividada entre Maus Hábitos - Espaço de Intervenção Cultural e Espaço Porta-Jazz), a programação como vem sendo hábito foi condensada em "Blocos" de 2 concertos e eu tive a possibilidade de assistir (como vem sendo hábito nos últimos anos) aos Blocos 4 e 5 de sábado que resultaram nos apontamentos que se seguirão:

BLOCO 4

João Próspero "SOPROS"

Coube ao Coordenador do Festival Joao Pedro Brandao dar as boas vindas a um Pequeno Auditório do Teatro Rivoli lotado seguido de uma breve apresentação do também Músico (no caso guitarrista) André B. Silva dos artistas que iriam entrar em cena - o Quarteto de João Próspero, contrabaixista, compositor e membro do projeto The Guit Kune Do. Vieram com "Sopros" na bagagem, um álbum bem gizado editado no ano passado via Carimbo Porta-Jazz.
O primeiro tema abriu com um swing bem balançado ("by the books") onde logo se destacou o génio pianístico de Miguel Meirinhos num bonito diálogo com o guitarrista Joaquim Festas, uma bela surpresa apresentado um discreto mas bonito fraseado (fazendo me lembrar o estilo de Mick Goodrick) enquanto que a bateria de Gonçalo Ribeiro se transformava numa locomotiva abrindo espaço à experimentação dos restantes elementos. A segunda mostra sonora surgiu estilo cavalgada rítmica numa guitarra à desgarrada perfilada num compasso deveras irregular onde as fronteiras entre o jazz e o rock se revelavam muito esbatidas, muito por "culpa" dos fx das 6 cordas de Festas, uma muito agradável surpresa, que teve igualmente o condão de abrir o tema seguinte com um lento preâmbulo numa toada mais "dengosa" seguida de uma exploração dos silêncios de um forma mais abstracta progredindo posteriormente para ambiências minimais-repetitivas onde o piano de Meirinhos tornava o ambiente num filme de suspense obsessivo e uptempo atingindo o clímax do concerto.
Depois de "Mar.Manhã" e "No Meu Galho" Próspero, quase sempre com os óculos na ponta do nariz e com muita música na extremidade dos seus dedos, fez os agradecimentos formais e falou da sua paixão pela escrita e respetiva obra literária do japonês Haruki Murakami (também ele um apaixonado pela arte musical, muito patente a obra "Música, Só Música" num diálogo sobre música erudita com um antigo diretor de orquestra) e do modo que o influenciou a compor este "Sopros". Essa inspiração ficou bem patente no próximo tema, "Palhaços", (o nome logo me fez lembrar Egberto Gismonti), onde o universo do omnipresente R. Sakamoto (outro distinto e, no caso saudoso, japonês) através das pentatónicas de Meirinhos muito bem complementadas pelos leque tímbrico revelado pelos pratos de G. Ribeiro e apontamentos numa espécie de gritos abafados saídos da guitarra elétrica. Sem dúvida o momento mais tocante de todo o concerto que caminhava para o seu epílogo... os melhores "Sopros" estavam mesmo guardados para o fim ("Goodbye Mr. Próspero").

Emmanuelle Bonnet Quartet

O segundo concerto dese Bloco, também no Peq. Auditório, resultou de uma ligação/conexão europeia entre a Porta-Jazz e a AMR - Genève, "uma sinergia que tem vindo a ligar o Porto e Genebra e a promover, assim, a apresentação de projetos já estabelecidos ou o estímulo à criação de novas propostas originais" - isto citando o belo caderno rosa azulado onde estava presente toda a informação sobre o festival de uma forma bem sintetizada e com um grafismo muito apelativo a cargo de Maria Mónica. O concerto abriu de forma a não deixar dúvidas - aqui seria a voz o centro das composições apresentadas por E. Bonnet além de dar nome ao quarteto e ser a compositora dos temas apresentados cedo revelou um timbre muito bem balanceado, num jazz sem preconceito em piscar o olho a um certo aroma eletrónico trip-hop, que se revelou um bom momento musical. Baladas melancólicas e paisagens gravitadas à volta da bela voz da Bonnet, que apresentou um domínio técnico assinalável e uma boa capacidade de usar também a improvisação como meio de expressão.
No 3º tema destacou-se Lucas Zibulski utilizando as mãos para ir desenvolvendo dinâmicas nas peles da sua bateria dando asas para que os restantes músicos fossem apresentando uma veia mais experimental do quarteto. A contrabaixista Tabea Kind que revelou um timbre muito assertivo imprimindo bastante dinâmica ao todo musical, foi responsável pela abertura do tema seguinte através de um pequeno momento a solo, sendo que final do mesmo a vocalista e líder dirigiu umas simpáticas palavras ao público presente convidando-o a ouvir e escutar o álbum que aqui estavam a apresentar: "Préludzet Menuet" editado em 2024 pela Unit Records. No tema seguinte evocou uma "brincadeira musical" muito dinâmica em forma de marcha desalinhada aqui interpretada por Bonnet em francês, ao contrário da maior parte dos temas cantados em língua anglo-saxónica. Espaço para exploração minimalista dos ruídos/silêncios num crescendo em estilo break beat com o baterista "a perder as (boas) estribeiras" antes do regresso ao tema inicial e a um momento de piano solo, protagonizado por Alvin Schwaar.
Último tema depois da apresentação final dos músicos, curiosamente tal como o concerto anterior, abriu espaço para uma tocante canção de embalar em forma de lamento: "Or ch`è tempo di dormire", canção italiana do período barroco composta por Tarquinio Merula (1594-1665) e aqui ganhando um formato autoral e contemporâneo. A voz vai serpenteando com a envolvência dos restantes parceiros, numa abordagem quase "radioheadiana" mas aqui completamente despida da componente eletrónica e com as mãos mais bem dadas à improvisação. "Boa Noite" com um sotaque muito exótico foram as últimas palavras escutadas da voz de Bonnet.
O Bloco 4 estava finalizado e seguia-se curta pausa para jantar de modo a poder regressar para o Bloco 5 por volta das 21h30, aqui já no Grande Auditório do Rivoli. Salientar por último não ter tido tempo de poder escutar o Bloco 3, anterior a este, onde o trio "How Noisy Are The Rooms?" oriundo do centro da Europa ao que parece, depois de conversas com amigos que tiveram o oportunidade de assistir, tinha deixado o público em alvoroço.

BLOCO 5

José Soares "SOMA"

Confesso que este era o concerto que gerava em mim mais expetativas ao longo da tarde/noite deste 2º dia de programação do festival. Isto devia-se essencialmente a dois fatores: o primeiro devido ao álbum a ser aqui apresentado, "SOMA" - lançado pelo Carimbo Porta-Jazz em Julho do ano passado, um statement do autor e sem dúvida um dos registos mais fascinates de 2024 que revela uma maturidade criativa assinalável do ainda jovem compositor; o segundo vai de encontro à propria voz/marca de água de José Soares (JS) como instrumentista em pleno domínio do seu saxofone e das suas formas de comunicação/expressão. Para isso basta atentar ao seu trabalho no mais recente lançamento/projeto do contrabaixista Carlos Bica "11:11" (igualmente um dos registos mais marcantes do ano passado lançado via Clean Feed) cravando nele uma estética singular através da interpretação do seu saxofone alto, tomando papel de destaque em temas como "A Place You Will Never See" ou "A Noite", original do icónico e carismático José Mário Branco.
É essencial referir que este projeto "SOMA" resulta de uma residência artística realizada em 2023 em pleno Festival Guimarães Jazz, a 10ª colaboração/parceria entre a Porta-Jazz e o Guimarães Jazz (A Oficina • Guimarães), dando forma a um espetáculo gravado ao vivo e editado pelo Carimbo Porta-Jazz e que iria ser agora apresentado à plateia portuense.
O concerto iniciou com solo de JS no seu alto possuidor de uma filosofia sonora bem profunda e vincada, com destaque para as imagens em pano de fundo que iam sendo manipuladas em tempo real pela Artista Visual Varvara Tazelaar (VT), com um conceito inspirado em nomes como Gonçalo M. Tavares, Robert Musil, Gastón Bachelard, Clarice Lispector e Maria Gabriela Llansol. O pianista José Diogo Martins (JDM) foi entrando de mansinho através de uma manta sonora quase estelar - música complexa e de alto gabarito. Ecos de Charles Lloyd nos murmúrios soprados/cantados por J. Soares e a secção rítmica vai aparecendo lentamente numa galáxia aparentemente ainda por codificar: contrabaixo munido de arco de Omer Govreen (OG) e as primeiras escovas deslizadas por João Lopes Pereira (JLP). JS sai momentaneamente do lugar central e destacado do palco para que um solo de OG ganha protagonismo ao mesmo tempo que a vídeo-projeção de VT vai iluminado mais o Grande Auditório do Rivoli numa toada plena de psicadelismo potenciada pelas excursões rítmicas/tímbricas patente no diálogo entre OG e JLP. O sintetizador de JDM abre as hostes da eletrónica caminhando para um abismo sonoro onde no vídeo um olho quiçá humano parece representar um buraco negro. JS regressa ao sopro contínuo e o piano volta a deslindar a inquietação e uma certa aura com a secção rítmica a alinhar nesse confronto, sendo que a certa altura alguns laivos harmónicos fazem-me lembrar certos ambientes mais misteriosos e contemporâneos criados por António Pinho Vargas (mais particularmente no tema "Obscura, Nebulosa" do saudoso álbum de 1987 "As Folhas Novas Mudam De Cor") e dando por finalizado o desafiante tema "world : cloud". No momento seguinte espaço para o baterista JLP desenvolver um solo a rufar e uma toada rítmica em complemento direto com o vídeo apresentando "in motion" por VT, que vai ficando cada vez mais instável abrindo caminho para que os restantes músicos se fossem envolvendo de forma livre e exploratória. JS é o último a integrar com esta forma humana baralhada, dispersa e cada vez mais ruidosa, desaguando a mesma num planeta vermelho mais esclarecido, melódico e compassado, atingindo o seu auge em 2 super agudos consecutivos saídos do saxofone alto. As frequências sonoras estabilizavam numa palete visual que evocava um sismógrafo, numa experiência visual e sonora psico-sensorial, seguido de um sublime e caricato diálogo entre piano vs bateria num final onde voltou a pontuar o sax. de JS.
Apresentações finais e último tema deste concerto altamente recomendado, onde a eletrónica de JDM volta a renascer e o enredo sonoro vai ganhando cada vez mais camadas, bem estratificadas pelas escovas de JLP ao mesmo tempo que surge no vídeo um planisfério multidimensional composto por formas e linhas retas. O sax. era ora "uma porta a ranger", ora "uma gaivota desnorteada" em perpétuo movimento. O concerto caminhava para o final e outro nome me vinha a mente, figura central da estética vanguardista portuguesa que fez a ponte entre o século passado e o presente - Jorge Lima Barreto, músico, musicólogo e improvisador nato nascido na bela localidade de Vinhais em Trás-os-Montes. Último diálogo a 4 para um último solo de JS, lírico, livre e esclarecido q.b., rematando de forma apoteótica. Final em ponto de luz minimal num concerto onde a "soma" foi o conjunto de todas as partes, isto é músicos, artista visual, formas musicais e respetiva estética apresentada, numa tríade multidisciplinar entre experimentalismo, noise e contemporaneidade.
Bravo!

Fragoso Quinteto "CANTA DERROCADA"

A noite caminhava a passos largos, quando um pouco antes das 23h, João Fragoso (JF) e o seu Quinteto "Canta Derrocada" entrava em cena de rompante para o último concerto da noite no GA do Teatro Municipal do Porto (Rivoli), com intuito de apresentar último disco da formação com o mesmo nome da mesma e lançado em Outubro do ano passado via Carimbo Porta-Jazz. Curioso igualmente para re-ouvir o grande improvisador no sax. tenor Albert Cirera (AC) presença regular nos agrupamentos de música improvisada aquando da minha estada em Lisboa nos anos pré-covid.
Entrada fúnebre com ambiências "à la Ornette Coleman" (olá "Lonely Woman") mais atmosféricas saídas dos fx da guitarra elétrica de João Carreiro (JC) e o contrabaixo de JF que lembra a fase mais free de outro ícone do free - Charlie Haden - ao mesmo tempo que a bateria de Miguel Rodrigues (MR - que tem um lançamento super recente de nome "Antídoto" via Carimbo Porta-Jazz) vai amplificando os espaços entre os sopros em uníssono quebrado por um silêncio quase total, prenúncio para um inspirado solo de trompete de bolso, a cargo de João Almeida (JA), que nos guiou para um labirinto étnico quiçá "balcanizado" ou até mesmo arabesco, num monólogo bem intenso. Regresso do quinteto e o tema a ganhar um formato mais linear com a distribuição de papéis bem delineados: com destaque para um interessante cortejo entre trompete e guitarra elétrica e regresso final dos restantes músicos. O segundo momento é apresentado pelos sopros em consonância ruidosa, pratos de choque abertos e cordas de cortar a respiração...devaneios vários, cacofonias e apologia ao ruído. Corrosivo solo de AB em sax. tenor, no seu jeito visceral e "desalmado"...momento de improvisação total, seguindo de um pianíssimo dos sopros de modo a que música debitada possa vir à tona a água respirar.
Momento de pausa para apresentação dos músicos por parte de JF seguida de uma justa e tocante homenagem à Associação Porta-Jazz, músicos que dela fazem parte e à própria cidade do Porto, que recebeu o músico oriundo de Coimbra de braços abertos. O tema seguinte abriu com acordes inspirados de JC, abrindo caminho para um "caos organizado", explorações avulsas e um solo de AC, num momento inicial a solo. Puro lirismo, aqui e ali pontuado por alguns feedback's e finalizado pelo restante quinteto num momento de puro swing uptempo da velha escola americana. Belo ride de MR e solo intenso e revoltoso de JA, onde haveria igualmente tempo para um esplanar percutivo e tímbrico do baterista num jogo crescente e muito bem elaborado, dando via verde para a despedida dos restantes elementos do quinteto numa salomónica redenção. O concerto atingiu a hora de duração e os últimos momentos seriam numa espécie de fade-out, plenos de bom gosto, sensibilidade e exploração e sintetizando assim na perfeição mais um belo e intenso concerto no cardápio deste 2º dia de Festival.

Seguiu-se no TMP Café um animado Dj Set de Rui Miguel Abreu (Rimas e Batidas), onde para além de poder disfrutar de um jazz mais dançante, tive a oportunidade de rever e por a conversa em dia com músicos e amigos de longa data. Infelizmente o andar da hora já era longo e não pude assistir à Jam Session de encerramento da noite.
Parabéns à Porta-Jazz e venham mais 15 anos, no mínimo)!
👏🎶🎷

Francisco M. Sousa

📸-Jazz

04/02/2025
30/01/2025

A TSF - Rádio Notícias não colocou no ar o programa "A playlist do guitarrista Nuno Trocado"...
Os putos do jazz num gesto de solidariedade e justiça partilham a respetiva lista, até para que possam atestar a qualidade da mesma:

29/01/2025

Está quase...🚪🎶🎺

Daniel Bernardes – “City of Glass”(Ed.Autor, 2024)“Fantasmas sonoros de “City of Glass” (Paul Auster, 1985) saídos da pe...
27/12/2024

Daniel Bernardes – “City of Glass”
(Ed.Autor, 2024)

“Fantasmas sonoros de “City of Glass” (Paul Auster, 1985) saídos da pena de Daniel Bernardes a ganharam asas corais, jazzísticas e plenas de contemporaneidade.”

PREAMBULO
Álbum conceptual e multidisciplinar com forte impressão jazzística mas bem dentro do território da música de câmara, coral e contemporânea – da qual não me sinto habilitado para escrever e por isso inspirado no próprio conceito da elaboração desta obra, irei fazer breves apontamentos sobre a forma como senti por palavras a música que me foi generosamente dada a escutar pelo seu Autor:

I (“It Was a Wrong Number That Started It”)
Acordes assentes na premissa de um erro, tal qual um preambulo de investigação noir nos indicia…o que sairá deste enredo sonoro de teclas brancas e pretas a soarem em pontos de interrogação?

II (“New York Was the Nowhere He Had Built Around Himself”)
Um piano pleno de motivação inicial e inquietação logo de seguida, o qual rapidamente é impulsionado pelo Coro Ricercare (CR) que é talvez a mais bela marca de água desta obra situada entre os terrenos da música de câmara/coral/jazz/contemporânea num conceito que alia a obra escrita, o livro “City of Glass” publicado por Paul Auster em 1985 inaugurando a famosa “Trilogia de Nova York”, à linguagem musical de Daniel Bernardes (DB) numa banda sonora por ele imaginada criando assim o seu próprio “áudio-livro”, conceito tão em voga nos últimos tempos.

III (“God’s Language”)
Como de rompante surge “God’s Language”, aquela que para mim poderia ser considerada a “peça-single”, isto se esta obra se regesse pelos parâmetros do marketing musical vigente, o que não é o certamente o caso, pois a estética musical de DB está nos antípodas da música como fenómeno mercantilista, daí a minúcia dos seus trabalhos quase sempre autorais, multidisciplinares e com um conceito/substrato muito bem elaborado resultante de um longo processo de criação feito em lume brando.
Esta “linguagem de deus” poderá ser de facto canonizada como uma das mais belas peças de jazz elaborada recentemente em Portugal, música única onde a paisagem visual que ela evoca é tão ou mais importante do que o respetivo ambiente sonoro que nos envolve. A meio do tema a voz mágica de uma contralto do brilhante CR remete-nos para um estado de alma no limiar do paraíso, numa fronteira paradigmática: um ouvido no céu, outro na terra. O tutti final (Trio+Coro) impulsiona o tema para uma dimensão espiritual, mas realista: uma peça de arte superlativa. A adição do CR, composto por 30 elementos e dirigido por Pedro Teixeira, depois de ter colaborado na penúltima obra de DB - “Beethoven…Reminiscências" (2022) – imprime a este trabalho uma magnitude vocal deveras assinalável fazendo com que as camadas tímbricas humanas criem uma banda sonora ultra-realista.

IV (“City of Glass”)
Em “A Cidade de Vidro”, o piano de DB soa de facto a gelo…isto é… um som polar como se Nova York fosse a cidade mais fria do mundo. Para fazer o contraponto sonoro-sensitivo e retomar as sinergias mais quentes: as harmonias/ritmos do Trio complementadas pelos labirintos melódicos que o CR vai ajudando a trilhar, fazendo desses caminhos pontos de luz com estradas mais iluminadas. Entretanto espaço para o brilhantismo do Trio de jazz na sua essência mais clássica, numa química perfeita entre o “trio jazzista da Cidade de Vidro” o qual para além do pianista e compositor supramencionado DB, apresenta António Quintino (AQ) no contrabaixo e Joel Silva (JS) na bateria, podendo mimetizar com honra e classe o classicismo outrora imprimido por gigantes na mestria das teclas pretas e brancas a três, como Bill Evans ou Keith Jarrett, aqui num ambiente jazz plenamente europeu descendente direto da estética ECM Records. Final em crescendo que termina em tutti num brilhante apogeu, a recuperar motivos melódicos já experimentados anteriormente. A peça mais longa do álbum, contando com 7 minutos e 43 segundos.

V (“Hotel Harmony”)
Depois da magnitude de “City of Glass” este “hotel harmónico” (ou será antes um “AL com harmonia”?) permite-nos descansar um pouco através de um piano pausado, quase reflexivo e meditativo, numa sequência de acordes que vão acamando uma melodia noir…momento certo para este ouvinte e escrivã evocar uma obra de nome “Motion” (Clean Feed, 2010) de Bernardo Sassetti Trio – porventura (opinião meramente pessoal claro) o testamento maior do pianista português…e o porquê de evocar este título? Para além da “obra sassettiana” ter tido óbvia influência não só em DB mas em todos os pianistas jazz portugueses nascidos a partir dos anos 80/90 do século passado, há uma estética que vai para além da música, juntando outros prismas artísticos como o cinema, a fotografia, a literatura, entre outros, tal como sucede aqui em “City of Glass”, ou seja, a música como ponto de partida/convergência para outras filosofias artísticas e criativas. Regressando ao tema de toada lenta e melancólica, a harmonia vai ficando cada vez mais densa e com o aparecimento do CR soa a uma espécie de “resumo fúnebre” do escutado até então, um requiem num vidro tão fino quão bem temperado.

VI (“The Tower of Babel)
Atingindo o meridiano de “City of Glass” é da mais elementar justiça evocar o nome de Pedro Moreira (atual Presidente do Hotclube de Portugal - Página Oficial) no papel de Diretor Musical, responsável por montar as peças deste puzzle tão original como desafiante. Teria que ser um homem do jazz – saxofonista, compositor, maestro e arranjador - mas com um grau de sensibilidade musical extra a fazê-lo. Durante o tema volta a ser realçada a química que é gerada através da comunicação do piano de DB com o CR ao longo de todo o álbum, desenvolvendo uma sucessão de acordes aos quais o Coro vai dando uma roupagem digamos que mais “invernal”.

VII (“Broken”)
Um solista masculino do coro (eventualmente baixo ou, no máximo, barítono) vai interagindo com o piano, cantando interruptamente a palavra “broken” mas dando melodias diferentes à mesma num crescendo envolvente e solene e com final contemplativo e bastante nostálgico.

VIII (“Henry Dark”)
“Henry Dark” apresenta-se como um dos temas mais longos, abrindo com um piano/labirinto de sons numa paleta de cores e timbres muito bem mesclado pelo Trio inicialmente, mas com a pronta colaboração do Coro. Um som profundo, paradigmático de toda a obra apresentada por D. Bernardes, pianista nascido em 1986 em Alcobaça, terra de mítico Mosteiro, classificado como Património da Humanidade pela UNESCO e segundo a Wikipédia em português “a primeira obra plenamente gótica erguida em solo português”. Espaço a meio do tema para o Trio expandir novamente o jazz dito “mais convencional” – superlativa gestão dos silêncios no contrabaixo de AQ acompanhado por um excelente trabalho de escovas de JS com a mão esquerda, nunca perdendo o pendor swing no ride através da baqueta na mão direita. Regresso final ao tema com nova companhia do CR, numa espiral melódica tão bela quanto “obsessiva”.

IX (“Everybody’s Daniel”)
Regresso ao piano solo, através de uma balada extremamente envolvente que abre caminho para nova entrada de um solista masculino do CR, numa espécie de choro/lamento por “Daniel” … o que me levou a imaginar, sem ainda ter lido a obra de Paul Auster claro está, que este motivo musical entroncado na 9ª peça desta obra seria talvez um “requiem para Daniel” …terei mesmo que ler o romance para o poder confirmar, ou não…

X (“Whatever Darkness They Were Leading Him Into”)
Fantasmas pianísticos voltam a pairar sobre o nosso imaginário…mistério, inquietação e será finalmente que chega a…redenção?

XI (“The True Nature of Solitude”)
Na penultima peça o piano de DB dá espaço para que uma solista do CR solte laivos de dor e nostalgia (quem sabe de arrependimento mesmo), numa ladainha onde as teclas brancas e pretas vão amplificando a sua angústia e metamorfoseando o tema através do pedal reverb…transformando de facto este som numa verdadeira “cidade de vidro”.

XII (“The Infinite Kindness of the World”)
Encerramento contemplando ecos de esperança e tranquilidade através de uma melodia final em formato piano solo, que finda de forma abrupta mas com chave de ouro esta obra conceptual de uma rara beleza, que por certo não deixará o ouvinte indiferente.

EPÍLOGO
Sem dúvida que estamos, após várias audições plenas de atenção, perante um dos lançamentos discográficos do ano de 2024 numa geografia sonora que poderia ter 3 premissas: jazz, contemporânea e música coral. A partir do universo literário criado por Paul Auster (“City of Glass”, 1985), Daniel Bernardes retrata/recria sonoramente o ambiente noir de um livro, que ao ouvir esta obra fiquei curioso em ler. Sendo que aqui DB parte de um imaginário com base num romance/policial, é importante frisar e recordar o seu trabalho cinematográfico em parceria com João Botelho, do qual destaco a direção musical do filme “Peregrinação”, numa brilhante e arrojada recriação do disco “Por Este Rio Acima”, de Fausto Bordalo Dias - Página Oficial…curiosamente outro vulto da cultura que tal como Paul Auster nos deixou este ano. Destaque final para o incrível e impactante trabalho visual do álbum com fotografia de Beatriz Candeias Rato, Ana Proença, Roberto Correia, Nuno Henrique e design de Sara Sampaio.

Francisco M. Sousa
(Os putos do jazz)
Dez.2024

21/12/2024

No próximo domingo dia 22 às 18h no 𝗠𝗜𝗡𝗔 𝗖𝗿𝗲𝗮𝘁𝗶𝘃𝗲 𝗛𝘂𝗯, despedimos 2024 da melhor forma com uma banda que ocupa um lugar muito especial no nosso coração desde o início da nossa trajetória.
Banda de culto na cena underground portuguesa, os dUAS sEMIcOLCHEIAS iNVERTIDAS partilham da mesma ética DIY e dos mesmos princípios que definem a Dedos Biónicos.
Formados em 2007, os dSCI são conhecidos pelo seu som poderoso e desconcertante, que funde free jazz, noise, punk e improvisação numa experiência sonora única.
Os seus concertos são verdadeiros momentos de intensidade, onde a música ganha uma dimensão performática, imersiva e cheia de energia.
Uma celebração imperdível para encerrar o ano com criatividade e espírito independente!
Bilhetes: 7€ à porta.
dUAS sEMIcOLCHEIAS iNVERTIDAS no MINA - Bragança

10/12/2024

Os Prémios RTP / Festa do Jazz 2024 distinguiram José Soares (Artista do Ano), MOVE (Grupo do Ano), Vera Morais (Artista Revelação) e Maria João (Prémio Mérito).

Começa hoje na Cidade onde Dom Dinis - "O Lavrador" - passava férias a 8°edição de Ponto de Guitarra (Festival de Guitar...
07/12/2024

Começa hoje na Cidade onde Dom Dinis - "O Lavrador" - passava férias a 8°edição de Ponto de Guitarra (Festival de Guitarra em Trás-os-Montes e Alto Douro) com Direção Artística de Paulo Vaz de Carvalho e inserido na programação trimestral do Teatro de Vila Real.

Programa completo da 8.ª edição do Ponto de Guitarra - Festival de Guitarra em Trás-Os-Montes e Alto Douro | 2024.
Direcção artística de Paulo Vaz de Carvalho.

Mais informações em www.teatrodevilareal.com.

Hoje faz anos o Trompetista, Improvisador e Compositor Luís Vicente!👏🎶🎺
06/12/2024

Hoje faz anos o Trompetista, Improvisador e Compositor Luís Vicente!👏🎶🎺

Luís Vicente - trumpetLive at Museu Nacional Machado de Castro, Coimbra, during Jazz ao Centro FestivalVideo by Mediagroundprod, Hugo Sales

Endereço

Vila Real
5000-254

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