The Portugal Times

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judá-las a interpretar e a compreender essa mesma informação. Não deturpamos a realidade em nome de agendas pessoais ou de grupos e queremos estar onde estão as pessoas que lêem, falam e escrevem em português, respondendo com verdade ao que as preocupa e dar-lhes resposta às suas interrogações.

11/27/2025

♔ | Rainha D. Luísa de Gusmão - Figura-chave da Restauração de 1640

D. Luísa de Gusmão, de seu nome completo Luísa Maria Francisca de Gusmão e Sandoval, nasceu em Sanlúcar, Espanha, em 13 de Outubro de 1613 e faleceu em Lisboa, Portugal, em 27 de Fevereiro de 1666. Era filha de Don Juan Manuel Peres de Gusmão, 8º Duque de Medina Sidónia, e de D. Joana Lourença Gomes de Sandoval e Lacerda, filha do 1.º duque de Lerma, o senhor mais poderoso de Huelva y Sanlucar de Barrameda.
Em plena monarquia-dual e união das Coroas de Portugal e Espanha, no início do reinado de Filipe III, então com 16 anos, em 1621, instalou-se em Madrid a política centralista de Gaspar Filipe de Gusmán, Conde-Duque de Olivares, plasmada no seu “Projecto Instrucción sobre el gobierno de Espanha”, de 1625, apontada à obliteração da autonomia portuguesa, abduzindo por completo o Reino de Portugal. O conde-duque de Olivares foi um nobre e político espanhol do século XVII, III conde de Olivares, I duque de Sanlúcar la Mayor, I duque de Medina de las Torres, I conde de Arzarcóllar, I príncipe de Aracena e valido e chanceler do rei Felipe IV da Espanha, III de Portugal. No ponto 1º do seu 'projecto' previa: 'Realizar uma cuidadosa política de casamentos, para confundir e unificar os vassalos de Portugal e de Espanha'.
Assim de acordo com a vontade de Espanha, D. Luísa de Gusmão casou por procuração no início de Janeiro de 1633, e presencialmente, com grande p***a e circunstância, em Elvas, no dia 12 desse mesmo mês, com D. João (II), 8.º Duque de Bragança, que em 29 de Novembro de 1630 sucedera ao mais importante título de nobreza portuguesa e herdara os bens da principesca Sereníssima Casa de Bragança, por morte de seu pai, o 7.º Duque, D. Teodósio. O casamento presencial foi celebrado pelo bispo D. Sebastião de Matos Noronha, ulteriormente arcebispo de Braga. Após a celebração, o Duque celebrou copiosas celebrações, em Vila Viçosa, onde se situa o Paço Ducal. Uma vez que o matrimónio ia ao encontro da vontade do conde-duque de Olivares, como presente de casamento, o chanceler-mor de Felipe IV, restituiu à casa de Bragança o ducado de Guimarães, assim como outras prerrogativas que lhe haviam sido abduzidas aquando da União dos dois Reinos.
Apesar de ser espanhola de nascimento, as suas ambições políticas levaram-na a influenciar o marido no sentido de se opor ao domínio filipino em Portugal, e, D. Luísa de Gusmão teve um papel fundamental na Restauração de 1640. Apesar de suas raízes, a Duquesa apoiou o coup dos Conjurados e foi determinante na aceitação de D. João do Trono português. É dito que, ao ser alertada sobre os perigos de se tornar rainha de um país que enfrentaria o poder da Espanha, ela pronunciou as famosas palavras: 'que tinha por mais acertado morrer reinando, que acabar servindo', palavras que o tempo parafraseou para 'antes ser Rainha uma hora, do que Duquesa toda a vida'.
Saíram pois goradas, as intenções do 'ministro' Gaspar Filipe de Gusmán, pois a duquesa orientou as políticas de seu marido durante a revolução portuguesa contra a Espanha dos Habsburgos, em 1640, e D. Luísa é considerada a principal influência por trás da aceitação do trono português por seu marido.
Concretizada a revolução do Primeiro de Dezembro, D. João IV ruma a Lisboa, onde entra no dia 6, sendo Aclamado rei perante os Três Estados em 15 desse mesmo mês. A rainha D. Luísa de Gusmão entrou em Lisboa a 21 de Dezembro, acompanhada pelo seu filho, o príncipe D. Teodósio e pelos Infantes D. Afonso, D. Joana e D. Catarina. O bom Povo português não estranhou a Rainha, e recebeu-a entusiasticamente, pois apesar de ser espanhola era notório quanto D. Luísa contribuiu para o seu marido aceitar a Coroa de Portugal, e, por isso, dedicou-lhe as maiores manifestações de agrado.
O seu papel de poder por detrás do trono, intensificou-se, e, quando foi informada de uma tentativa fracassada de assassinar o Rei em 1641, diz-se que D. Luísa foi um dos membros da Corte que apoiou a execução dos nobres conspiradores como o Duque de Caminha.
D. Luísa sofre um grande desgosto por morte prematura do filho primogénito D. Teodósio, com apenas 19 anos, em 15 de Maio de 1653, e com a qual o Infante D. Afonso, se torna herdeiro do trono.
Com a morte de D. João IV, em 1656, por testamento deixa a rainha sua mulher como tutora e curadora dos seus filhos, e regente do reino durante a menoridade de D. Afonso. O filho D. Afonso VI (1643-1683) que era diminuído física e mentalmente, devido a doença infantil, joguete dos irmãos Conti, dois genoveses que eram seus validos, e que desde a infância se lhe haviam colado, quis assumir a governação com 13 anos, mas, D. Luísa de Gusmão afasta-o da governação e toma a seu cargo a regência do reino. Durante a regência, a rivalidade entre cortesãos levou-a a nomear a chamada Junta Nocturna, constituída por vários conselheiros da sua confiança. Como viúva de D. João IV, ela defendeu os princípios de liberdade e independência da restauração e manteve-se no governo, receosa de que o filho mais velho comprometesse esses princípios.
Em 1661, a Rainha regente D. Luísa de Gusmão, digníssima viúva d’El Rei Dom João IV, o Restaurador, declarou em Cortes o contrato nupcial, aprovado pelo Conselho de Estado, do casamento da Infanta Dona Catarina Henriqueta de Portugal com o Rei Carlos II de Inglaterra. Seguiu-se um contrato de paz, com artigos muito curiosos, publicado no Gabinete histórico, de Frei Cláudio da Conceição, onde vem a descrição do real consórcio:

«0 nosso augusto Soberano Lorde Carlos II, pela Graça de Deus, rei da Grã-Bretanha, França e Irlanda, Defensor da Fé e a Ilustríssima Princesa D. Catarina, Infanta de Portugal, filha do falecido D. João IV, e irmã de D. Afonso, presente rei de Portugal, foram casados em Portsmouth na quinta-feira, vigésimo segundo dia de Maio, do ano do N. Sr. de 1662, 14.º do reinado de SM, pelo R. R. F. in G. Gilbert, Bispo Lorde de Londres, Deão da Real Capela de Sua Majestade na presença de grande parte da nobreza dos domínios de Sua Majestade e da de Portugal.»

Durante os seis anos de regência, D. Luísa encarou o maior esforço da guerra da Restauração com Espanha; alcançando-se nesse período as vitórias nas batalhas das linhas de Elvas e de Monte Claros, embora muito pela liderança do Condestável, o Marquês de Marialva. Deixou ainda obra, pois D. Luísa de Gusmão fundou em Lisboa o colégio dos irlandeses ao Corpo Santo; o convento de Corpus Christi, de carmelitas descalços; e no sítio do Grilo o mosteiro de religiosas da mesma ordem.
D. Luísa, está já por esta altura, de fim de regência, dominada pelo frade holandês Frei Domingos do Rosário, e, em 1661, farta das habilidades dos áulicos da Corte e tendo D. Afonso completado 18 anos de idade, quis largar a regência, mas o conselho de Estado insiste com a Rainha-regente para que se mantenha no poder, temendo que o novo rei, ao assumir o governo, atribuísse os principais cargos do Estado aos irmãos Conti. A Rainha anui, mantem-se na regência e desterra os dois irmãos genoveses para o Brasil.
Mas a 26 de Junho de 1662, num golpe palaciano, D. Afonso VI instigado por um grupo de nobres chefiados pelo conde de Castelo Melhor, pelo conde de Atouguia e por Sebastião César de Meneses, assume todos os poderes; D. Luísa de Gusmão discorda, mas não recusa, e, entrega a regência, mas continua a viver no Paço, até que, em 1663, o Conde de Castelo Melhor a afasta definitivamente para o convento do Grilo, em Xabregas. No seguimento, o casamento de D. Afonso VI com Maria Francisca Isabel de Saboia, Mademoiselle d’Aumale celebra-se por procuração em 27 de Junho de 1666, mas não se consuma. Apesar do Rei 'Vitorioso' ter consolidado a Independência, a impossibilidade de gerar descendência assusta a Família Real e a Nobreza, pois a Independência tão recente poderia periclitar.
D. Luísa de Gusmão faleceu em Lisboa, Portugal, em 27 de Fevereiro de 1666.
A 23 de Novembro de 1667, D. Afonso VI abdicou do poder em favor do irmão. A 24 de março de 1668, o seu casamento foi anulado e o rei desterrado para Angra do Heroísmo. D. Pedro II, "o Pacífico", serve a Nação, como regente do irmão, o Rei Afonso VI, a partir de 1668 até à ascensão ao trono como Rei de Portugal e Algarves em 1683.

Miguel Villas-Boas | Plataforma de Cidadania Monárquica

11/26/2025

No dia em que o P*P perdeu o combate final
Há forças políticas que tudo fazem para que os portugueses se esqueçam do 25 de Novembro de 1975, porque pretendiam impor uma ditadura comunista em Portugal e foram travados por militares e políticos responsáveis. Mas não nos devemos esquecer que os ideais do 25 de Abril morreriam se a extrema-esquerda tomasse o poder.
Por isso deixo aqui um fragmento do livro: "Brejnev, Cunhal e 25 de Abril", por mim publicado em 2013 na D. Quixote:
"Ainda antes da viagem de Francisco Costa Gomes à URSS, o CC do PCUS enviou a Lisboa, em setembro de 1975, Vadim Zagladin, um alto funcionário da Secção Internacional desse partido, a fim de aconselhar Álvaro Cunhal a não radicalizar a situação, ou seja, a renunciar à tomada do poder através da «revolução socialista».
Anatoli Tchernaiev [quadro responsável do PCUS], assinala, no seu diário, a 11 de setembro de 1975: «Estou a trabalhar há uma semana. Leio muito sobre a social-democracia e sobre Portugal. Zagladin foi enviado para esse país com uma missão especial, enviou três telegramas. A sua tarefa (directivas do CC) consistia em “sugerir” a Cunhal “não esquerdizar”, parar, talvez mesmo recuar, para reunir forças. A política para chegar ao poder através dos militares falhou. Pelos vistos, faltou à táctica leninista alguns elementos substanciais».
Esta visita foi confirmada mais tarde pelo próprio Vadim Zagladin, funcionário da secção Internacional do CC do PCUS, quando o entrevistei para o jornal Público: «Em 1975, havia muitos indícios de que nalguns círculos, nomeadamente militares pró-comunistas, amadurecia a ideia de uma segunda revolução, mas, segundo a nossa embaixada e os nossos analistas, não havia condições para esse desenvolvimento. Nesse período, nós e os nossos camaradas comunistas portugueses não tínhamos ideias muito correctas sobre os socialistas. Considerávamo-los como uma espécie de papão. Mas tínhamos a noção de que, se a segunda revolução começasse, ninguém sabia como as coisas iriam terminar. Não se tratava de saber se a União Soviética apoiaria ou não. Tratava-se da democracia portuguesa e receávamos que, se essa tentativa se concretizasse, as forças do passado pudessem de novo regressar.
Em Portugal, encontrei-me não só com comunistas mas com socialistas, sindicalistas, militares, porque a minha tarefa era estudar a situação. As instruções que tinha da direcção soviética, no caso de se levantar a hipótese da segunda revolução, eram de defesa da ideia do desenvolvimento democrático assente na cooperação com todas as forças de esquerda. Foi o que fiz.» O funcionário da Secção Internacional do CC do PCUS relata um caso curioso que demonstra que, nalguns sectores da esquerda, a intenção era repetir a revolução comunista soviética: «Em Lisboa, tive um encontro informal com um militar, cujo nome não recordo, que me pôs uma questão que, confesso, me deixou assustado: “Poderemos fazer a segunda revolução se a esquadra soviética do Mediterrâneo bloquear o litoral português?” […] sei que não era um militar de alta patente, mas compreendi que estava ligado à direcção do MFA, e penso que a iniciativa não partiu dele. Respondi-lhe: “Imagina o que isso significa?” Em Lisboa havia uma base da NATO, no Tejo estavam ancorados navios de guerra ocidentais. “Quer que combatamos contra eles? Depois de um confronto desses nada restará da vossa revolução».
É igualmente importante assinalar a forma como, segundo o funcionário soviético, a direcção do P*P reagiu às posições soviéticas: «Tive conversas pormenorizadas com Álvaro Cunhal e outros camaradas, que me ouviram com muita atenção. Cunhal fez-me muitas perguntas, a fim de precisar a nossa posição. É sabido que não aconteceu nada […]. sei mesmo que, no fim da minha estadia, houve uma reunião e que, depois, durante um jantar, Cunhal ou [Octávio] Pato – já não me recordo exactamente – disse-me: “Transmita a Moscovo as suas observações e opiniões. Pensamos que a posição do vosso CC é muito ponderada e continuaremos a estudar o assunto».

11/26/2025
11/26/2025

♔ | Dr. João Pinto Ribeiro - O Cérebro da Restauração da Independência

O Doutor João Pinto Ribeiro (1590-1649) foi um dos mais eminentes Conjurados de 1640, e a figura chave da Restauração da Independência. Diligente intermediário entre os conjuradores que se reuniam no Palácio dos Almadas e D. João (II), Duque de Bragança, a quem administrava os negócios da Casa, João Pinto Ribeiro desempenhou um papel decisivo na Conjuração pois foi determinante a convencer o hesitante Duque de Bragança a aceitar a Coroa portuguesa e o Trono dos seus maiores. Recorde-se que se não aceitasse a Coroa como futuro D. João IV, a Restauração ocorreria na mesma e Portugal teria um governo sob a forma de uma República Aristocrática, a exemplo da Veneza da altura.
João Pinto ribeiro foi um dos que invadiram o Paço da Ribeira, o dito grupo patriótico dos 40 e tal Conjurados, como D. Antão de Almada - Conde de Avranches -, D. Miguel de Almeida – o de maior idade -, Francisco de Mello e seu irmão Jorge de Mello, António Saldanha, Pedro de Mendoça Furtado, Fernão Telles de Menezes, D. Manrique da Silva, Bernardim de Távora, entre outros.
Junto ao Paço, a João Pinto Ribeiro, perguntando-lhe um transeunte, seu conhecido, 'aonde vão, Vossas Mercês?', respondeu com um sorriso: 'Não se altere. Chegámos ali abaixo à sala real, e é um instante enquanto tirámos um rei e pomos outro'. O amigo logo se juntou, ao Doutor e companhia, na missão.
Às 9h00m certas, invadiram o palácio da Vice-rainha, a Duquesa de Mântua, e dominaram-lhe, facilmente a Guarda Alemã. Os Conjurados subiram a escadaria e defenestraram Miguel de Vasconcellos.
Depois, os Conjurados proclamaram “Rei” Dom João II de Bragança, aos gritos de:

"Liberdade! Liberdade! Viva El-Rei Dom João IV!”

João Pinto Ribeiro era filho de Manuel Pinto Ribeiro, Senhor da Casa de Frariz, Capitão-Mor do Concelho de Gestaço, natural de Amarante e de Helena Gomes da Silva. Formou-se na Universidade de Coimbra (1607-1617) com o grau de bacharel em Direito-Canónico, notabilizando-se depois como jurisconsulto.
O Cérebro da Restauração foi, ainda, Cavaleiro da Ordem de Cristo, Juiz de fora das Vilas de Pinhel e Ponte de Lima, Administrador dos negócios da Casa de Bragança e seu agente em Lisboa, Agente da Aclamação de D. João IV, Comendador de Santa Maria de Gimunde na Ordem de Cristo, do Conselho de Sua Majestade, Contador-Mor das Contas do Reino, Desembargador Supranumerário da Mesa do Desembargo do Paço, Guarda-Mor da Torre do Tombo.
O Dr. João Pinto Ribeiro autor de "Discorso dell' vsurpatione retentione e ristoratione del Regno di Portogallo" foi, também, decisivo no tipo de Monarquia que foi restaurada, a orgânica - tipicamente portuguesa -, proclamando que:

‘A Monarquia vale por virtude própria, independentemente da figura que a encarna.’

Miguel Villas-Boas | Plataforma de Cidadania Monárquica

11/26/2025

Ainda dominam aqueles que consideram que a celebração do 25 de Novembro de 1975 não tem sentido, tanto mais num momento em que o PS está em "lua de mel" com o P*P e ainda espera algum apoio do BE para a aprovação do orçamento.
Passaram-se 45 anos e ainda há muitos que não querem aceitar que o 25 de Abril de 1974 de pouco teria valido sem o 25 de Novembro, que travou a tentativa de empurrar Portugal para uma ditadura comunista.
Alguns dos nossos académicos afirmam que o P*P e os seus aliados não queriam tomar, tese extremamente duvidosa tem em conta o "carácter revolucionário" dessa força política.
A valentia de militares sensatos como o General RAMALHO EANES e outros não pode ser esquecida.
Estou convencido que, um dia, e não está distante, o 25 de Novembro de 1975 será celebrado com a mesma importância do 25 de Abril de 1974.
Este ano, os cobardes podem esconder-se por detrás da pandemia, mas a verdade histórica acabará por afirmar-se e nas nossas cidades, vilas e aldeias, aparecerão ruas, avenidas e rotundas com o nome de 25 de Novembro de 1975 ou dos seus heróis. Ele não deverá substituir a memória do 25 de Abril, mas reforçá-la.

Na foto: Álvaro Cunhal conversa com Leonid Brejnev. Os soviéticos não queriam uma "revolução socialista" e Cunhal teve de obedecer, pois, caso contrário, secaria a fonte dos financiamentos soviéticos. O terceiro homem sentado à mesa do lado de Brejnev é Vadim Zagladin, alto funcionário do Partido Comunista Soviético, que, em Setembro de 1975, veio a Portugal dar instruções claras ao P*P para que não se pusesse em aventuras.

P.S. Quem estiver interessado em compreender este período pode fazê-lo através da leitura do meu livro "Cunhal, Brejnev e 25 de Abril".

11/26/2025
11/25/2025

♔ | 25 de Novembro de 1638 - Nasce D. Catarina de Bragança Que Levou o Chá (e muito mais) para Inglaterra

A 25 de Novembro de 1638 nasceu, em Vila Viçosa, D. Catarina Henriqueta de Bragança, Infanta de Portugal e Rainha consorte do Reino da Inglaterra, Reino da Escócia e Reino da Irlanda de 1662 até 1685, ao casar, em 1662, com o Rei Carlos II e que foi responsável pela introdução, em Inglaterra, do chá e muito mais.
Em 1661, a Rainha regente D. Luísa de Gusmão, digníssima viúva d’El Rei Dom João IV, o Restaurador, declarou em Cortes o contrato nupcial, aprovado pelo Conselho de Estado, do casamento da Infanta Dona Catarina Henriqueta de Portugal com o Rei Carlos II de Inglaterra. Seguiu-se um contrato de paz, com artigos muito curiosos, publicado no Gabinete histórico, de Frei Cláudio da Conceição, onde vem a descrição do real consórcio:

«0 nosso augusto Soberano Lorde Carlos II, pela Graça de Deus, rei da Grã-Bretanha, França e Irlanda, Defensor da Fé e a Ilustríssima Princesa D. Catarina, Infanta de Portugal, filha do falecido D. João IV, e irmã de D. Afonso, presente rei de Portugal, foram casados em Portsmouth na quinta-feira, vigésimo segundo dia de Maio, do ano do N. Sr. de 1662, 14.º do reinado de SM, pelo R. R. F. in G. Gilbert, Bispo Lorde de Londres, Deão da Real Capela de Sua Majestade na presença de grande parte da nobreza dos domínios de Sua Majestade e da de Portugal.»

Dona Catarina não foi uma rainha popular em Inglaterra pois não teve descendência e, também, por ser católica - o que a impediu de ser coroada -; mas uma Infanta de Portugal nascida e criada na Corte mais rica da Europa - enriquecida pelo espólio da Sereníssima Casa de Bragança que D. João IV transferiu do Paço Ducal de Vila Viçosa para o até então austero Paço da Ribeira -, no seio de uma família real ilustrada e culta; educada nos costumes e hábitos tradicionais portugueses e em toda a mundividência do admirável mundo novo descoberto pelas Caravelas e Naus portuguesas, não podia deixar de ter uma influência indelével na nação que, apesar de tudo, a não acolhera. Assim, entre muitos hábitos e práticas que levou, Dona Catarina, ficará, para sempre, como a responsável pela introdução do chá em Inglaterra. De facto, Dona Catarina levou como dote os territórios de Bombaim (actual Mumbai) e Tânger – ganhando assim a Inglaterra o início de um Império -, mas muito mais.
Natural da China, o Chá foi introduzido na Europa pelos portugueses no século XVI. Assim, este foi um hábito que Dona Catarina levou de casa e que continuou a seguir em Inglaterra, organizando reuniões de senhoras a meio da tarde na qual se bebericava a famosa e reconfortante bebida.
O hábito de beber chá já existiria, num período em que a Companhia das Índias Orientais o estava a vender abaixo do preço comercializado pelos Holandeses e o anunciava como uma panaceia para a apoplexia, epilepsia, catarro, cólica, tuberculose, tonturas, pedra, letargia, enxaquecas e vertigem – um verdadeiro cura tudo e mais alguma coisa -, mas foi Dona Catarina de Bragança que o transformou na "instituição" que os ingleses hoje conhecem por “Chá das Cinco”, o tão famoso quanto imprescindível "five o'clock tea". Bom, na realidade o chá não era tomado às cinco, mas sim às quatro, e o nome Chá vem da planta com o mesmo nome e que os portugueses transportavam por rotas terrestres, e, em Inglaterra, começou por ser chamado de Chai e só a partir do século XIX tenha sido denominado Tea. Há uma teoria engraçada de que TEA é um acrónimo oriundo do português referindo-se ao nome dos barcos que o transportavam e que eram chamados de 'Transporte de Ervas Aromáticas'; mas não, o Tea é uma corruptela de Thay, o nome que os holandeses davam à planta que transportavam via marítima e que os ingleses adoptaram e depois modificaram a grafia.
Acresce que, o consumo deste produto era apanágio das esferas mais altas da sociedade. Em consequência, também, surgiu a expressão: “Ter falta de chá!”, dirigida a alguém que não tem educação ou que não tem maneiras, uma vez que o chá era originariamente consumido por famílias nobres, presumidamente mais sofisticadas. Hoje, claro que numa sociedade burguesa e plutocrata, em que o dinheiro é o mote, não está garantido que haja na alta-roda muito chá, até porque podem-no não ter tomado em pequeno!
Assim, Dona Catarina de Bragança deixou pelo menos a Inglaterra a rotina de beber chá que se tornou um dos hábitos tipicamente britânicos, mas que não foi o único: deixou, também, o costume do consumo da geleia de laranja. A compota de laranja que os ingleses designam de “marmalade”, usando, erroneamente, o termo português marmelada, foi levada pela Infanta portuguesa que recebia regularmente as remessas de cestas de laranjas enviadas pela mãe D. Luísa de Gusmão, algumas das quais azedavam na viagem. Dona Catarina conservara o costume português de fazer compotas e, curiosamente, a Rainha de Inglaterra servia a sua vingançazinha ao guardar a compota de laranjas doces para si, para as suas damas de companhia e amigas e a de laranjas amargas para as inimigas, particularmente, para as concubinas de Carlos II.
Mas a revolução cultural que Dona Catarina, Infanta de Portugal e Rainha de Inglaterra, operou na Corte inglesa não ficou por aqui. Também lá introduziu o uso dos talheres – pois antes disso os ingleses, mesmo a realeza e a aristocracia mais fina, comiam com as mãos, levando os alimentos à boca com três dedos (polegar, indicador e médio) da mão direita. Apesar de o garfo já ser conhecido só era usado para trinchar ou servir, ora na Corte Portuguesa, que à época ditava o bem ser, Catarina estava habituada a utilizá-lo para levar os alimentos à boca e, em breve, todos começaram a seguir o exemplo da Rainha portuguesa de Inglaterra.
Também foi Dona Catarina a introduzir o tabaco em Terras de Sua Majestade e em breve todos os ingleses passaram a andar de caixinha de rapé no bolso do colete.
Há já muito tempo que, em Portugal, se utilizavam pratos de porcelana para comer, ora em Inglaterra, ainda comiam em pratos de ouro ou de prata, muito menos higiénicos e que não conservavam a refeição quente; ora com a Infanta de Portugal a utilizar a ‘fine china', a partir de aí, o uso de louça de porcelana generalizou-se, também, por lá.
Era hábito na Corte portuguesa os saraus em que se ouvia ópera, ora como Dona Catarina levara no seu séquito uma orquestra de músicos portugueses, foi por sua mão que se ouviu a primeira ópera em Inglaterra, legando dessa forma mais uma importante herança cultural.
E não é que a Infanta e Rainha da Casa de Bragança ainda lançou moda para equitação e, pela sua perícia com o arco e setas, foi designada patrona da Honorable Company of Bowmen.
Mas a sua vida foi muito difícil em Inglaterra, pois foi o alvo das querelas e conspirações entre católicos e protestantes. Estes últimos tentaram por várias vezes obrigar o rei a divorciar-se, apoiando-se na infecundidade da rainha (teve quatro partos prematuros). Carlos II não cedeu, todavia, mostrando sempre grande amizade pela esposa (que o converteu ao Catolicismo), apesar de ter tido inúmeras amantes e quinze bastardos tendo chegado ao ponto de nomear para dama da rainha uma sua amante, Barbara Palmer, que depois elevou a Duquesa de Cleveland.
Mas, D. Catarina não foi uma rainha popular em Inglaterra, sobretudo, por ser católica, o que a impediu de ser coroada. A rainha foi mesmo um alvo especial de ataque pelos inventores da Trama Papista. A Trama Papista foi uma conspiração fictícia que ocorreu na Inglaterra, em 1678. A conspiração foi inventada por um homem chamado Titus Oates, que afirmou que havia um plano para assassinar o rei Carlos II e colocar seu irmão católico, James, no trono . Oates acusou muitos católicos, incluindo a rainha consorte Catarina de Bragança, de estarem envolvidos na conspiração . A conspiração foi amplamente divulgada pela imprensa e levou a uma onda de histeria anti-católica, em Inglaterra. A conspiração foi finalmente desmascarada como uma fraude, mas não antes de muitos católicos terem sido presos e executados.
D. Catarina enviúva, em 16 de fevereiro de 1685 - diz-se que o Rei Carlos II morreu reconciliado com a mulher e um devoto católico -, e permaneceu em Inglaterra, ainda 9 anos, durante o reinado do cunhado Jaime II e regressou a Portugal no reinado conjunto de Guilherme III e Maria II, depois da Revolução Gloriosa. Partiu de Inglaterra no fim de 1692, de Somerset-House acompanhada por uma comitiva de cento e vinte pessoas e chegou a Portugal em 1693.
A Revolução Gloriosa foi um movimento político que ocorreu na Inglaterra em 1688. Foi um movimento impulsionado pelo Parlamento e o príncipe Guilherme de Orange contra a proteção do rei Jaime II à religião católica. A Revolução Gloriosa é considerada o fim da Revolução Puritana. O objetivo principal da revolução era limitar o poder do monarca e estabelecer um governo mais democrático. O rei James II foi deposto e substituído por William III e Mary II, que concordaram em governar com o consentimento do Parlamento. A Revolução Gloriosa propiciou várias mudanças na Inglaterra: A Igreja Anglicana se consolidou como a igreja oficial do Estado; Os católicos foram afastados da vida pública; Outras formas de protestantismo não seriam toleradas. Igualmente, surgiu uma nova forma de governo - a chamada monarquia parlamentar em detrimento do absolutismo. Deste modo é aprovado o Bills of Rights (Declaração dos Direitos), documento que garante: o poder do Parlamento frente ao soberano, veto aos católicos ascenderem ao trono e à posições privilegiadas. A Revolução Gloriosa é um marco da Idade Moderna, pois representou a consolidação do poder parlamentar e o fim do absolutismo monárquico.
Dona Catarina de Bragança, embarcou, por fim, para Lisboa em 29 de Março de 1692 e percorreu França e Espanha, entrando pela província da Beira. Entrou em Lisboa em 20 de janeiro de 1693, recebida entre aclamações do povo, indo D. Pedro II esperá-la ao Lumiar, e conduzi-la ao palácio de Alcântara. Em sua honra foi dada uma Festa que durou 3 dias.
D. Catarina mudou a residência para o palácio do conde de Redondo, a Santa Marta; e ainda mais uma série de vezes: mais tarde ainda foi morar para o palácio dos condes de Soure à Penha de França, e depois no palácio do conde de Aveiras, hoje, paço Real de Belém, pela compra que dele fez D. João V aos fidalgos. Como desejava ter casa sua, resolveu-se a construí-la. O Campo da Bemposta era pouco povoado, tinha terrenos espaçosos, ar saudável e grandes pontos de vista. Os terrenos para o palácio e para a quinta foram comprados a diversos proprietários. Nasceu assim o Paço da Bemposta, conhecido como Paço da Rainha, onde residiu até falecer. No paço recebeu a rainha viúva a visita de dom Carlos, Duque de Áustria, em 1701. Ali tratava todos os negócios do Estado nas duas vezes em que foi regente do reino; a primeira quando em maio de 1704 D. Pedro II partiu para a Beira, à frente do exército, com o arquiduque de Áustria e das tropas aliadas, para dar começo à guerra da sucessão de Espanha. A segunda, algumas semanas em 1705, por motivo de el-rei ter adoecido gravemente. Legou todos os bens ao rei seu irmão.
Morreu em Lisboa em 31 de dezembro de 1705 no palácio do Campo Real ou Bemposta. Enterrada no real convento de Belém ou Igreja dos Jerónimos, o seu corpo foi depois trasladado para o panteão dos Braganças em São Vicente de Fora.
E haveria Império britânico sem o fabuloso dote de Dona Catarina de Bragança que para além da uma exorbitante quantia em dinheiro incluía ainda a cidade de Tânger, no Norte de África e a ilha de Bombaim, na Índia?! Pergunta retórica, que precisa resposta não é, pois foi depois de receber a importante e estratégica Bombaim dos portugueses, que o monarca inglês Carlos II autorizou a Companhia das Índias Orientais a adquirir mais territórios, nascendo, desse modo, o Império Britânico.
Por último, deram o seu nome a um bairro da Colónia de Nova Iorque (ainda não existiam os EUA), Queens, onde existe uma estátua de D. Catarina de Bragança.

Miguel Villas-Boas | Plataforma de Cidadania Monárquica

11/24/2025

♔ | A Revolta do Manuelinho - A Caminho da Restauração

A Revolta do Manuelinho ou Alterações de Évora foi um movimento de cariz popular ocorrido no Alentejo, durante a dominação Filipina. Contestava o aumento de impostos e as precárias condições de vida da população provocadas pela governação castelhana.
Ainda antes desta revolta eclodiram outras insurreições, pois a governação dos Filipes, a partir de Filipe III e da política do seu secretário de estado o Conde-Duque de Olivares, transformara-se em despotismo e os portugueses serviam-lhes unicamente para serem visitados pelo cobrador de impostos, pouco mais sendo do que uma Província de Espanha. Este confisco em nada beneficiava o nosso País, pois o tributo não era repartido para fruir as necessidades e premências de Portugal e o bem comum dos naturais, mas ajudavam tão só a custear as despesas do Império espanhol e das suas guerras.
Foi sobretudo esta política fiscal que abriu o caminho para a Restauração. Ainda, em 1628, aconteceu o Motim das Maçarocas, no Porto, revolta contra o imposto do linho fiado.
Mas sem dúvida que o mais importante movimento, que antecedeu a revolução em si, foi o das Alterações de Évora que principiou na cidade a 21 de Agosto de 1637, quando o Povo se sublevou contra o aumento de impostos decretado pelo governo da Vice-Rainha – a Duquesa de Mântua -, em Lisboa, que tiveram origem no aumento do imposto do real de água, assim como o aumento do imposto da Sisa elevado para 25%. A elevação do imposto do real de água e a sua extensão a todo o Reino de Portugal, bem como o aumento da antiga Sisa, generalizou a ira do Povo, o que estourou em contestação e violência.
Quanto às Alterações de Évora, apesar da revolta ter sido instigada pelo Procurador e pelo Escrivão do Povo - acicatados ainda pelo imposto da meia-anata -, numa manobra para manter o anonimato dos impulsionadores, as ordens para a marcha da insurreição surgiram assinadas pelo ‘Manuelinho’, um pobre demente da cidade alentejana. As Alterações de Évora contagiariam todo o País e alastraram a Sousel, Crato, Santarém, Tancos, Abrantes, Vila Viçosa, Porto, Viana do Castelo, Bragança, Beira e Algarve.
No decurso da revolta foram incinerados os livros dos assentos das contribuições reais e assaltadas algumas casas da nobreza afecta aos Filipes. Os nobres pró-Castela não ousaram enfrentar a multidão enfurecida.
Desta forma, o descontentamento já era transversal a toda a Comunidade portuguesa com ânsias de Independência, juntando o Povo ao escol da Nobreza portuguesa e ao Clero.
Estava-se assim, a caminho da Restauração.

Miguel Villas-Boas | Plataforma de Cidadania Monárquica

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